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O tempo não volta para trás

Natália Fernandes
Opinião \ sexta-feira, dezembro 10, 2021
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Estamos no final de mais um ano anómalo. Um ano que iniciou com a pandemia a continuar, este maldito vírus que não nos deixa viver a vida como seres sociais que somos.

A nossa existência só faz sentido se for vivida, se a sentirmos. Com esta privação da liberdade, da convivência, do social, começamos a compreender o comportamento que temos visto na sociedade.

Vamo-nos deparando com a falta de cumprimento das regras de prevenção da propagação da pandemia, nomeadamente pelo mais novos.

Porque a juventude não se repete. Estes anos perdidos não voltam. E perdendo anos da infância e da juventude, a aprendizagem e vivência também ficam para trás. Este “estágio” da vida não se repete e muito se perde!

E o tempo não volta para trás.

E no fundo é de compreender este saturar de privação da liberdade.

Em tempos de pandemia, mais que o Covid pesa a solidão, a solidão que o homem, ser social, não consegue suportar!

Quando se iniciou a vacinação, em Dezembro de 2020, tudo mudou. Achávamos nós que a vacina seria a solução desta privação da nossa liberdade (mesmo tendo a consciência que as vacinas foram realizadas sob pressão, em tempo limitado e não tiveram os estudos de eficácia e segurança desejáveis).

E daí veio a propaganda para a vacinação em massa, por faixas etárias.

Uma propaganda que foi a mesma para os idosos e doentes, como para os mais jovens. A estes com as promessas de que com a vacinação poderiam ir à discoteca e continuar a sua vida social normal, quando, agora, para além do certificado também precisam de um teste negativo.

É certo que as vacinas foram extremamente eficazes no controlo da pandemia ao reduzirem a gravidade e mortalidade dos vacinados, sobretudo nos portadores de factores de risco. Mas, ao contrário das promessas anunciadas, não permitiram alcançar a imunidade de grupo e não impedem a reinfecção nem a transmissão do vírus. Dão uma protecção do indivíduo não da comunidade.

E temos agora os pais com filhos de 5 ou 7 anos a questionarem-se sobre como decidir, pois não sabem se daqui a vinte anos os seus filhos quiserem e não puderem ser mães/pais por causa de uma vacina, que eles autorizaram.

Temos as famílias portuguesas a ter de decidir quanto à vacinação dos seus filhos — o que não é possível sem informação transparente e esclarecimento público.

A DGS recomenda a vacinação das crianças a partir dos 5 anos e transmite essa recomendação com uma breve frase: “esta recomendação surge na sequência da posição da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC), que considerou, com base nos dados disponíveis, que a avaliação risco-benefício, numa perspetiva individual e de saúde pública, é favorável à vacinação das crianças desta faixa etária”.

Os pais destas crianças para ponderarem esta decisão têm o direito de saber quais os benefícios individuais e para a saúde pública constantes do parecer técnico.

Porque se torna este parecer tão sigiloso quando devia ser discutido, sendo este um tema extremamente sensível e polémico.

Numa sociedade democrática onde as instituições devem estar sujeitas a escrutínio, neste caso a um escrutínio de uma decisão onde os fundamentos são secretos, isto representa uma falha estrutural e fundamental da nossa sociedade, que devia ser democrática.

Vivemos nós, hoje, numa sociedade realmente democrática?

Votos de um Feliz Natal e muita saúde