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Um brinde à sua saúde? Sim … Mas sem álcool!

Rita Vale Lima
Opinião \ quarta-feira, agosto 28, 2024
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Em 2019, 2.6 milhões de mortes foram atribuídas ao consumo de álcool em todo o mundo, das quais 2 milhões de homens e 0,6 milhões de mulheres.

Quem nunca brindou com um bom vinho ou comemorou com uma cerveja fresca? O álcool faz parte da nossa cultura e está presente na mesa dos portugueses há anos, mas será que ele é tão inofensivo quanto parece? Leia e descubra o que a ciência diz sobre esta bebida tão popular.

Globalmente, cerca de 400 milhões de pessoas com 15 anos ou mais vivem com problemas associados ao consumo de álcool e cerca de 209 milhões vivem com dependência de álcool. O consumo de álcool é, na generalidade, superior no género masculino face ao feminino. Em Portugal, cerca de 37% dos portugueses consomem diariamente alguma bebida alcoólica, sendo que o vinho é a bebida mais consumida, seguida da cerveja e bebidas espirituosas. O consumo de risco e a dependência é também mais prevalente no homem e tem-se observado um aumento da prevalência do consumo nos jovens portugueses.

Em 2019, 2.6 milhões de mortes foram atribuídas ao consumo de álcool em todo o mundo, das quais 2 milhões de homens e 0,6 milhões de mulheres. Os maiores níveis de mortes relacionadas com o álcool foram observados na Europa com 52,9 mortes por 100.000 pessoas. Quanto a Portugal, 16 mortes por 100.000 pessoas foram relacionadas com álcool.

Então, afinal porque é que o álcool é tão prejudicial? O álcool, apesar de ser um velho conhecido da humanidade, está associado a sérios riscos e danos para a nossa saúde. O álcool, em particular o etanol, é uma substância tóxica, aditiva e classificada como carcinógeno grupo 1 pela International Agency for Research (IARC). O etanol está associado a vários tipos de cancro, sendo os mais prevalentes o cancro da mama no género feminino e o cancro colorretal no género masculino. Esta é só a ponta do iceberg! O álcool está, ainda, associado a um risco aumentado de desenvolver doenças crónicas como doenças do fígado, doenças cardíacas, e vários problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e dependência de álcool. Mas não para por aqui! Se conduzir ao beber álcool ou se estiver grávida, pode colocar, não só, a sua vida em risco como a dos outros. E os jovens? Os adolescentes e jovens adultos são os que mais sofrem com os efeitos do álcool, por interferir com o desenvolvimento físico e intelectual, e pela maior propensão para acidentes de trânsito e atos de violência.

E o que diz então a ciência sobre o álcool? Como já é há muito sabido, o risco de doença e a mortalidade aumenta substancialmente quanto maior o consumo de álcool. Até então, os estudos apontavam que o consumo de 10 g de álcool puro na mulher e 20 gr no homem, poderia ser considerado “seguro”. No entanto, os estudos mais recentes sugerem que não existe um nível de consumo de álcool considerado isento de riscos, dado que:

  • O consumo ligeiro a moderado tem sido associado a metade de todas as causas de morte por álcool;
  • Não existe evidência que indique que os potenciais benefícios do consumo ligeiro a moderado superem os riscos.

Em linha de conta com esta novidade, a Organização Mundial de Saúde tem promovido políticas públicas e intervenções para prevenir e reduzir os danos relacionados ao álcool. Foram ainda emitidas normas clínicas a nível nacional para que os médicos pudessem intervir de forma breve e mais eficaz no consumo de álcool em contexto de consulta. E a boa notícia é que o número de mortes atribuídas ao consumo de álcool diminuiu, embora discretamente, de 2010 para 2020.

Mas e então, o que podemos fazer para prevenir os danos? A primeira coisa é informar-se! Quanto mais souber sobre os riscos do álcool, mais fácil será tomar decisões conscientes. Em segundo lugar, é importante ter limites e saber dizer não. E se tem problemas relacionados com o álcool, procure ajuda!

Não deixe que o álcool comande a sua vida!

 

Nota: O consumo ligeiro considera-se < 20 gr de álcool puro por dia, equivalente a <1.5L de vinho, < 3.5 L de cerveja ou < 400 ml de bebidas espirituosas.