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OUTONO EM TONS CINZA

Natália Fernandes
Opinião \ quinta-feira, outubro 14, 2021
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Os impostos aumentam, o investimento diminui, o poder de compra cada vez é menor, viver torna-se difícil nos dias de hoje.

O Outono é caraterizado por queda gradativa na temperatura e pelo amarelar e início da queda das folhas das árvores. Os dias vão ficando mais curtos e as noites mais longas.

Apesar de ser uma estação que até se torna bonita pela cor das folhas, também é vista como o regresso ao trabalho ou aulas, depois do descanso merecido. Mas também é tempo de fazer contas à vida, do regresso à normalidade.

Mas neste Outono temos tido peculiares notícias, não generosas, pois mexem no nosso bolso.

Vivemos num país em que temos de fazer contas à vida constantemente; É o preço das habitações quer para arrendar quer para comprar, cujo preços apenas são para o mais abastados. Os portugueses não têm poder de compra para a habitação em Portugal, começando a Espanha a ser já um lugar atractivo, é aqui ao lado e é mais barato.

Temos os combustíveis cujos preços atingiram valores que só em 2012, aquando da crise da dívida soberana, mas a diferença é que naquela altura o preço do barril petróleo rondava os 127 dólares por barril quando hoje em dia esta matéria-prima rondará os 80 dólares por barril. Isto quer dizer que mais de metade do valor que pagamos nos combustíveis são para impostos.

Esta subida no custo dos combustíveis exerce o efeito óbvio de inflacionar os custos do transporte. Pode envolver uma subida mais generalizada de preços. Ou seja, resultar em inflação.

Em declarações o ministro da Economia, Siza Vieira, rejeitou a possibilidade de baixar impostos nos combustíveis para atenuar a subida de preços, argumentando que a estabilidade fiscal dá previsibilidade aos agentes económicos para a inevitável transição para energias mais sustentáveis. Apesar de esta ser uma matéria de relevada importância para o futuro da humanidade, o que é certo é que o poder de compra dos portugueses não dá motivos a que se pense em primeiro lugar nas energias ao invés do acesso a bens de consumo essenciais, pois os preços, automaticamente vão disparar e tornam-se mais inacessiveis.

Para tentar atenuar estas notícias, o governo ao apresentar o orçamento de estado e diz que é o melhor de todos até hoje, afincando que os impostos vão baixar, mas só se ouve falar nos escalões do IRS – um imposto direto.

Quanto aos impostos indirectos - que são os que pagamos diariamente ao fazer a compra do pão, do arroz, da gasolina, esses, não, não é possível baixarem.

Nos dias de hoje a carga fiscal é um encargo enorme na carteira dos portugueses, mas somos um povo passivo. Ouvimos as notícias, criticamos nas redes sociais, mas não passa disso. E nem na hora de podermos mudar o rumo do país sabemos fazer escolhas. A crítica esmorece, a opinião absconde-se e damos voz a quem tem desgovernado as nossas carteiras.

Para acrescer ao desmaranho tivemos também a demissão em bloco de vários médicos em hospitais. Demissão esta que demonstra que não há investimento na saúde pública, na qualidade do SNS, a quem os socialistas se arrogam pais, pais estes que não cuidam do seu filho.

 “Erguer” um SNS não é publicar um decreto-lei genérico. É criar carreiras, é contratar pessoal, é ter Hospitais e Centros de Saúde, é ter equipamentos, é ter tudo isto a funcionar.

E ao que parece não há, não tem havido investimento nem nesta área, para não mencionar outras como a educação, temos à vista falta de professores e não se investe em políticas atractivas para uma boa educação em Portugal.

Os impostos aumentam, o investimento diminui, o poder de compra cada vez é menor, viver torna-se difícil nos dias de hoje.

Bem dizia Passos Coelho que vinha aí o diabo. Está vestido com pele de cordeiro mas ele anda por aí.