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Estamos a viver um ressurgimento de um novo movimento Rock nas Taipas?

Pedro Conde
Opinião \ terça-feira, maio 23, 2023
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Será que o rock está assim enraizado nos taipenses? Claro que sim, e já há várias gerações. Basta um olhar atento para ver que nos batemos taco a taco com todos os núcleos do género da nossa região.

Dei por mim a pensar sobre este assunto quando vi nas Taipas (Guimarães) um auditório com cerca de 130 bilhetes vendidos, no mesmo dia do Westway Lab em Guimarães (cidade), e apenas com bandas de rock Taipenses. Plateia dos 8 aos 80 que pagaram para ver rock. As bandas a tocaram sem cachet, som e luz a depender de uma equipa técnica quase pro bono cheia de vontade e de um Senhor Taipense patrocinador, um auditório cedido pelos BV Taipas, tudo promovido por um Clube Rotary das Taipas arrojado e destemido!!

E pensei: Será mesmo que a cultura do rock está assim verdadeiramente enraizada nos Taipenses?

Na minha opinião é claro que sim, e já há várias gerações. Basta um olhar atento para ver que nos batemos taco a taco com todos os núcleos de produção e promoção musical do género da nossa região. Acham que não? Ora bem, vamos lá fazer a matemática: “Banhos Velhos”, referência nacional, apresentou recentemente o seu supercartaz, e joga na primeira liga dos espaços culturais sendo um dos palcos mais bonitos do país; “Rock in Rio Febras”, festival que na sua primeira edição e “sem orçamento” saltou direto para um dos melhores eventos do ano no concelho vimaranense; “São Pedro Não Dorme”, evento que soube de uma forma muito inteligente trazer o Rock novamente às festas da vila dando vida a um dos palcos mais míticos das Caldas das Taipas (palco das piscinas). “Rock in Barco”, que trouxe o ano passado novamente o rock às margens do Ave; “O’Cunha”, o pub mais bonito do mundo, que pincela o centro da Vila com uma nova vida, com micro concertos e dj sets de Rock, não esquecendo o “Alameda” e a nova “Praça de bares das Taipas” que vão de tempos a tempos fazendo algumas festas rock. Não vou ser saudosista e referir velhos marcos como o Rock in Taipas, o Barco Rock Fest, ou o N101, ou o Palco 21, ups, mas já o fiz.  E a nível de bandas e djs’s? Ora bem vou falar apenas dos projetos que sei que estão ativos, e temos então os “Smartini”, “This pinguin can fly”, “Theo”, “Imploding Stars”, “Mustang”, “Gaspea”, “Segundo Minuto”, “Growing Circles”, “Jubilee”, “Divine Roguery”, “Noise at Valve”, “Outsiders”, “Who’s laughing now, Don Giovanni” e “Palco 21 Rock Team”.

Dj’s? Les Dirty Two, Los Bomboneros, Berto, Pedro Conde (oui c’est moi), Mr H, Black Stripes,  e a mais recentemente sensação vimaranense as Crocky Girls (sim, deste trio duas são taipenses, nascidas e criadas). Público? Já referi em cima um bom exemplo, mas em todos os eventos de rock que vou por esse país fora existe sempre um batalhão de taipenses na primeira linha. O que tem tudo isto em comum?? Rock e epicentro nas Taipas.

Serão então as Caldas das Taipas o novo centro do concelho a nível do rock?? Façam vocês as contas.

Facto é, o movimento rock existe, infelizmente é completamente informal, desorganizado e por isso lhe falta a força suficiente para ser reconhecido. O que significa isto na prática? Não lhe dão o crédito nem o devido valor. E pior, não há quem o defenda como um todo. Um pequeno exemplo para entenderem melhor, temos bandas suficientes para encher todas as salas de ensaio do Teatro Jordão, contudo nas Taipas, tirando a do Palco 21 (privada) não temos nenhuma.

Se não me falha a memória julgo até já ter visto, um projeto algures de salas de ensaio na nossa Vila. Contudo este investimento nem sequer é ponderado para a nossa Vila. Local onde provavelmente este investimento seria o mais eficiente e mais inteligente a nível do concelho. E certamente levaria este movimento a outros voos… Mas alguém levou esta ideia a algum lado e forçou quem manda a olhar para esta realidade?

Isto é apenas um exemplo de uma ideia que não pode cair por terra, que devemos reivindicar como direito nosso.

É importante mostrar a estes senhores que estamos atentos para que os investimentos futuros sejam feitos com um olhar mais atento a estas realidades locais, às características ímpares que nos diferenciam das outras terras. Apoiar e fomentar estas massas criativas, esta juventude, criando condições para que estes movimentos culturais que nos são particulares, cresçam, prosperem e se emancipem, alavancando sempre que possível a sua autossuficiência e consequentemente a sua independência.

Isto é apenas um exemplo. Mas um exemplo que muito explica sobre a realidade vimaranense. Descentralizar é a chave desta situação.  Nunca deveríamos esquecer que Caldas das Taipas é e será sempre Guimarães. Um investimento feito na nossa vila é um investimento feito em Guimarães tão importante como o que é feito na cidade. Descentralizar sim, mas não queremos só o peixe, queremos a cana e aprender a pescar para criarmos pescadores.  Não queremos estar eternamente com a mão subserviente e de joelhos a pedir o peixe, que nos é dado apenas ao sabor do vento das vontades e agendas políticas.

Mas isto são apenas as minhas teorias e ideias que lanço e assumo.  Nunca em nenhum momento deixo de ser,  nem em nenhum lugar que passo, nem com ninguém que me cruzo, com muito orgulho, um rapaz do Rock, Taipense, Vimaranense e Português, mas por esta ordem. E como diria um pensador amigo meu, “Viva às Taipas!!”, e eu acrescento, “e ao seu Rock!!”

A Banda que destaco este mês são os taipenses Segundo Minuto. São um projeto nascido há já alguns anos pelas mãos do seu vocalista Orlando Cardoso. Aproveitaram estes tempos de pandemia para marinar os seus temas de estreia em lume brando, e preparar o seu primeiro disco. Vi estes senhores ao vivo por duas oportunidades, e nesta última (1ª Noite de Rock Solidária promovida pelo clube Rotary das Taipas no passado dia 15 de Abril), fiquei mais uma vez muitíssimo bem impressionado. Um rock suave e moderno, em português, de uma maturidade técnica que raramente se vê em bandas portuguesas de 1ª liga.  Para isto ajuda como é claro uma formação de repetentes de outros projetos, todos músicos muito experientes, Carlos Pedro Marques (guitarra), Emanuel Lopes (Baixo), Emanuel Rodrigues (Teclas) e David Viegas (Bateria). Online já têm disponível 1 tema, sendo que o disco está para breve, por isso pesquisem e fiquem atentos porque também lançarão novas datas de concertos para o Verão, fica a sugestão.