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Um país à deriva, de fundos

Natália Fernandes
Opinião \ sexta-feira, maio 19, 2023
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Não vemos perspetivas de que este país saia do caminho da pobreza, da degradação do estado, das escolas, da saúde, da justiça. Não se conhece o caminho do desenvolvimento, do crescimento da economia.

Nunca se ouviu falar tanto de quezílias políticas num governo como nos últimos meses, ou até anos, mesmo este governo tendo uma maioria absoluta para governar.

Desde que este governo tomou posse, não se fala de outra coisa que não seja demissões, nomeações, comissões de inquérito a assuntos de extrema importância para o país.

Novelas mexicanas, como se foi ouvindo pelos diversos comentadores políticos, que vieram substituir as portuguesas ou brasileiras que passavam no horário nobre das televisões. Sagas atrás de sagas. E não se vê um fim à vista.

E o povo português assiste sentado, diariamente, a problemas que não resolvem a sua vida.

Não acho importante se há confusões ou demissões nos ministérios, desde que dentro daquela instituição haja credibilidade e seriedade. Mas não há. E por isso vamos assistindo diariamente a novelas sobre quem agarrou quem, quem roubou ou quem ameaçou quem.

Isto não é importante. O importante é saber se quem está naquele ministério é gente séria e merecedora de continuar a governar.

O importante é saber se há responsabilidades políticas no caso das demissões da TAP, que vão custar muito dinheiro ao erário público.

E importante é que os responsáveis por má gestão pública tenham consequências não só políticas, mas também cívicas e/ou criminais. Porque parece que esta maioria absoluta pode tudo. Faz e acontece.

E o país está e vai continuar a padecer com esta falta de governação séria e competente.

Ainda estes dias ouvi uma notícia que dizia que os cabazes alimentares distribuídos no “Programa operacional de apoio às pessoas mais carenciadas” estavam a chegar incompletos às famílias mais pobres, que apenas há capacidade para distribuir 8 dos 25 alimentos que faziam parte deste mesmo cabaz!

Vejamos então, o pais está a ficar cada vez mais pobre, mesmo os mais pobres que deviam ter um sistema de proteção social a funcionar devidamente, principalmente numa altura em que tudo está mais caro como a eletricidade, os combustíveis, as rendas, o crédito à habitação, entre muitos outros, é quando o estado não cumpre o seu papel de protetor social.

Para tentar mitigar uma situação por si só já grave (a dos mais pobres) o governo vai atribuir mais um subsídio de 30,00 €. Como se a solução do país passasse por distribuir cada vez mais subsídios.

Por outro lado, o governo em vez de aproveitar os fundos europeus para investir em projetos com e de qualidade, para nos tornarmos mais resilientes, para que o país se torne atrativo, criativo e competitivo, para que crie mais postos de trabalho, mais economia, que gera impostos e que por sua vez diminui a pobreza e, portanto, a necessidade de atribuir mais subsídios, não sabemos como vão ser investidos os fundos europeus de forma a criar riqueza futura e melhores condições de vida.

Não vemos perspetivas de que, de alguma forma, este país saia do caminho da pobreza, da degradação do estado, das escolas, da saúde, da justiça. Não se conhece o caminho do desenvolvimento, da recuperação, do crescimento da economia.

E não podem justificar o problema económico com a pandemia ou da guerra na Ucrânia, pois não há memória na história de Portugal tenha tido tantos fundos à sua disposição. Apenas estão a ser desgovernados, ou gastos em vez de investidos, como diz num artigo de opinião o Eurodeputado José Manuel Fernandes.

Enquanto passam as novelas, a realidade da vida dos portugueses continua espinhosa e árdua.