Como nasce uma nova tecnologia?
Neste caso a Hoover no Reino Unido, que ali funciona como sinônimo do verbo aspirar, ou por exemplo Jeep em Portugal que descreve um carro 4x4.
Essa é a essência da autobiografia do inventor britânico Sir James Dyson em "Contra as probabilidades", um relato inspirador sobre como transformou a frustração com um aspirador convencional num impulso para a inovação. Dyson adaptou a técnica de filtração ciclônica, que tinha usado enquanto trabalhava numa fábrica, a um aspirador que tinha em casa. O primeiro protótipo foi feito com cartão de caixas de cereais e fita-cola.
Contudo, o caminho para a mudança não foi fácil. A empresa que ele tinha fundado com o cunhado rejeitou a ideia, demitindo-o com a justificação “Claramente estás errado James, se fosse possível os da Hoover já o teriam inventado”. Dyson, todavia, não desistiu. Num estábulo antigo, sem luz ou água, desenvolveu mais de 5000 protótipos durante 3 anos, alimentado pela sua convicção que se fizesse um melhor produto esse teria sucesso no mercado.
Dyson e a sua esposa hipotecaram várias vezes a casa para financiar as suas invenções. Quando o dinheiro para expandir a fábrica não existia, foi montada uma tenda gigante ao lado da mesma. O caminho para o sucesso não foi rápido, mas repleto de obstáculos e muita resistência à mudança.
Depois da primeira tentativa de licenciamento fracassada, só o Japão aceitou a sua invenção. O resultado? Doze milhões em vendas anuais. Seis anos depois, o aspirador Dyson, apesar de custar quatro vezes mais, vendeu mais do que todos os concorrentes.
O controlo total sobre a sua empresa sempre foi uma prioridade para Dyson, que sempre re-investiu o dinheiro ganho na venda de produtos para melhorar e desenvolver novas ideias. Não todas bem-sucedidas, como o projeto de um carro elétrico, cancelado devido ao enorme investimento necessário e à concorrência com empresas já estabelecidas que vendem veículos eléctricos a preços baixos para obter créditos de carbono para os carros a combustíveis fósseis.
Recentemente, Dyson introduziu uns headphones curiosos com purificador de ar, uma invenção que, apesar de parecer um capricho, sem dúvida gerou interesse nos media.
A vida de James Dyson é mais do que uma história de invenção e sucesso empresarial. É um manifesto sobre a importância da persistência, da audácia e do espírito inventivo. Como um defensor incansável do "aprender a fazer", do empirismo e do pensamento lateral, Dyson desafia-nos a questionar o estado atual das coisas, a experimentar, a falhar e, acima de tudo, a persistir.
Dyson acredita que precisamos de mais criadores, mais pessoas a construir coisas novas e a inventar. A sua visão para a educação é uma onde se valoriza a resolução de problemas e a descoberta através do fracasso. Onde a indústria é vista como uma vocação nobre, e não uma profissão de segunda classe.
Afinal, Dyson é mais do que um inventor bem-sucedido. Ele é um defensor do espírito inventivo, um questionador do status quo e um exemplo vivo de que, com entusiasmo, inteligência e trabalho duro, quase tudo é possível. E o seu conselho é claro: "Trata a tua carreira como uma aventura".