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Um tratamento “inovador” para a sua saúde

Tiago Martinho
Opinião \ quinta-feira, maio 25, 2023
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Um dos problemas principais com a falta de sono é que o corpo se habitua a essa privação e não nos apercebemos deste impacto negativo.

Os investigadores encontraram um tratamento que prolonga a vida. Este método melhora a memória e aumenta a criatividade. Torna a pessoa mais atraente e diminui a vontade de comer. Protege contra o cancro, a demência e o Alzheimer. Previne constipações e gripes. Diminui o risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais, além de reduzir a probabilidade de diabetes. Sentir-se-á mais feliz, menos deprimido e com menor ansiedade. Tem interesse?

No livro “Porque dormimos: Revelando o poder do sono e dos sonhos” o autor Matthew Walker explica que esse tratamento é simplesmente uma boa noite de sono. Se fosse um novo produto no mercado esgotaria instantaneamente. Então porque normalmente não damos a devida prioridade a algo tão essencial para a nossa saúde?

Um dos problemas principais com a falta de sono é que o corpo se habitua a essa privação e não nos apercebemos deste impacto negativo. É como estar habituado a ver uma televisão antiga e só quando vemos uma nova é que nos apercebemos da falta de qualidade da anterior. A falta de sono é tão crítica para a nossa saúde que é proibida pelo livro de recordes da Guinness, por outro lado é aceitável saltar sozinho da estratosfera a mais de 1300km/h desde um balão de hélio, como fez Felix Baumgartner em 2012.

Se queremos desfrutar dos benefícios do sono, que tipo de intervenções podemos fazer? E como pode a tecnologia ajudar-nos? Podemos começar de maneira gradual, desenvolvendo uma boa higiene do sono. Uma boa noite de sono começa logo ao acordar. Devemos nos expor à luz solar ao acordar e evitar qualquer tipo de estimulante, como o café ou tabaco. A exposição à luz controla a produção de melatonina, que nos ajuda a regular o ciclo de sono. Por isso, antes de ir para a cama, é boa ideia reduzir a luminosidade em casa, minimizando a utilização de ecrãs ou até mesmo usando óculos que bloqueiam a luz azul. Também devemos permitir-nos tempo suficiente na cama para dormir 8 ou 8 horas e meia, ou seja, pelo menos 9 ou 9 horas e meia. O quarto deve estar escuro, fresco e silencioso. Deve ser tão escuro que não conseguimos ver a nossa mão à frente dos olhos. Podemos conseguir isso com cortinas opacas ou, se for impossível, com uma máscara para cobrir os olhos. A temperatura ideal varia de pessoa para pessoa, mas geralmente mais fresco é melhor. Em termos de silêncio, se não podemos controlar o ambiente, tampões de ouvido podem ser a solução.

Para melhorar podemos medir a performance do nosso sono com anéis inteligentes, como por exemplo o Oura, que mede diferentes parâmetros do nosso corpo, como temperatura, ritmo cardíaco e oxigênio no sangue, para perceber quão bem descansamos e dar sugestões, e até mesmo descobrir se estamos doentes mesmo antes de ter sintomas, ou pulseiras como o Whoop, que permitem encontrar correlações entre certos comportamentos diários e a nossa qualidade de sono.

Depois há colchões, como o eight sleep, que controlam a temperatura ideal da cama, com duas temperaturas diferentes se dormimos em companhia. Não só em base à temperatura ambiente, mas também à temperatura do nosso corpo e relacionado com as métricas dos wearables anteriores.

A importância de uma boa noite de sono não pode ser subestimada. Ao adotar algumas das práticas de higiene do sono e com as tecnologias disponíveis, começando na fase que estamos e iterando a partir daí, podemos começar hoje a desfrutar de benefícios surpreendentes para a nossa saúde física e mental. Cuide de si mesmo e durma melhor para desfrutar de uma vida mais saudável e feliz.