O rei D. Carlos nas Caldas das Taipas (1891)
Através da leitura do jornal “O Comércio de Guimarães”, na sua edição de 30 de novembro de 1891, temos conhecimento, que o rei D. Carlos proveniente da Cidade de Braga, a caminho de Guimarães, foi recebido com entusiasmo nas Caldas das Taipas.
Nesta povoação termal, a 29 de novembro de 1891 (domingo), o coche real foi recebido com música, vivas e grande número de girandolas de foguetes. As casas das Taipas foram decoradas com colgaduras de damasco. A entrada da freguesia foi decorada com dois arcos efémeros e grande quantidade de bandeiras.
Segundo a mesma notícia, fizeram guarda de honra ao coche real, os Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas. Nesta estância termal aguardavam Sua Majestade, as seguintes individualidades: o Conde de Margaride e Dr. Joaquim José de Meira, respetivamente Presidente e Vice-presidente da Câmara; os vereadores; o secretário do Senado António Bastos; o administrador do concelho e secretário; o coronel de Infantaria nº20; o juiz de Direito e todo o corpo judicial; o provedor e o escrivão da Misericórdia; o Presidente da Associação Comercial e toda a direção: a Associação Artística; a Sociedade Martins Sarmento; Direções dos bancos; Direção da Associação de Socorros Mútuos do Montepio Comercial e do Club Comercial; os docentes da Escola Industrial Francisco de Holanda; representantes das Ordens Terceiras e de outras corporações religiosas, o abade de Sande e muitas outras individualidade vimaranenses e taipenses.
Após pequena demora nas Caldas das Taipas, o rei D. Carlos e toda a comitiva seguiram para Guimarães, onde chegaram às 2 horas da tarde. Em Guimarães, na Praça da Oliveira, o rei apeou-se do coche para assistir a uma missa na Igreja da Colegiada. De seguida, prosseguiu para o palacete dos Condes de Margaride. No átrio do palacete, o rei foi recebido pelas damas de Guimarães. Depois dos cumprimentos, o rei subiu ao andar nobre, onde descansou alguns momentos. A visita a Guimarães prosseguiu com a apresentação de cumprimentos do Arcebispo, Câmara, autoridades administrativas e judiciais, e eclesiásticas, Ordens terceiras, Sociedade Martins Sarmento, Bombeiros, etc. Ainda no palacete de Margaride, o presidente da Câmara, o Conde de Margaride leu um discurso. Às 3 horas e meia da tarde, o rei, a rainha D. Amélia e o Príncipe Real, D. Luís Filipe, o arcebispo, o D. Prior da Colegiada, inauguraram o pequeno seminário no Palacete de São Tiago.
Às 4 horas, o rei visitou o quartel de Infantaria nº20, aquartelado no Paço dos Duques de Bragança. Entretanto, a rainha D. Amélia acompanhada por João Franco Castelo Branco, Ministro das Obras Públicas, visitou o Hospital da Misericórdia, sendo recebido pela Mesa da Santa Casa. A rainha percorreu todas as enfermarias e dependências do hospital, conversando com alguns dos doentes. Numa das enfermarias, a rainha D. Amélia informou-se do estado de alguns doentes e mandou tomar nota de duas doentes para as socorrer, sendo uma delas uma viúva com 8 filhos.
Pelas 5 horas da tarde, a família real visitou a Sociedade Martins Sarmento e toda a sua seção arqueológica. Por fim, visitaram o quartel dos Bombeiros Voluntários. O banquete foi oferecido pelos Condes de Margaride, com 30 talheres. Pelas 11 horas da noite, depois de verem as iluminações na cidade de Guimarães, a família real regressou a Braga, sendo acompanhados até às Caldas das Taipas, por todas as corporações que os haviam esperado.