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Creches e berçários não deviam ser um dilema social

Natália Fernandes
Opinião \ sexta-feira, março 25, 2022
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Como presidente de junta tenho recebido muitos apelos de casais, com filhos recém-nascidos, desesperados porque não têm berçários ou creches onde deixar os filhos.

No concelho de Guimarães existe uma enorme falta de vagas, com extensas listas de espera, para bebés e crianças até aos 3 anos, uma vez que este serviço apenas é oferecido ou por instituições particulares ou IPSSs, ao contrário do pré-escolar que existe nas escolas públicas.

A preocupação principal dos pais, ou melhor, de casais que ponderam ser pais, logo no momento desta sua pretensão é de saber onde podem deixar os seus filhos aquando da retoma da sua vida de profissional ou de trabalho. Este é um problema que vão encontrar após o nascimento da criança. E não deveria ser esta a maior preocupação de jovens casais que pretendem ser pais, muito pelo contrário, o incentivo à natalidade deveria estar nas prioridades sociais dos governos.

O nosso país está a envelhecer, os índices oficiais apontam para um envelhecimento da população do nosso país nos últimos 50 anos de cerca de 130% que, consequentemente, levam a um decréscimo abrupto do índice de sustentabilidade.

Portugal registou em 2021 o número mínimo histórico de nascimentos, e somos o 5º país com menor taxa de natalidade na Europa, tendo apenas Itália, Espanha, Grécia e Finlândia taxas de natalidade inferiores.

Se pensarmos que o nosso futuro, em termos de sustentabilidade da segurança social, depende da população ativa, que está em decréscimo, há necessidade de refletir e intervir urgentemente neste problema social. E esta é uma matéria da competência do governo e dos municípios que não pode ser delongada. É um tema de extrema importância cujas respostas não existem.
Mesmo estando em decréscimo a natalidade, e até a população, no nosso concelho, o que é certo é que não há respostas para as necessidades dos pais que pretendem aumentar a sua família, quando querem contribuir para o aumento da natalidade.

O aumento da natalidade seria benéfico para o futuro da sociedade, e particularmente para o nosso concelho, e não existem respostas à medida. E então como pretende o município contribuir para o aumento da natalidade?

Uma das propostas da Coligação JPG era precisamente aumentar a oferta de berçários e creches no concelho, atenta esta falha deste serviço, pois o município tem que ter nesta matéria um papel mais interventivo.

É o Estado que tem de promover as condições para o crescimento da natalidade, e independentemente da resposta do governo, se a autarquia reconhece que este é um problema dos munícipes, tem que intervir.

Mas não temos visto nenhuma acção neste sentido. Mantemos as condições que tínhamos, e não há resposta a dar aos pais desesperados.
Esperemos que a curto prazo tenhamos uma solução para as tão extensas listas de espera nas creches.