Voluntariado em risco? Implicações
Assisti, no dia 25 de Fevereiro, à cerimónia de apresentação da 3ª Equipa de Intervenção Permanente (EIP) que foi constituída nos Bombeiros das Caldas das Taipas, presidida do Sr. Ministro da Administração Interna, presença que deve orgulhar-nos a nós, todos os Taipenses, mas que acima de tudo prestigia a grande instituição que são os nossos Bombeiros Voluntários que desde sempre, pela sua qualidade e prestígio, elevaram o nome de Caldas das Taipas pelo País e pelo Mundo!
O que mais me chamou à atenção, dos vários discursos que lá foram proferidos, e me fez refletir no assunto posteriormente, foi o tema do voluntariado. É unânime que vivemos uma crise de voluntariado e que é necessário criar condições para que a população volte a ter o gosto pelo voluntariado. Sim, porque o voluntariado é um gosto que fica para quem o pratica!
E quando falo em voluntariado, e a reflexão que fiz, não tem apenas, ou quase nada, a ver com Bombeiros, porque esses são, na minha opinião, o expoente máximo desse ato tão altruísta de ser voluntário. Falo também do voluntariado nas associações, sejam elas culturais ou desportivas, nas ONG, nos dadores de sangue, nas paróquias, ou em último recurso até na própria freguesia.
Fazendo uma retrospetiva das atividades que se fazem na comunidade, nenhuma delas praticamente se realiza sem o apoio de voluntários, podendo dizer até que a maior parte delas são realizadas na totalidade pelos mesmos!
A reflexão a fazer deve ser agora a de perceber porque é que isto está a acontecer. E podem ser várias as razões do desinteresse das pessoas pelo voluntariado, sendo que a vida preenchida que as pessoas têm com os seus afazeres pode ser uma delas, mas não é, na minha opinião, o principal. A causa maior para a perda de voluntários tem com o facto do julgamento fácil e descuidado que hoje em dia é feito pela sociedade. Qualquer pessoa se acha no direito de criticar, mas fazendo uma auto avaliação da sua conduta de voluntário nada tem a mostrar.
Se fosse obrigatório não seria voluntário, mas todas as pessoas deviam, em alguma fase das suas vidas, prestar serviço à comunidade. Todos perceberiam melhor o que estou a falar.
Uma das soluções apontadas pelos responsáveis foi a criação de benesses e ajudas sociais para os voluntários, ajudará e será muito importante, mas não resolverá.
A falta de pessoas disponíveis para a colaboração na sociedade fará com que muita da nossa cultura e da nossa atividade social desapareça, mas naquelas que são imprescindíveis, como os Bombeiros para o nosso socorro, será o erário público que terá de suportar custos de muitas das atividades até agora realizadas por voluntários.
[Artigo originalmente publicado na edição de março do Jornal Reflexo]