Noise At Valve, os Zamora e dois dias no Rock mo rio Febras
Na edição deste mês, venho falar-vos de dois grandes concertos de bandas vimaranenses a que tive oportunidade de assistir em Guimarães, em dois espaços diferentes, que têm em comum o facto de serem espetaculares para ver concertos ao vivo.
Em primeiro lugar, o concerto no Convívio dos Noise At Valve. O que posso dizer? Adorei. Primeiro, gosto de ver concertos assim, sem palco, onde o público fica em cima das bandas. Nestas salas pequenas, às vezes, o som pode ser um problema, contudo, estava fantástico (parabéns ao Bruno, que estava ao comando da mesa de som). Um concerto sem truques, direto: guitarra, voz, baixo e bateria, tudo no ponto, num volume em que se percebia tudo sem que o som estivesse exageradamente alto (tendo em consideração que gosto de concertos com volume alto e que me façam sentir as vibrações do som no corpo, ou seja, sou bastante duro de ouvido... velhices!). Os Noise At Valve são um projeto já com alguns anos de existência e que estão, neste momento, a terminar o seu primeiro disco. A sua sonoridade faz-me recuar ao melhor dos anos 90, algures entre uns Sonic Youth e o Bleach, dos Nirvana. Linhas sonoras comandadas por uma guitarra sónica envolvente, com registos simples que vão do mais doce som limpo à mais rasgada e áspera distorção. Camadas de som muito bem construídas entre voz, guitarra e baixo, com uma seção rítmica à altura. Espero verdadeiramente que o disco deste trio taipense (Alávaro - guitarra/voz, Mário - baixo e João - bateria) salte cá para fora brevemente, porque tenho imensa curiosidade em ouvir e, certamente, pela plateia, não serei o único. Parabéns também ao Convívio por manter este tipo de concertos ao vivo, um oásis num panorama em que cada vez se vê menos espaços a apostarem em música alternativa, especialmente emergente.
Em segundo lugar, a apresentação oficial dos vimaranenses Zamora, também em Guimarães, desta vez na Black Box do CAAA. Este projeto chamou-me a atenção devido ao seu primeiro single, "Skin on Fire", que me foi enviado em preview pelo baixista da banda, Pedro Teixeira. Gostei automaticamente, e gerou em mim de imediato a vontade de ver este novo projeto ao vivo. Logo percebemos que, apesar de ser a sua apresentação oficial, esta é uma banda que já tem alguns anos de maturação. O projeto tem cerca de dois anos, com músicos experientes de outros projetos e bandas (Cláudio Braga - voz, Samuel Gomes - guitarra, Pedro Teixeira - baixo, Marcos Castro - bateria e Andreia Gomes - sampler e guitarra). Os Zamora posicionam-se algures entre o hard rock e o metal do início dos anos 2000, por isso, o tema que tocaram ao vivo dos Deftones, "Change", podia ser perfeitamente seu e encaixou que nem uma luva no seu repertório. Apesar de ser a estreia, os Zamora tiveram um CAAA completamente cheio, com um público que mostrou que tinha estudado a lição e já sabia cantar partes do seu novo single, "Skin on Fire", sendo este outro dos momentos altos da noite. Do concerto, uma nota também para a qualidade muito acima da média da voz de Cláudio Braga, frontman deste projeto, que esteve irrepreensível. Como em todas as estreias, notou-se algum nervosismo nos primeiros temas, que se foi esfumando à medida que o concerto avançava. Foi, sem dúvida, uma grande estreia para esta nova banda de Guimarães, que, entretanto, já lançou o seu segundo single. Por isso, estejam atentos porque brevemente terão novas datas. Nota de louvor também a esta sala, que tem mostrado uma enorme dinâmica ao longo dos últimos anos, com uma programação constante, dando palco a muitos novos projetos. Um sítio fantástico para ver concertos ao vivo em Guimarães. Parabéns, CAAA!
Por último, e como não poderia deixar de ser, um shout-out à navegação, apenas para a divulgação oficial das primeiras bandas do Rock no Rio Febras 2025. E que bandas, meus amigos! No comunicado, podemos confirmar que, efetivamente, teremos febras e bifanas durante dois dias pela primeira vez na história deste festival, campismo e, pelo menos, já estão confirmadas duas bandas que vão garantir uma grande festa (em abril podem começar a comprar os primeiros kits, e não digam que não avisei!). Em primeiro lugar, José Pinhal Post-Morten Experience, e mais não é preciso dizer. Daqueles projetos que nenhum rockeiro que se preze assume que gosta, mas que, na verdade, vejo todos a cantar as músicas. Não há concerto que não acabe sem um pezinho de dança e um enorme bailarico. Festa garantida! Em segundo lugar, os norte-americanos Dandy Warhols, conhecidos mundialmente pelo seu rock psicadélico e enormes performances ao vivo, e, em especial, em terras lusas, pelo seu single "Bohemian Like You", mas não só. Confesso que ter uma banda deste nível a fechar a tour europeia no Rock no Rio Febras enche-me o coração. Ainda mais (e podem confirmar esta parte no site oficial da banda) quando, no seu site, aparece junto a enormes venues europeias: "Rock No Rio Febras 2025 - Salvador de Briteiros - Portugal". Prova de que, efetivamente, tudo é possível em Briteiros! Por isso, não percam o próximo episódio desta bela história, porque nós também não!
[Conteúdo publicado originalmente na edição de Março 2025 do jornal Reflexo]
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