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A via de acesso ao Avepark

Natália Fernandes
Opinião \ segunda-feira, março 27, 2023
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Não existe nenhum estudo ou parecer que comprove o benefício desta via, portanto não está comprovado o impacto que esta via vai trazer na coesão territorial. Mas conhecem-se os prejuízos.

Nestes últimos dias tem-se retomado a discussão da via de acesso ao avepark e, como presidente de junta de uma das freguesias afetadas, é um tema que me é peculiar e merece uma especial atenção, tenho necessidade de voltar a falar nele.

Efetivamente em 2015 houve algumas sessões públicas para “discutir” o tema, mas a palavra discutir não é a mais apropriada para o que se fez naquelas sessões.

As sessões públicas não foram mais do que uma apresentação do projeto, onde, apesar de várias outras propostas apresentadas por diversos cidadãos, e até presidentes da junta, nada foi tido em conta, a decisão já estava tomada pelo município, apenas se expunha.

Recorde-se que no estudo apresentado, bem como na fundamentação apresentada em todas as discussões, a variável que se colocava como primordial e que justificava a via como crucial para o desenvolvimento do avepark, era o acesso direto e rápido desde a autoestrada até ao destino.

Acontece que, o atual projeto não se inicia na rotunda em Fermentões, mas sim na reta de Toriz, pelo que, a via tem uma parte do seu trajeto na N101, o que vai condicionar a variável da rapidez ao acesso, prejudicando, assim, a justificação de um acesso rápido para tornar eficaz o seu objetivo, ou seja, cativar o investimento no avepark.

Não existe nenhum estudo ou parecer que comprove o benefício desta via para a zona norte do território, portanto não está comprovado o impacto que esta via vai trazer na coesão territorial. Mas conhecem-se os prejuízos.

No entretanto, e porque Guimarães precisa de um acesso à alta velocidade, o município mais uma vez apresenta um estudo de ligação a Braga, pois a AV é crucial para o desenvolvimento de qualquer município.

Neste estudo, apresenta-se como solução a ligação a Braga por BRT (Bus Rapid Transit), com o reperfilamento da N101. E é também apresentada uma ligação do avepark à N101.

Este reperfilamento já há muito que é reivindicado pela população a norte do concelho, com uma ligação rápida Taipas-Guimarães.

Mas apenas agora, quase por incumbência, é que se prevê uma solução para o transito da N101, obra importante e estratégica quer para o desenvolvimento da zona norte do concelho, quer pela ligação desta zona à cidade.

A falta deste investimento, e de muitos outros, durante tantas décadas nesta vila e seus acessos, parece intencionado para que a vila das Taipas não progredisse, pois o exponencial que esta vila sempre teve, comparado com as outras vilas do concelho, parece atemorizar os paços do concelho, talvez porque poderia vir a acontecer o mesmo que aconteceu a Vizela.

E com estas posturas do município no passado, nas populações destas redondezas foi criado um estereótipo que cultivou uma separação e desagregação destas gentes à cidade, e talvez uma maior empatia com a cidade de Braga, facto que o município de Guimarães deve labutar para contrariar.

Mas com o reperfilamento da N101, resolviam-se muitos problemas de trânsito, com uma melhor ligação às Taipas, e consequentemente ao avepark.

Numa solução era possível responder-se a vários problemas, há muito notórios, criava-se a coesão territorial, evitavam-se destruições de campos, florestas, ruas, casas, freguesias, evitava-se um impacto ambiental terrível e, certamente, não se hipotecava o município com um investimento de milhões.

Espero que o Senhor Presidente pondere o assunto e pense na zona norte do concelho e nas suas gentes de forma a alcançar uma maior afinidade, não se fixe num único objetivo que é o Avepark.