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Caldas das Taipas e as freguesias na literatura

Carlos Marques
Opinião \ sábado, outubro 23, 2021
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Deu-me a vida o privilégio saudável de estabelecer permanentemente contactos, a quem distribuo simpatia e de quem angario muita, mas mesmo muita amizade, enaltecendo por isso o preito de gratidão.

Tento a todos distribuir o conhecimento que tenha para dar, mormente sobre a história local e da arqueologia, essencialmente da industrial.

Sou ajuntador de livros antigos que falem da nossa terra que é Caldas das Taipas, e de todos quantos a ela acorram, aqui vivam, estudam e trabalham, e, por isso somos muito, mesmo muitos milhares.

Um cidadão de Souto, de Prazins, de Briteiros ou de Sande, como doutras freguesias, que servem os Bombeiros, a GNR, o Centro de Saúde, a Escola Secundária, sendo delas utentes ou beneficiárias, não se deve sentir menos taipense como o residente da freguesia de Caldelas apenas porque está mais no centro, não podemos envilecer ou vilipendiar quem não sendo desta freguesia se afirme com propriedade taipense.

Vem isto a propósito dum membro da Assembleia de Freguesia de Caldelas que nela não é residente, não dorme, mas vive, afinal acontece comigo, e, sabe-se la porquê, sentiu conveniência ou necessidade publicamente de se justificar, não precisava de fazê-lo, todos sabemos que o é, refiro-me ao José Maria Gomes.

No mesmo propósito, e, perdoam-me mencionar aqui a visita que fiz neste verão, designadamente a casa do 1. Moisés Ferreira de Lordelo, do 2. Lino Silva da Vila das Aves, ao 3. Jorge Gomes de Sande, do 4.Mário Veloso de Boticas e, à da 5. Catarina da Póvoa, a quem como habitualmente ofereço livros antigos que é uma das minhas paixões, foi o que aconteceu com a distribuição da obra literária que à terra de cada um diz respeito:

1. “Vila e S. Tiago de Lordelo-Comissão Organizadora do I Concurso de Quadras Populares-edição de 1983”, onde está escrito na página 4 do Prefácio do Padre Dr. Gerado Coelho Dias que aquele freguesia agora vila de Lordelo, no século XV pertencera a Santa Cristina de Longos (Taipas)
2. “S. Miguel das Aves-monografia-do Padre Joaquim da Barca, edição de 1953”, onde está escrito na página 160 referindo-se à naturalidade dum versado como sendo, de São Lourenço de Sande=Taipas.
3. “Monografia sobre a Indústria da Cutilaria-Hermínio Soares da Costa e Sousa-edição de1918” onde na página 127 ao fazer referência aos cuteleiros de facas. e ao seu avô de São Martinho de Sande diz que ficam em Caldas das Taipas.
4. “Feras no Povoado-Gomes Monteiro-2007”, que tem um longuíssimo capítulo intitulado “A formosa banhista das Taipas”, o autor narra na visita que nos fazem os interlocutores ainda na 1ª metade do século XIX à vasta região do enredo, de Caldas do Frei Cristóvão, em homenagem a Frei Cristóvão dos Reis.
5. “Mês de Maria do Padre Silva Gonçalves-edição de 1938”, onde lá está impresso S. Lourenço de Sande (Caldas das Taipas), o padre que conseguiu, o que antes outros tinham tentado sem êxito, dividir a Póvoa de Varzim em 2 paróquias, criando a de São José de Ribamar e a de Nossa Senhora da Lapa no dia de São Pedro do ano de 1935. O autor é maior escritor taipense de todos os tempos, a quem em tempo quis entronizar para patrono duma Escola local, que o poder político desautorizou, talvez porque, quando Senador da 1ª República num seu discurso destronou o ministério de Afonso Costa.
6. E, à que recebi neste Agosto, uma visita muito especial, a do Abel, velho amigo de longe, que esteve comigo nas Campanhas de Alfabetização do PREC, ambos integrámos a Brigada de Chafé e, sabendo-me bairrista, trouxe-me um livro que ainda não possuía, o “Montezinas-Belmira dos Santos-1909”, onde logo na capa, o prelo estampou dentro duma caixa tipográfica, “Publicação em favor do Circulo Catholico de Sande (TAIPAS)”

Apraz-me registar também e na sendo do mesmo, que, quando da visita deste ano que fiz à Feira do Livro do Porto, encontrando-me no paleio com a amiga Fátima da Livraria Académica dentro do seu stand onde aparece a vereadora da cultura do município de Oliveira de Azeméis que me fala na rota castriana em constituição, logo pego na obra do escaparate que ali está para venda do escritor Ferreira de Castro e mostro-lhe a parte em que o escritor mandou imprimir Caldas das Taipas, no livro “O Instinto Supremo”.

Em todos os stands procuro literatura de Guimaraes ou das Taipas, e, a surpresa deste ano, calhou-me em sorte na barraca dos Correios, foi a duma obra acabadinha de sair da editora, “Rostos e Estórias” folheio-o para ver do que fala, para meu espanto lá esta um artigo de Daniela Cunha com o título “O Filatelista” , onde descreve uma característica, dum amigo que nutre pela nossa terra a mesma paixão de sempre, trata-se do José Luís Costa e Silva num lindo artigo secundado com uma bela fotografia dum dos postos que os correios ocuparam aqui em Caldas das Taipas então na Av 31 de Janeiro agora Rua de Santo António. Fala do Zé Luís, da sua história do valor que dá ao coleccionismo e a sua divulgação, que no fundo, é o que também eu tento fazer nas linhas deste jornal, na acuidade dalguns dos muitos livros que associam as diversas freguesias a Caldas das Taipas.

Caldas das Taipas, 3 de Outubro de 2021, dia em que Portugal é Campeão do Mundo de Futsal, 53 anos depois do primeiro torneio de Futebol de Salão do Clube Caçadores das Taipas, ganho pelo meu clube, a HERDMAR, 46 anos depois de eu ter a Responsabilidade Administrativa e do Júri, o 8º, e de ter jogado no 9º torneio no velho Ringue das Taipas, que se dizia ter sido o 1º e o de maior entusiasmo do Minho.