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Convirá promover em Guimarães a criação de um Museu Industrial?

António Freitas
Opinião \ segunda-feira, agosto 07, 2023
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Convirá promover no Concelho de Guimarães a criação de um Museu Industrial, dedicado à história das suas indústrias? Não existirão certamente dúvidas para esta resposta.

Os antepassados produtivos no concelho de Guimarães, remontam a um período que designamos por Idade do Ferro, a partir de 700 A.C., onde nos vários Castros se produziam utensílios metalúrgicos, ligados a armamento, à agricultura, peças de olaria de uso doméstico e têxteis, conseguidos através da fiação e tecelagem, utilizadas pelos povos que habitavam o território a que chamamos hoje de Guimarães.

No entanto, a industrialização, no Concelho de Guimarães, nasceu nos finais do século XIX, onde neste território se davam os primeiros passos no caminho da evolução.

No ano de 1881, os primeiros inquéritos industriais, indicavam que o Concelho era marcado por um grande atraso ao nível da mecanização, pouco utilizada nos processos de fabrico, fortemente debruçados sobre modelos manuais, onde a falta de técnica não permitia uma produção de excelência e em maior quantidade, em áreas como os Curtumes, Metalurgia, Industria do Papel e na Tecelagem de Algodão, compostas por pequenas unidades domésticas produtivas, de famílias de operários, dispersas por um território marcadamente rural.

No ano de 1884, de entre vários objetivos, mas principalmente como resposta aos resultados obtidos nestes inquéritos, a Sociedade Martins Sarmento promoveu, pela primeira vez no país, uma Exposição Industrial de caracter Concelhio e para espanto de todos, nas várias salas do palácio de Vila Flor, local onde se realizou a exposição, fizeram-se representar mais de 43 classes industriais vimaranenses.

No ano de 1900, na Sede da Sociedade Martins Sarmento, é inaugurado o Museu Industrial de Guimarães, fruto dos bons resultados da exposição de 1884, que lá permaneceu até ao ano de 1907, exibindo aquilo que melhor se fazia nos vários ofícios do Concelho, mas que teve uma curta duração.

Nos nossos dias, o Turismo Industrial atrai cada vez mais seguidores, adquirindo já uma grande expressão em vários locais. Guimarães, preservou desde tempos remotos o seu caracter industrial, fazendo-o evoluir, produzindo hoje nos seus vários ramos, aquilo que traduz em parte a evolução do seu povo.

No ano de 2022, vimos ser aprovada a candidatura para alargamento da área classificada como Património Cultural da Humanidade à zona de Couros e poderá ser uma grande oportunidade para se valorizar, salvaguardar e promover o património industrial de Guimarães no seu todo, valorizando-se posteriormente o património histórico dos seus vários outros ofícios, que definem a sua industrialização.

Termino com a questão feita por Alberto Sampaio, num artigo escrito para a Revista de Guimarães, no ano de 1884, “Convirá promover uma Exposição Industrial em Guimarães?” e que me permitirá certamente adaptá-la à realidade dos nossos tempos da seguinte forma:

Convirá promover no Concelho de Guimarães a criação de um Museu Industrial, dedicado à história das suas indústrias? Não existirão certamente dúvidas para esta resposta.