A importância das eleições
Realizam-se no próximo domingo, dia 09 de junho, as eleições europeias onde vamos eleger os nossos representantes no parlamento europeu. Sendo da mesma importância das outras eleições a que somos chamados a votar, não dependesse o nosso desenvolvimento em grande parte do projeto europeu onde entramos em 1986 pela mão de Mário Soares, é verdade que são eleições que são relativizadas e até menorizadas no panorama eleitoral português. E isso é um erro!
É um erro per si porque desvaloriza a nossa presença na união europeia quando quase todas as decisões que hoje em dia são tomadas pelos países derivam das decisões que são tomadas pela união europeia mas são principalmente um erro porque este desdém pelas eleições europeias contamina o pensamento das pessoas relativamente a todas as outras eleições e que potencia assim o grande abstencionismo que temos assistido nos últimos anos em Portugal.
Mas na verdade desde há muitos anos que, por várias razões, todos temos contribuído para que os números da abstenção em Portugal atinjam números que nos devem preocupar e que penso ser tempo dos decisores políticos olharem para o problema de frente e tomarem as decisões corajosas e necessárias que devem ser tomadas.
Mas não é apenas o poder político que deve arcar com as responsabilidades da alta abstenção, nós cidadãos também devemos refletir sobre o assunto e pensar se damos às eleições o valor que efetivamente têm.
Vamos então tentar refletir um pouco, tanto da responsabilidade política como da responsabilidade dos cidadãos.
Para esta reflexão vou partir de um princípio que para mim é essencial e o ponto de partida para tudo o resto: em dia de eleições não deveria ser permitido a organização de quaisquer outros eventos. Seria uma forma de mostrar aos cidadãos que as eleições são, naquele dia, a única coisa importante no país, que aquelas eleições são, de facto, aquilo que pode interferir nas nossas vidas. Ainda sou do tempo em que no dia das eleições não havia, por exemplo, jogos da primeira divisão de futebol. O campeonato parava e às eleições era dada a devida importância.
Quando temos estes exemplos como o futebol, que é na verdade um veículo de opinião, a ter atividade em dia de eleições, tudo o resto vai atrás e as pessoas sentem-se também no direito de organizar os seus eventos e assim criarem condições para uma maior taxa de abstenção.
Outra questão que devemos olhar, sem populismos que se tornam perigosos para a democracia, tem a ver com aquilo que é a ação política e a forma como se faz política. A política deve ser feita tendo como primeiro propósito o bem-estar das pessoas e o que temos muitas vezes é a disputa partidária a sobrepor-se sobre a discussão daquilo que realmente interessa que é a vida real das pessoas. Isso corrói a credibilidade daquilo que é a confiança das instituições e desacredita aqueles que realmente importam que são as pessoas aumentando assim a abstenção.
Quanto aos cidadãos têm a responsabilidade de se informarem quanto à verdadeira importância do voto e perceber que ao faltar a uma eleição estão a entrega a decisão da sua vida a outra pessoa perdendo assim a mão sobre o seu próprio futuro e da sua família.
Para todos aqueles que querem ter um voto de protesto têm, no boletim de voto, a sua oportunidade de o fazer. Seja votando no partido que entendem, seja voto em branco ou nulo. Todas as formas de voto têm valor, desde que não faltemos à chamada!
Para finalizar dizer que acredito muito na força do voto e o povo, quando vota, tem sempre razão!
Acredito também, porque o tenho presenciado, que os mais jovens estão realmente mais importados com o seu futuro e interessados em tudo o que diz respeito à sua vida e que vão ajudar, num futuro próximo a que os números da abstenção desçam consideravelmente.
Que todos façamos o que está ao nosso alcance para que este flagelo da abstenção seja apenas história.
[ndr] artigo originalmente publicado na edição de junho do Jornal Reflexo.