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Toponímia X - Rua de Nossa Senhora de Fátima

Carlos Marques
Opinião \ domingo, junho 23, 2024
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Desde 1951 que o nome Rua de Nossa Senhora de Fátima sempre se confundiu com o de Lugar da Lameira, a maioria dos residentes, mesmo OS que moravam em frente à estrada definiam-se como da Lameira.

Andava a imagem peregrina da Nossa Senhora de Fátima pelo Minho quando no dia 14 de Setembro do ano de 1951 entrou na vila de Caldas das Taipas proveniente da então Estrada Nacional, agora, Regional nº 310, vinha da Póvoa de Lanhoso. 

Foi considerada uma honra a escolha da nossa terra, e, assim todos os seus habitantes numa verdadeira consagração à Virgem Nossa Senhora, receberam-na no Lugar da Rabata e dirigiram-na para a Igreja Matriz em verdadeiro delírio.

Perante tal cenário a Junta de Freguesia de Caldelas no intuito de ficar para sempre recordada e em jeito de glorificar a entrada da Virgem nesta vila, propõe à Câmara Municipal, que a parte da Estrada Nacional das Taipas à Póvoa de Lanhoso, que passa no Lugar da Lameira, desde o limite da Avenida da República até ao Lugar do Sequeiro, limite norte do Bairro do Padre António, por onde a mesma Imagem dera entrada lhe seja dado o nome de “Rua de Nossa Senhora de Fátima”.

Referindo ainda a Junta por este pedido subscrito apenas 2 dias depois da passagem da Senhora de Fátima, a 16 de Setembro de 1951 por José de Oliveira e por Joaquim Duarte, que ao apresentar esta solicitação julgava interpretar os bons sentimentos religiosos do Povo das Taipas, na certeza de que não haveria dúvidas que o Presidente da Câmara e seus Vereadores acabariam por aceitar a atribuição deste topónimo com regozijo e aplauso. 

Foi de facto assim, e a Câmara em sede de reunião ordinária logo 3 dias depois, a 19 de Setembro, e sem delongas deliberou deferir o requerido da Junta de Freguesia e atribuir a designação de “Rua de Nossa Senhora de Fátima” à parte da E. N. das Taipas para a Póvoa de Lanhoso, que passa na Lameira, desde o limite da Avenida da República até ao Lugar do Sequeiro.

Mais tarde, no ano de 1993, a Comissão de Toponímia de Caldelas no maior trabalho realizado neste âmbito, vendo que não figurava ainda o nome de “Lameira” decide-se pela atribuição e consignação deste tão importante topónimo, o de “Lameira”, e, assim a Rua de Nossa Senhora de Fátima fica encurtada, passando o seu início a ser da Rua dos Cuteleiros até à Rua de Nossa Senhora dos Remédios, ficando a “Rua da Lameira” desde a Avenida da República até ao início da Rua Nossa Senhora de Fátima/Rua dos Cuteleiros.

Desde o ano de 1951 que o nome Rua de Nossa Senhora de Fátima sempre se confundiu com o de Lugar da Lameira, a maioria dos residentes, mesmo aqueles que moravam em frente à estrada nacional definiam-se como da Lameira.

Durante mais de 10 anos, o Conservador do Registo Civil que, ao tempo funcionava na vila de Caldas das Taipas, não precisávamos de ir a Guimarães para este efeito, também ele não aceitava a adopção do topónimo “Rua de Nossa Senhora de Fátima” nos Assentos de Nascimento e consequentemente nas Cédulas Pessoais de cada um que ali nascesse. Teimava em averbar o de “Lugar da Lameira”, até que um cidadão que não era totalmente desprovido de inteligência, o cutileiro José Mendes Pereira, irmão de David que era o carteiro local, e, por isso defensor e sabedor do real valor da toponímia, obriga o Ajudante do Posto de Registo Civil e cumulativamente professor primário a registar seu filho Manuel Duarte Pereira nascido a 3 de Julho de 1962 como na Rua e não Lugar da Lameira, pois sabia que a Câmara tinha enviado o ofício nº 902-S de 21-09-1951 à Junta de Freguesia, e da mesma forma a Câmara dera conhecimento à Conservatória do Registo Civil.

Ontem como hoje há ainda muitas pessoas e algumas empresas a residirem na “Rua da Lameira” continuando com seus registos na outrora Rua de Nossa Senhora de Fátima.

Caldas das Taipas, 31 de Maio de 2024