No deambular dos 35 anos da Taipas Turitermas
Ainda a propósito do escritor Ferreira de Castro, dizer que no ano de 1962 a escolha para o veraneio e cura de repouso pelas Caldas das Taipas depois do encerramento hoteleiro de Melgaço, foi porque a nossa vila vinha no mapa das estradas principais de Portugal conforme revela a imagem. O que não aconteceria hoje, porque a autarquia nos roubou esta acessibilidade por cima alegando motivos mentirosos, quando o governo nos quis contemplar, eu pugnei por escrito de quem logrei resposta positiva do ministério, mas a este chegou a informação autárquica que o melhor seria não construir o nó de acesso à Auto-Estrada, fui derrotado, mas quem ficou a perder foi toda a nossa comunidade.
Bem que queria participar na tertúlia do próximo dia 4 de junho comemorativa dos 35 anos da primeira régie-cooperativa criada no município de Guimarães, como o fiz quando da celebração dos 30 anos da Oficina. Como a data não mo permite, aproveito este ensejo para algumas considerações, sem que, antes releve o trabalho que todos os dirigentes e empregados da Taipas Turitermas levaram a cabo ao longo destas 3 décadas e meia.
Sou o cooperante nº 25, mas nunca me chamaram para cooperador, a não ser quando na presidência do CART entre 1996 e 1999 teve o cargo de secretário da Mesa da Assembleia Geral, amiudadas vezes oferecia os meus préstimos aqui e ali aceites, acolá recusados.
Se na parte da exploração do negócio da cura termal sucedendo à Empresa Termal das Taipas, SARL a cooperativa esteve bem ao dotá-la de melhoramentos nos edifícios e na aquisição de modernos e novos equipamentos, donde se destaca a piscina coberta, bem assim na área da saúde associada à beleza, e, essencialmente na fisioterapia termal como prestador da Segurança Social Portuguesa.
Mas, no que realmente a Taipas Turitermas não esteve e não está particularmente bem, é na vertente do Turismo.
A cooperativa foi criada em 22/12/1985, e a sua 1ª Assembleia Geral realizada na sala do Quartel dos Bombeiros em 23/05/1986, o Presidente da Direcção Provisória, Manuel Ferreira então também vereador do PS na Câmara Municipal de Guimarães, edilidade presidida por António Xavier eleito pelo PSD, lembrou que a par da CMG são também fundadores além de diversas entidades colectivas e particulares, a Junta de Freguesia de Caldelas e a Enatur, a quem conferia especiais responsabilidades.
Disse designadamente, que seria preciso tirar das Taipas o máximo rendimento e que faria da vila o que ele merecesse, que voltaria a ter a vida doutros tempos, que nunca veio a acontecer, que era esta a vontade da sua direcção composta por apenas 3 elementos, como secretário Manuel Sousa Marques em representação da Junta de Freguesia de Caldelas e como tesoureiro Abílio Crespo Costa Menezes.
Disse mais nesta mesma Assembleia que a Taipas Turitermas herdara todo o património que era das Taipas e pela Junta de Turismo comprado, com o qual a CMG se outorgou para a subscrição do capital inicial em espécie, e erradamente pois dele não era proprietária, como sempre o afirmei, situação que teve de corrigir 28 anos depois.
Fora do quadro dirigente naquela 1ª Assembleia Geral fui o 1º cooperante a intervir, e pedi precisamente que o campo de acção da Taipas Turitermas fosse o mais abrangente possível, ao qual o Presidente da Direcção prometeu estar atento, que criaria uma estrutura multifacetada conforme as necessidades que se viessem a revelar num claro sinal de dinamismo que se pretendia.
O 2º a intervir foi o cooperante nº 28, António da Silva de seu nome, abordou 3 projectos para os quais concorria, o da exploração do Bar do Campo de Ténis, o da colocação de barcos no Rio Ave e o da colocação dum mini-mercado no Parque de Campismo, estas 2 últimas valências ao longo destes 35 anos nunca firam prosseguidas talvez porque ele era do Partido Comunista.
