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Solidários com a Ucrânia

Alfredo Oliveira
Opinião \ terça-feira, março 29, 2022
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A Rússia acabou por invadir um país soberano e as razões evocadas, claramente, não justificam essa invasão.

A 24 de fevereiro de 2022 teve início a maior invasão militar, em território europeu, desde a Segunda Guerra Mundial. A minha geração passou a sua vida a ouvir falar de guerras noutros continentes e acreditava que jamais algum país iria invadir outro no continente europeu. A guerra no interior da Jugoslávia, na década de 90 do século XX, que infelizmente não mereceu a mesma cobertura mediática que tem a atual situação, foi o primeiro choque de realidade e veio mostrar que a Europa não estava imune aos conflitos armados. Essa guerra levou ao desmembramento da Jugoslávia e morreram mais de 200 mil pessoas.

Fomos daqueles que acreditavam ou queriam acreditar que a Rússia e a Ucrânia iriam resolver os seus problemas sem os levar ao confronto armado. A Rússia acabou por invadir um país soberano e as razões evocadas, claramente, não justificam essa invasão.

Acreditamos que, com negociações sérias, se chegaria à conclusão que a Ucrânia não deveria fazer parte da NATO; que Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, deveriam ser regiões autónomas pertencentes à Ucrânia; que a Crimeia, apesar de tudo, seria um território russo e que a Ucrânia poderia negociar a sua entrada na União Europeia.

No desenvolvimento desta agressão, a Europa deu uma resposta de união, tomou posições dignas e outras que podem ser questionadas. Até que ponto é justo e condizente com o espírito democrático ocidental e de defesa da liberdade encerrarmos canais russos de televisão, boicotarmos a presença de desportistas russos, em termos individuais, em provas internacionais ou proibirmos a atuação de cidadãos russos em eventos culturais na Europa. Para não falar da questão dos refugiados.

Neste momento, um dos problemas passa por não existir um intermediário forte e reconhecido pelas partes envolvidas, para se negociar um acordo que possa pacificar a região. Os EUA, com as declarações incendiárias do seu presidente, nada contribuem para esse desiderato. A China, com a desconfiança existente de poder estar a trocar favores com a Rússia para uma possível invasão de Tawain, também não nos parece que vá desempenhar esse papel. A Turquia bem gostaria de ter sucesso nesse cenário.

A Alemanha e a França deveriam dar passos consistentes nesse caminho. Serão os países que reunirão as melhores condições para assumirem a liderança de um percurso que possa levar à concretização de um acordo de paz. Falta saber se Putin (e não dizemos a Rússia) estará interessado nesse acordo de paz.

Por sua vez, a sociedade civil vai promovendo diversas iniciativas solidárias. Nesta edição apresentamos um trabalho do que a sociedade, devidamente enquadrada com as instituições oficiais, pode e deve fazer nestas situações de calamidade.