Luto
O luto é definido como uma reação natural à perda significativa de alguém, de um animal de estimação, de uma relação de amizade ou amorosa, de emprego ou de um diagnóstico de uma doença.
O objetivo desta fase da vida é promover a nossa adaptação a uma nova realidade, lidando com a perda. É constituída por várias fases, marcadas por emoções intensas, que podem causar sintomas físicos, comportamentais, cognitivos e sociais: choro, desânimo, medo, insegurança, vazio, culpa, sentimentos de injustiça, reexperiências, dificuldades de concentração, negação da realidade, diálogo com o falecido, sensação de presença, perda de interesse, questionamento da fé, mudança de valores, lentificação ou hiperatividade, dificuldade de contacto social, dores de cabeça, perda de apetite, tremores, aperto no peito, nó na garganta, falta de energia, alterações do sono, entre muitos outros).
Classicamente eram definidas 5 etapas, no entanto, hoje é reconhecido que a pessoa em luto tem um papel ativo nesta adaptação, que não é vivida da mesma forma por todos. Durante o processo de luto a acomodação à nova realidade vai oscilar entre momentos de choque e negação, momentos de desorganização e integração da perda e outros de reformulação e transformação identitária com crescimento pessoal e/ou redescoberta de um novo ideal de vida.
As manifestações e as vivências desta fase da vida dependem de quem morreu, de como morreu e do contexto cultural e/ou religioso.
Para promover uma melhor adaptação é importante que se mantenham hábitos saudáveis:
- Hábitos de sono e alimentação saudável;
- Vigilância de sinais de cansaço;
- Estratégias para lidar com a ansiedade: respiração profunda, prática de exercício físico regular;
- Apoio de amigos e familiares, grupos de apoio ou profissionais de saúde.
Existem fatores que aumentam o risco de um luto prolongado: sexo feminino, menor escolaridade, crenças negativas, antecedentes de doenças mentais (perturbação de ansiedade, depressão…), relação ambivalente ou insegura, presença de assuntos pendentes e a ausência de comunicação.
Estamos perante uma situação de luto prolongado quando há sintomas que persistem ao fim de 6 meses e dificultam a retoma à vida habitual. Atualmente a Perturbação de Luto Prolongado faz parte da classificação internacional das doenças, e estima-se que um terço das pessoas em luto apresentam manifestações de luto prolongado, podendo ser mais prevalente em casos de morte súbita ou violenta. Caso esteja a necessitar de apoio é recomendado procurar ajuda especializada por um profissional de saúde (médico ou enfermeiro de família, psicólogo, entre outros) para avaliação e acompanhamento da pessoa e/ou família enlutada.
Bibliografia
- Barbosa A. Et all. Manual de Cuidados Paliativos 3ª edição. Lisboa 2016.
- Direção-Geral da Saúde. Modelo de Intervenção Diferenciada no Luto Prolongado em Adultos. Direção Geral da Saúde. Disponível em: https://normas.dgs.min-saude.pt/wp-content/uploads/2019/10/modelo-de-intervencao-diferenciada-no-luto-prolongado-em-adultos_2019.pdf.
- Ordem dos Psicólogos. Fact Sheet | Luto. Ordem dos Psicólogos. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/factsheet_luto.pdf.
- Pimenta S., Capelas ML. Abordagem do luto em cuidados paliativos. Cadernos de saúde 2019; 11(1):5-18.