Três dos maiores festivais de música não se vão realizar em 2025
Lá vão três. Em 2025, três dos maiores festivais de música em Portugal — Super Bock Super Rock, Sudoeste e North Music Festival — não se realizarão, cada um por razões específicas relacionadas com mudanças estruturais e no panorama nacional.
Super Bock Super Rock
O Super Bock Super Rock, com quase três décadas de história, anunciou que não haverá edição em 2025. Segundo fonte oficial, a principal razão é a transição de promotor, após a separação entre a promotora Música no Coração e a marca Super Bock. Esta mudança visa preparar um regresso em grande para 2026, com a Super Bock a reafirmar o seu compromisso com a música e com o festival. E assim esperamos.
Festival Sudoeste
O Festival Sudoeste, realizado na Herdade da Casa Branca, também fará uma pausa em 2025. A organização (que também é a Música no Coração de Luis Montez), comunicou que esta interrupção servirá para preparar "um novo capítulo" na história do evento, prometendo novidades para o futuro. Embora não tenham sido específicos, dizem as más línguas que a ausência de um patrocinador principal, após o fim da parceria com a MEO em 2023, tenha influenciado bastante esta decisão.
North Music Festival
O North Music Festival, previsto para maio de 2025 no Porto, foi cancelado, devido a, segundo a organização, "problemas internos relacionados com a autorização da cedência do recinto". Apesar do cancelamento do festival, os concertos de Ivete Sangalo, Ornatos Violeta e o espetáculo "Cantar Morangos 20 Anos" serão realizados em novas datas. Este festival também já teve muitas paragens durante a sua história, e sempre lutou para se conseguir afirmar no panorama nacional.
A não realização destes festivais em 2025 reflete um período de transição e reestruturação no panorama dos grandes eventos de música em Portugal. As organizações e promotoras parecem focadas em redefinir estratégias e parcerias para assegurar a continuidade e o sucesso dos festivais nos próximos anos. Cada vez há mais concorrência e cada vez é mais difícil ter artistas em exclusividade e diferenciadores. Segundo números da Aporfest, em 2023 realizaram-se em território nacional 328 Festivais. É um número avassalador para um território tão reduzido. Ora bem, na minha modesta opinião o problema maior é que cada vez eles são mais parecidos uns com os outros e esta falta de identidade própria gera desinteresse. A pressão de ter público, de conseguir plateias nas casas das dezenas de milhar obrigou estas organizações a comprometer e procurarem os artistas que garantam isso mesmo, perdendo as linhas que tiveram na sua génese. Alguns dos mais recentes nem linha têm e basicamente, vale tudo. Além disso, temos a mudança dos públicos e da forma do consumo da música. Tudo é mais efémero, e a verdade é que vejo mais pessoas preocupadas em tirar selfies junto aos pórticos e aos palcos do que propriamente interessadas em ouvir e ver concertos. E esse público é difícil de fidelizar, porque muda a moda, e muda logo a vontade. Ao mesmo tempo o preço de tudo em torno desta indústria está cada vez mais inflacionado, desde cachets a valores galácticos, a bilhetes que parece já não estarmos em Portugal. A verdade é que em alguns destes festivais o publico alvo já não é só o nacional, e o turismo de festival é uma indústria em claro crescimento.
Assim resta-nos esperar para ver o que aí vem. Sabemos que nem todos os Festivais irão sobreviver, mas acima de tudo espero e que estas reestruturações tragam melhores eventos, onde acima de tudo se valorize o propósito principal que é ouvir música, seja rock, pop, pimba ou destes géneros modernos, o importante é que a música seja a razão central. A ver vamos!
[Conteúdo publicado originalmente na edição de Abril 2025 do jornal Reflexo]
Pub