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Soldado taipense na Campanha do Alentejo da Guerra da Sucessão de Espanha

António José Oliveira
Opinião \ quinta-feira, março 15, 2018
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Filho legítimo de Francisco Ribeiro e de Catarina Francisca moradores no lugar da Quintã, de São Tomé de Caldelas, nasceu e foi imediatamente batizado no mesmo dia, a 8 de julho de 1691.

Ao desenvolvermos a nossa pesquisa no Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, nos últimos vinte anos, com vista ao estudo da História de Arte vimaranense nos séculos XVI a XVIII, compulsámos documentação que julgamos de interesse para a história das Caldas das Taipas. Consultando os livros de óbitos relativos à freguesia de São Tomé de Caldelas, deparamo-nos com um soldado natural de Caldas das Taipas, que morreu em 1709. Trata-se de Manuel Ribeiro, solteiro, filho de Francisco Ribeiro e de Catarina Francisca moradores no lugar da Quintã, da freguesia de São Tomé de Caldelas. Este carpinteiro taipense, que conseguimos extrair do anonimato, faleceu há 309 anos durante a Campanha do Alentejo, da Guerra da Sucessão de Espanha.

Neste assento de óbito redigido pelo Padre Gabriel de Matos, pároco de Caldelas, a 1 de dezembro de 1709, podemos ler que “vierão noticias sertas” a esta freguesia, de que “era falecido da vida prezente” Manoel Ribeiro, “soldado pago”, o qual falecera na Campanha do Alentejo. Segundo o mesmo registo de óbito, sabemos de que o seu pai Francisco Ribeiro mandou na igreja paroquial (atualmente designada de igreja Velha), celebrar um ofício de quatro padres, com esmola a cada um de seis vinténs, e pagou vinte vintéis de oferta pela alma do seu filho. Ao longo do tempo, Francisco Ribeiro mandou realizar mais ofícios, que foram devidamente assinalados pelo padre desta freguesia, à margem do assento de óbito.

Através do assento de batismo, temos mais pormenores sobre a biografia deste soldado, que integrou o corpo permanente do exército do rei D. João V. Filho legítimo de Francisco Ribeiro e de Catarina Francisca moradores no lugar da Quintã, de São Tomé de Caldelas, nasceu e foi imediatamente batizado no mesmo dia, a 8 de julho de 1691, na igreja paroquial da referida freguesia, pelo cura Manuel da Cunha Gusmão. Foi seu padrinho o Padre Agostinho Pereira morador em São João de Ponte; e madrinha Maria, solteira, filha de João Ribeiro e de Maria Gonçalves moradores na Ribeira. Através deste documento, inferimos que Gonçalo Lopes terá falecido na Campanha do Alentejo com 18 anos.

Esta Campanha do Alentejo, da qual este soldado taipense teve papel ativo, integra-se na denominada Guerra da Sucessão de Espanha, que ocorreu entre 1701-1715. Quando D. João V, sucede a D. Pedro II, o nosso Reino vivia a intervenção na Guerra da Sucessão de Espanha, disputada pelo arquiduque Carlos de Áustria, e pelo neto de Luís XIV, Filipe V, duque de Anjou, de início apoiado por D. Pedro II. No entanto, a Coroa Portuguesa em sintonia com a Inglaterra, não convinha o aumento do poderio espanhol graças à sua ligação com a França. O Tratado de Paz entre D. João V e Filipe V, irá realizar-se apenas em 1715, em Utreque.

Estes dois registos paroquiais constituem uma importante fonte documental, não apenas para o aprofundamento do estudo deste soldado taipense, mas também para podermos retirar alguns elementos para o estudo dos taipenses que ingressaram na carreira militar durante o século XVIII e que perderam a vida na defesa militar do Reino.