Novamente o projeto da via de acesso ao Ave Park?
Por estes dias foram colocados diversos cartazes da candidatura do Partido Socialista sobre projetos que se propõem executar.
O que mais me chamou a atenção foi o colocado à entrada da Vila das Taipas: “construção da via de acesso ao Ave Park”.
Esta é uma causa de grande importância para mim, pelo que, não podia deixar aqui, mais uma vez, uma notas para se recordarem do assunto.
O projeto desta via atravessa a minha freguesia e, como autarca e também como habitante, insurgi-me sempre contra a sua construção, quer pela forma como foi projetada, quer pelos impactos negativos que terá no território.
A construção da via de acesso ao AvePark representa um erro estratégico e ambiental que Guimarães não deveria cometer. O traçado previsto atravessa zonas de Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional, comprometendo solos férteis e ecossistemas que deveriam ser preservados para as gerações futuras. Este projeto ameaça também áreas sensíveis junto ao rio Ave, colocando em risco recursos hídricos essenciais para o abastecimento público.
Para além do impacto ambiental, o projeto implica expropriações forçadas, afetando diretamente proprietários e agricultores que veem as suas terras desapropriadas em nome de uma infraestrutura cuja necessidade é questionável.
Há alternativas menos agressivas, e certamente com custos menores, como a requalificação e melhoria das vias já existentes, que poderiam assegurar a acessibilidade ao parque sem destruir território agrícola nem gastar dezenas de milhões de euros de fundos públicos.
A construção desta via sempre trouxe muita controvérsia, pois o seu traçado passa por áreas da RAN e da REN, o que implica que se peça autorização para uso não agrícola de solos agrícolas e/ou para alterações do uso do solo, ou ainda para atravessar zonas com proteções ecológicas.
Existem dúvidas e críticas de que o estudo de impacto ambiental possa não ter sido favorável ou que existam pareceres negativos ou com exigências de ajustes.
A APA (Agência Portuguesa do Ambiente) identificou discrepâncias ou pedidos de esclarecimentos relativamente ao projeto.
Tudo isto já foi intensamente discutido publicamente, mas o candidato do Partido Socialista insiste neste assunto.
Num momento em que tanto se fala em mobilidade sustentável, o que é certo é que esta obra privilegia o transporte individual e perpetua um modelo rodoviário ultrapassado, ao invés de apostar em soluções de transporte público que beneficiariam toda a região.
A insistência em apresentar este projeto nas propostas da candidatura do Partido Socialista de Guimarães, apesar dos pareceres técnicos, das decisões judiciais que anularam expropriações e da contestação das populações, mostra mais um exemplo por parte do candidato do PS Ricardo Costa, de como prioriza interesses políticos de curto prazo em detrimento do bem comum e da proteção ambiental, não apresentando soluções razoáveis e concretizáveis quanto à mobilidade na zona Norte do concelho.