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Praia Seca e Avenida Rosas Guimarães

Alfredo Oliveira
Opinião \ quinta-feira, março 30, 2023
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Como é que reagiria Rosas Guimarães ao ver o que se está a passar em Caldas das Taipas e, principalmente, na “sua” Avenida?

O processo de atribuição do estatuto de água balnear para a Praia Seca não é um fim em si ou, pelo menos, não deve ser. Atingir esse patamar terá um significado mais profundo, será um claro sinal de que a sociedade jamais irá permitir um regresso ao passado, onde valia tudo. Tempo, onde as empresas, as entidades, os cidadãos e os próprios órgãos autárquicos viam os cursos de água como algo que se podia usar indevidamente, com a justificação de um crescimento socioeconómico. Durante décadas foi tudo permitido. Despejar no rio as águas usadas para fins industriais ou despejar no rio o saneamento de construções licenciadas pela Câmara foi algo a que se fechava os olhos ou se olhava para o lado. Há trinta/quarenta anos atrás, aquilo que era normal para um jovem – dar um mergulho no rio Ave - tornou-se, nos dias de hoje, algo que os jovens consideram impossível ou mesmo estranho.

Poderá ainda não ser este ano que Guimarães passe a ter a sua primeira praia fluvial certificada, mas temos de reconhecer o trabalho da Junta de Freguesia e outras entidades para que tal aconteça.

 

Como é que reagiria Rosas Guimarães ao ver o que se está a passar em Caldas das Taipas e, principalmente, na “sua” Avenida?

Pelo que se conhece, não iria organizar uma manifestação, mas, certamente, não ficaria impávido e sereno, ao verificar o atrofiamento da ”sua” avenida e da sua “decoração” na sua parte superior. Local que já teve o seu busto e, agora, passa a ter moloks. São opções!

Em 2021, a 19 de junho, inaugurou-se o reperfilamento da Alameda Rosas Guimarães. Em 2023, temos uma outra intervenção nessa área. A ideia que fica é que, quanto mais se altera, mais a identidade deste espaço se perde.

Qualquer plano ou projeto sustenta algo que se pretende realizar. Esses planos ou projetos servem para servir uma comunidade. Se parte desse plano ou projeto revelar que não serve uma comunidade, o que se deve fazer? Devemos ficar presos ao argumento de que “o documento esteve, no seu tempo, em discussão pública e agora já não se pode mexer”?

Nunca se irá agradar a todos nem a intervenção acolherá unanimidade, mas acreditamos que ainda se pode reverter algumas situações e melhorar outras.