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A casa de cultura que as Taipas não tem

Carlos Marques
Opinião \ segunda-feira, setembro 27, 2021
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Caldas das Taipas que agrega ao seu redor mais de 40 mil pessoas, precisa de uma Casa da Cultura, desiderato que persigo desde que me conheço.

Se é verdade que todos nós respiramos e consequentemente produzimos cultura nos nossos mais variados gestos de pertença, e sempre ávidos de conhecimento, esperamos que as políticas públicas e a quem cabe geri-las sejam justas e percebam que onde se juntam e ao redor dos quais se agregam as populações, estas devam ter sítio com salas apropriadas para produzirem e exibirem o que de melhor possuem e sabem fazer da mesma forma possam assistir ao trabalho cultural e maneiras de ser e estar doutras populações com estilos diferenciados e características distintas da nossa.

Em suma, Caldas das Taipas que agrega ao seu redor mais de 40 mil pessoas, precisa de uma Casa da Cultura, desiderato que persigo desde que me conheço.

Guimarães não se pode confinar a tê-las exclusivamente na cidade, onde o município já gastou mais de 100 milhões de euros em casas de cultura e de espectáculos, e se apresta para receber mais 2 unidades de excelência, o renovado Teatro Jordão e a Garagem da Avenida, contra as quais não estou, antes pelo contrário, não fora eu fundador no ano de 1989 da cooperativa que gere os equipamentos culturais da cidade, A OFICINA. .

Veio isto a propósito da publicação numa página da rede social local “Notícias das Taipas” dum cartaz da minha colecção, da Festa de Santo Ovídeo de Agosto de 1982, onde dava nota de ter assistido a ESPECTÁCULOS CULTURAIS, de produção taipense, designadamente do Conjunto Rio Ave, da Banda Musical das Taipas, da Fanfarra de São Cláudio de Barco, e dos Ranchos Folclóricos: do “Infantil de Caldas das Taipas”, do “Os Unidos de São Clemente de Sande”, do de “Santa Cristina de Longos, e, destes por estarem integrados numa festa religiosa na opinião dum meu colega de escola, o José Manuel Lima Gonçalves Ferreira, não dever integrar-se como cartaz cultural, tendo vindo a saber que foi prontamente contrariado e elucidado por um doutorando em música, o João Guimarães Ribeiro de Santa Cristina.

O nosso desígnio não deve ser o mesmo de há séculos, do modo medievo, da sujeição paroquial e clerical na nossa vida social, política e até económica que é o que somos enquanto mera freguesia, sem poderes para absolutamente nada, a não ser o da gestão do cemitério, parques infantis, limpeza de lavadouros e fontanários, e mais recentemente o de Registo e Licenciamento de cães e gatos.

Assim, não termos direito sequer a uma Casa Cultural, como evidencia a carta que a Câmara de Guimarães me mandou em 03 de Maio de 2004 quando mais uma vez lhes pedi, para servir o pulsar da nossa gente taipense com mais de 40 mil pessoas, sempre crescente, com gente de todas as idades e sobretudo a jovem desejosa de se mostrar, que tem muito mais que a sua alma religiosa nos dotassem com uma Casa da Cultura que teima em não chegar.

Aparte:

  1. O Grupo Cultural e Recreativo de São Cláudio de Barco com produção regular de actividades, integrada no 45º aniversário da sua fundação, fazendo justiça às insígnias do seu estandarte tem uma exposição no átrio da igreja paroquial sob o lema “A fanfarra e as romarias” à espera da sua visita.
  2. A Câmara de Guimarães para inviabilizar o projectado Nó das Taipas na Auto-Estrada alegou no ano de 2000 que não tinha dinheiro para indemnizar o dono duma casa que teria de demolir em Brito, para que o Governo pudesse levar avante a sua intenção de o construir, e lá conseguiu pela mão do então presidente da CMG, António Magalhães da Silva demover o Governo de não construir aquela que é obra que mais falta faz a Caldas das Taipas.

Agora que na mesma freguesia para o alagamento que se está a fazer na estrada de Vermil à Igreja de Brito, o executivo municipal já conseguiu dinheiro para pagar a um proprietário o valor da perda pelo derrube de sua casa, e, como agora há intenção, pelo menos para já por parte do candidato da Coligação juntos por Guimarães da construção do Nó das Taipas na Auto-Estrada, afigura-se-me que todos os demais candidatos o venham a secundar, de forma a fazer-se a obra mais importante para Caldas das Taipas, seu povo, suas empresas e visitantes, e de que somos credores como muito bem sabe Guimarães, os vimaraneses, Portugal e os portugueses.

Caldas das Taipas, 31 de Agosto de 2021

[ndr] Artigo originalmente publicado na edição de setembro do Jornal Reflexo.