Uma mini viagem de Verão com alguns apeadeiros sonoros
Este verão de 2025 foi daqueles que vai ficar gravado na minha memória. Muitos concertos, muitas descobertas, e algumas confirmações. É o meu tipo de férias grandes em versão adulta, que gostei muito e aconselho a quem goste de música ao vivo. Por isso, resolvi partilhar com vocês, os concertos que mais me marcaram, no formato de banda sonora, ou playlist.
Dandy Warhols no Rock no Rio Febras (Briteiros)
O que posso dizer sobre o Rock no Rio Febras que não tenha sido dito já? Pouco, talvez. Mas, o facto de os Dandy Warhols terem escolhido este evento em Briteiros para o seu último concerto da tour europeia, foi algo que ninguém conseguia prever há 3 anos. Uma das bandas mais icónicas do rock psicadélico mundial fez-nos viajar no tempo. Quando tocaram os primeiros acordes da Bohemian Like You, esqueci-me completamente onde estava, mas tenho a certeza que muitos se vão lembrar para sempre que foi em Briteiros no Rock no Rio Febras. Daquelas noites que nunca mais vou esquecer também
Party Dozen no L’Agosto (Guimarães)
Dos melhores concertos que vi este ano. O duo australiano arrasou com uma tempestade sonora, sax distorcido a servir muitas vezes de microfone para a voz, bateria imponente e loops abrasivos. Dois músicos, que valeram por dez. Conseguiram apanhar logo o público que foi literalmente absorvido pelo caos e potência sonora.
Clã no Devesa Sunset (Famalicão)
Outro momento bonito deste verão. Parque lindíssimo, pôr do sol e uma das melhores bandas de sempre portuguesas. Os Clã revisitaram todos os seus sucessos, num formato acústico, mas com a mesma força do concerto elétrico, e provaram a ligação íntima que têm com o seu público. Um mar de vozes unidas que cantaram no início ao fim, sentadas em mantas e na relva, claramente um formato de sunset que me encantou.
Hybrid Theory nas Festas de Vizela
Daquelas bandas que já queria ver há muito, e finalmente a oportunidade surgiu. Nostalgia do nu-metal e dos ínicios dos anos 2000, e uma vontade de reviver os Linkin Park levaram-me a Vizela. Perfeitos a nível de som os Hybrid Theory são uma cópia quase perfeita dos originais, com semelhanças até físicas aos elementos da banda Americana. Hits como One Step Closer ou Numb levaram o público até a pequenos mosh pits. Estou certo que deve ter sido a primeira vez que vi isto acontecer numas Festas Populares, por isso parabéns a Vizela pela aposta e a audácia de mostrar que outros géneros musicais também cabem neste tipo de eventos.
King Krule em Paredes de Coura
Um dos locais incontornáveis no meu mapa de Férias é Paredes de Coura. Com o anfiteatro natural do recinto deste festival como cenário, King Krule mergulhou-nos num concerto denso e misterioso. Jazz, post-punk e eletrónica fundiram-se numa experiência hipnótica. Confesso que conhecia apenas duas músicas, mas a verdade é que saí de lá fã. Adorei. Foi um concerto daqueles que estranhei ao início, mas que me apanhou na segunda terceira música, e nunca mais consegui desligar. Daqueles momentos que nos deixam sem saber bem o que dizer no final.
Papa Roach em Vilar de Mouros
Este clássico dos Festivais nacionais já nos tem habituado a estes grandes nomes internacionais com décadas de carreira, mas confesso que Papa Roach não estavam no meu leque daquelas bandas que achava que me iam encher o olho. Ainda mais depois do enorme concerto dos suecos Refused, que deram um concerto emotivo, de despedida, e que elevaram as prestações desse dia a um nível que pensei que os Papa Roach não conseguiriam chegar. Estava enganado. Claramente Papa Roach estava preparado para isto e muito mais. Terminaram com a “New Metal Time Machine Rabbit Hole”, ( que parecia nada mais nada menos que uma setlist de um dos meus djs sets). Assim antes de tocarem a aguardada Last Resort tocaram a Blind dos Korn, One Step Closer dos Linkin Park, a Break Stuff dos Limp Bizkit e até a Chop Suey dos System, bem os resultados já imaginam, mosh pitts a rodopiar tipo furacão e até dead walls ao nível dos grandes festivais europeus de metal.
Correr Andar nos Banhos Velhos
A última grande surpresa do verão aconteceu nos Banhos Velhos, com o concerto de Correr Andar. Este evento não era para qualquer um, era para quem queria mergulhar fundo na música alternativa das Taipas, em noite tripla com Noise at Valve e Theo também em palco. Grandes concertos também, mas esta noite foi dos Correr Andar, com um concerto elétrico, que fundiu humor com batida, rock alternativo com pop experimental, de tudo um pouco, e, quando eu já achava que tinha visto tudo, estes jovens das Taipas conseguiram fazer com que o público presente fizesse a primeira Dead Wall do amor (reservo os direitos de autor sobre naming da coisa jovens), onde depois de aberto o público em duas partes, os rockeiros em vez de arrancar para encontrões e pontapés, simplesmente arrancam para dar abraços! Muito muito bom! Uma grande noite de rock made in taipas.
Para rematar?? Duas Sugestões, Suave Fest e o Festival Manta em Guimarães
Organizado pela Associação Convívio, o Suave Fest celebra uma década de existência e encerra o verão com diversidade de propostas, Quadra, Cassete Pirata, Black Bombain Bed Legs, são alguns dos principais destaques. Para rematar com chave de ouro o enorme Sérgio Godinho no Festival Manta que celebra os seus 20 anos de existência. Fica o convite!
ndr: [conteúdo originalmente publicado na edição de setembro do jornal Reflexo - versão papel]