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O rei D. Carlos nas Caldas das Taipas (1891)

António José Oliveira
Opinião \ quinta-feira, abril 07, 2022
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A 29 de novembro de 1891 (domingo), o coche real foi recebido com música, vivas e grande número de girandolas de foguetes. As casas das Taipas foram decoradas com colgaduras de damasco.

Através da leitura do jornal “O Comércio de Guimarães”, na sua edição de 30 de novembro de 1891, temos conhecimento, que o rei D. Carlos proveniente da Cidade de Braga, a caminho de Guimarães, foi recebido com entusiasmo nas Caldas das Taipas.

Nesta povoação termal, a 29 de novembro de 1891 (domingo), o coche real foi recebido com música, vivas e grande número de girandolas de foguetes. As casas das Taipas foram decoradas com colgaduras de damasco. A entrada da freguesia foi decorada com dois arcos efémeros e grande quantidade de bandeiras.

Segundo a mesma notícia, fizeram guarda de honra ao coche real, os Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas. Nesta estância termal aguardavam Sua Majestade, as seguintes individualidades: o Conde de Margaride e Dr. Joaquim José de Meira, respetivamente Presidente e Vice-presidente da Câmara; os vereadores; o secretário do Senado António Bastos; o administrador do  concelho e secretário; o coronel de Infantaria nº20; o juiz de Direito e todo o corpo judicial; o provedor e o escrivão da Misericórdia; o Presidente da Associação Comercial e toda a direção: a Associação Artística; a Sociedade Martins Sarmento; Direções dos bancos; Direção da Associação de Socorros Mútuos do Montepio Comercial e do Club Comercial; os docentes da Escola Industrial Francisco de Holanda; representantes das Ordens Terceiras e de outras corporações religiosas, o abade de Sande e muitas outras individualidade vimaranenses e taipenses.

Após pequena demora nas Caldas das Taipas, o rei D. Carlos e toda a comitiva seguiram para Guimarães, onde chegaram às 2 horas da tarde. Em Guimarães, na Praça da Oliveira, o rei apeou-se do coche para assistir a uma missa na Igreja da Colegiada. De seguida, prosseguiu para o palacete dos Condes de Margaride. No átrio do palacete, o rei foi recebido pelas damas de Guimarães. Depois dos cumprimentos, o rei subiu ao andar nobre, onde descansou alguns momentos. A visita a Guimarães prosseguiu com a apresentação de cumprimentos do Arcebispo, Câmara, autoridades administrativas e judiciais, e eclesiásticas, Ordens terceiras, Sociedade Martins Sarmento, Bombeiros, etc. Ainda no palacete de Margaride, o presidente da Câmara, o Conde de Margaride leu um discurso. Às 3 horas e meia da tarde, o rei, a rainha D. Amélia e o Príncipe Real, D. Luís Filipe, o arcebispo, o D. Prior da Colegiada, inauguraram o pequeno seminário no Palacete de São Tiago.

Às 4 horas, o rei visitou o quartel de Infantaria nº20, aquartelado no Paço dos Duques de Bragança.  Entretanto, a rainha D. Amélia acompanhada por João Franco Castelo Branco, Ministro das Obras Públicas, visitou o Hospital da Misericórdia, sendo recebido pela Mesa da Santa Casa. A rainha percorreu todas as enfermarias e dependências do hospital, conversando com alguns dos doentes. Numa das enfermarias, a rainha D. Amélia informou-se do estado de alguns doentes e mandou tomar nota de duas doentes para as socorrer, sendo uma delas uma viúva com 8 filhos.

Pelas 5 horas da tarde, a família real visitou a Sociedade Martins Sarmento e toda a sua seção arqueológica. Por fim, visitaram o quartel dos Bombeiros Voluntários. O banquete foi oferecido pelos Condes de Margaride, com 30 talheres. Pelas 11 horas da noite, depois de verem as iluminações na cidade de Guimarães, a família real regressou a Braga, sendo acompanhados até às Caldas das Taipas, por todas as corporações que os haviam esperado.