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Presidenciais e os seus sinais

Augusto Mendes
Opinião \ sábado, fevereiro 13, 2021
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Os partidos políticos têm de fazer uma reflexão destas eleições e mantenho para mim a máxima da democracia: “ O povo tem sempre razão”.

Caro leitor,

Tivemos, no passado dia 24 de Janeiro as eleições para escolher o Presidente da República para os próximos 5 anos. Não podendo nunca dar nada por adquirido, era mais do que certo que a eleição do atual presidente era garantida. Mas nestas eleições foi criada uma eleição à parte que opunha André Ventura a Ana Gomes. Ao contrário do que a propaganda quer fazer passar, ganhou Ana Gomes. É matemático!

Mas isso, sinceramente, não é importante. O que importa perceber aqui é como é que um homem sozinho, apoiado em frases feitas e que ficam no ouvido, ainda mais nesta época de degradação social e económica, consegue ter uma votação acima de 10%. Digo isto pois acho sinceramente que o voto em André Ventura foi um voto de protesto e não ideológico. Voto de protesto contra os partidos políticos que nestas eleições foram todos derrotados e não perceberam a mensagem que lhes foi sendo dada, terminando pelas reações na noite eleitoral.

O primeiro derrotado foi, sem dúvida, o Partido Socialista por não aparecer a jogo. Que erro! Mas pior do que não ir a jogo foi ainda tentar interferir no mesmo dando apoio, ainda que disfarçado, ao atual presidente. Foi deprimente ver algumas figuras do Partido Socialista mostrar apoio público a Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois tivemos um PSD que não percebeu que foi quem transferiu mais votos para a extrema-direita e ver Rui Rio, na noite das eleições, vangloriar-se com a vitória de André Ventura sobre o PCP no Alentejo ao invés de cantar a vitória do seu pretenso candidato com uma margem larguíssima foi também um momento triste para a democracia.

Os partidos mais á esquerda, Bloco e PCP tiveram também eles uma derrota muito forte o que não é nada bom para uma sociedade que se quer solidária. A nossa democracia precisa que os partidos à esquerda do PS tenham a sua base de apoio consolidada e que possam interferir nas políticas do nosso país.

Mas voltando a Rui Rio, foi ainda mais patético quando tentou extrapolar estas eleições para o nível dos partidos e reduziu a esquerda a 20% de eleitores. Que sonho o homem teve. O que vale é que durou pouco e uma sondagem no dia seguinte acordou-o com estrondo!

Rui Rio, e digo-o com sinceridade pelo seu trabalho na câmara do Porto, pode até um dia ser um bom primeiro-ministro, mas mostra-se um líder de oposição muito limitado.

Para concluir dizer que os partidos políticos têm de fazer uma reflexão destas eleições e mantenho para mim a máxima da democracia: “ O povo tem sempre razão”.