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Os Avós

Vera Rosas Guimarães
Opinião \ quinta-feira, outubro 21, 2021
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Já dizia o ditado... “Avós são Pais com açúcar”. Avós conseguem passar os valores imprescindíveis a uma criança de uma forma única e deliciosa.

São esses: Honestidade, tolerância, respeito, bondade, generosidade, amabilidade, carácter e responsabilidade.

Quando penso no meu percurso/crescimento, as lembranças mais vivas que me ocorrem de imediato são efectivamente as vividas com os meus avós. Momentos esses únicos e maravilhosos que levo para a vida.

Figuras ímpares e fantásticas do grupo a que chamamos de “Família”!

Num modo geral, quando se fala no avô (“Bu”, “avozinho”…) ou na avó (“Vó”, “vozinha….”) fala-se com carinho, saudade.

No meu caso, foram pessoas que, de forma abnegada e incondicional, participaram na minha vida e ajudaram a ser quem sou hoje.

Claro está que a responsabilidade primeira deverá caber aos pais.

É aos pais que compete a educação e orientação dos filhos, dar carinho e responsabilidade, criar bases materiais e emocionais para que os filhos possam enfrentar no futuro a idade adulta.

Os pais devem também criar laços de cumplicidade com os filhos. Devem proporcionar não só disciplina, mas também segurança e carinho.

Tudo isto é do senso comum. Creio que a grande maioria das pessoas concorda com o que escrevi até aqui.

A questão que coloco é: dentro da família qual é/ deve ser o papel dos Avós? De que maneira podem/ devem participar na vida dos netos? Até onde podem ir sem interferir/ desautorizar os pais? Os Avós são “pais duas vezes”?

Claro que não existe uma “resposta milagrosa” e única para estas questões e cada caso é um caso.

No contexto actual, com um ritmo de vida acelerado, pai e mãe com as suas profissões, as próprias exigências sociais, por vezes, deixam pouco espaço para atender às necessidades dos filhos.

Claro está que toda esta azáfama, esta ausência, geralmente é justificada como sendo tudo para o bem dos filhos o que, pelo menos de intenção, poderá ser, mas na realidade cria alguns problemas.

No meu caso, fui uma felizarda! Pude contar com os meus Avós!

Meu pai e minha mãe, como tantos outros, trabalhavam e eram os meus avós que cuidavam de mim na sua ausência.

Podia sempre contar com um ou com outro para conversar, para passear, para brincar e, de vez em quando, para um raspanete ou castigo quando fazia alguma malandrice (claro que passado o castigo lá vinha o mimo e o carinho).

Dos meus Avós recebi educação, histórias de vivências de outros tempos.

Se alguma coisa estivesse a correr menos bem, tinha neles um “porto seguro” sempre disponível para me acolher.

Quando fui mãe (já sem os meus avós) pude ter outra perspectiva dos avós. Foi ver os meus filhos a relacionarem se com os meus pais.

Muitas coisas encontrei em comum. Todo o carinho e dedicação estavam lá, mas existiam algumas diferenças.

Habituada a ver os Avós como uma fonte de conhecimento e amor, não me tinha apercebido da existência de uma reciprocidade.

Dei por mim a ver a minha filha a ensinar o avô a navegar na Internet, a explicar o funcionamento do computador, a falar de como interagia de forma diferente com os colegas/ amigos, o meu filho a orientar e a tirar dúvidas à avó sobre como sintonizar canais de televisão...

Vi os avós dos meus filhos (num contexto diferente) a transmitirem o carinho, o amor e os ensinamentos que eu, com os meus avós recebi.

Claro está que esta foi a minha experiência pessoal. A vida nem sempre proporciona as condições necessárias para que seja a ideal, à que nós desejamos.

Como existem vários tipos de pais, também existem tipos diferentes de avós. Uns carinhosos, outros mais disciplinadores (por vezes a exemplo do que fizeram com os filhos) etc..

Não tendo conseguido (e talvez não desejado) definir a “função” dos Avós, a certeza porém de que são elementos importantíssimos nas nossas vidas! São elementos que devem ser valorizados e reentregados nas nossas famílias!