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Rituais Funerários megalíticos: A Mamoa dos Galouros

António Freitas
Opinião \ segunda-feira, abril 01, 2024
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Uma das formas de enterramento, utilizadas neste período e que curiosamente nos surge com uma grande profusão no Concelho de Guimarães, são os monumentos megalíticos funerários, designados por mamoas.

A região do Minho era povoada, já no período conhecido como Neolítico, por várias comunidades, nas zonas de vale, montanha, ou em aproveitamentos de abrigos rochosos naturais. Apesar das evidências dessa presença terem chegado até aos nossos dias de uma forma bastante escassa, é necessário um cuidado especial para a sua análise, que se baseia nos vestígios arqueológicos encontrados até agora.

O tema dos rituais funerários, compreendidos entre a segunda metade do V milénio e inícios do IV milénio A.C, foi já estudado por vários autores e os dados recolhidos e interpretados até aos nossos dias continuam a necessitar ainda de investigação, no que aos espaços destinados ao final da vida dizem respeito.

Uma das formas de enterramento, utilizadas neste período, e que curiosamente nos surge com uma grande profusão no Concelho de Guimarães, especificamente nas áreas referentes às freguesias de Caldas das Taipas, São Cláudio de Barco e São Salvador de Briteiros, são os monumentos megalíticos funerários, designados por mamoas.
Parte destas estruturas foram ainda identificadas por Francisco Martins Sarmento, nos finais do século XIX, o que nos proporciona alguma informação de base, apesar de se desconhecer a localização especifica de várias mamoas por ele referidas. Isto acontece, pelo facto de serem vestígios arqueológicos bastante frágeis e simples, que ao longo do tempo podem ter sido destruídos, através do recurso a terraplanagens ou mesmo por possíveis tentativas de saque, para se retirar um possível espólio do seu interior. As transformações verificadas também no padrão da vegetação, tornam hoje mais difícil a visualização destes túmulos.

Mamoa dos Galouros - São Salvador de Briteiros

As mamoas caracterizam-se por serem formadas por montículos artificiais de terra, que poderiam ter desde a dimensão um pouco maior que uma pessoa, ou até mesmo chegar aos vários metros, não passando despercebidas a quem por elas passava. No seu interior, poderia ainda existir uma câmara sepulcral, apesar de na maior parte das vezes esta não ser identificada.

Estes espaços poderiam ser feitos com o intuito de enterrar apenas uma pessoa, ou até mesmo ser destinado a um conjunto delas. Não é raro, no entanto, encontrarmos várias mamoas no mesmo local, delimitando especificamente um lugar utilizado para rituais fúnebres, por uma comunidade que habitava não muito longe desse espaço.
Um exemplar destas estruturas, designada por “Mamoa dos Galouros”, na freguesia de São Salvador de Briteiros, está dentro de uma das propriedades de Francisco Martins Sarmento e que atualmente está na posse da Sociedade Martins Sarmento. A atual utilização florestal deste terreno, salvaguardou a área da mamoa, que foi sinalizada, encontrando-se assim preservada e protegida.

Esta mamoa é um dos exemplos de uma boa prática, no que à preservação de vestígios arqueológicos diz respeito, possibilitando-se assim o contínuo estudo e interpretação destas estruturas, melhorando-se dessa forma o conhecimento existente relacionado com os finais da vida do nosso passado.