Registo a intervenção do cooperante Fraga Matos ao pedir a criação dum Museu para a vila, doutros diversos cooperantes a pedir que a praia fluvial fosse vigiada, e a do Presidente da Junta de Freguesia, Francisco Costa e Silva, que secretariava a mesa dos trabalhos, que a suas instâncias fez a CMG pela voz do seu representante Manuel Ferreira responder que se a lei o permitir pode vir a Junta de Freguesia de Caldelas a assumir o seu cargo, o da CMG, querendo dizer o exercício da presidência da Direcção e do Conselho Fiscal da Taipas Turitermas, o que nunca veio a acontecer.
Foi nesta mesma Assembleia que o Presidente da Direcção em representação da CMG disse que não poria de parte os mecanismos legais necessários conducentes a abertura do Hotel das Termas então encerrado, risco que volta a correr neste ano, dado o estado de insolvência actual da firma sua proprietária, a Empresa Termal das Taipas, SA, a merecer a mesma atenção, acuidade e vigilância da actual Presidente da Direcção da Taipas Turitermas.
Mais frisou que a melhor forma para a reabertura dos banhos e dos tratamentos termais até então fechados, seria a construção duma piscina de recuperação para dinamizar o termalismo todo o ano, tendo dito que para satisfazer a procura as Taipas precisariam de mais 2 ou 3 piscinas. Que estaria atento à valorização do património e com o que viesse do exterior. Falou de protocolos com gente do Brasil e da Alemanha Federal para a animação turística e uma aproximação a todos os clubes da vila e da região, compreenda-se das 26 freguesias da área de influência da Junta de Turismo de Caldas das Taipas, afirmando também que os animadores culturais da Câmara viriam à vila quando necessário.
Ora, nada disto aconteceu, porque a CMG tratou de criar na cidade e para a servir mais 2 cooperativas, a OFICINA e a TEMPO LIVRE é ver a imensidão de equipamentos de muitas dezenas de milhões de euros que cada uma delas gerem e as muitas pessoas que as servem. Também para estas 2 empresas municipais fui subscritor da escritura constitutiva, para a cultura na qualidade de cooperante particular da OFICINA, e para o desporto na qualidade de então Presidente da Direcção do CART da TEMPO LIVRE, não deixando de em ambas colocar as minhas ideias e o meu sentido crítico mais amiudadas vezes na cultural OFICINA, mas também na desportiva, lembro-me duma das primeiras acções da TEMPO LIVRE foi a da criação duma nova variante, a do desporto de praia nas modalidades de futebol e voleibol que já existiam na vertente tradicional no CART onde lá em plena assembleia defendi a favor do CART, que as actividades se realizassem nas praias das Taipas, onde na Praia Fluvial do Parque existia já o 1º circuito de manutenção concelhio, conforme imagem anexa, conseguido instalar a partir dum pedido feito pelo CART à então DGD, mas assim não quis aquele que ainda hoje é o Presidente da Direcção da cooperativa, fizeram-no na cidade sem praia.
Se ao tempo, nos anos 30 do século XX fomos pioneiros no vasto concelho, com os equipamentos desportivos, foi preciso esperar décadas para que em Guimarães tivesse campos de ténis, ringue, piscina, e, agora e vê-la a vangloriar-se com muitos e para as mais diversas modalidades, dos melhores equipamentos do país, quando a Taipas Turitermas ao longo destes 35 anos apenas conseguiu para a prática desportiva uma piscina grande, e, um edifício multi-usos que substituindo o ring, afastou-o da prática regular e fruição pública do cidadão não tendo percebido que faz falta na vila um pátio desportivo desta natureza, não ter de se pedir a ninguém para o utilizar.
O Turismo de Caldas das Taipas foi um dos grandes pilares do desenvolvimento da terra, quando aqui conseguia atrair milhares e milhares de visitantes vindos de todo o mundo, ao invés de agora, cujo parque hoteleiro é predominantemente utilizado por distribuidores e clientes de panelas de pressão e taparueres, que acaba de levar à falência a empresa proprietária do Hotel das Termas.
Do que me é dado saber, nunca a cooperativa responsável por um vasto território teve uma política de promoção turística a favor de Caldas das Taipas, exceptuando para a vertente Termal, por isso nada quis saber sobre a nossa ligação à Auto-Estrada, ao reforço das carreiras rodoviárias às estradas principais, à passagem e ligação ferroviária, à defesa dos interesses dos seus 5 Monumentos Nacionais, e de vários de interesse público e municipal, como sempre fez a Junta de Turismo de Caldas das Taipas.
Muito trabalho tem a actual Presidente da Direcção, Drª Sofia Ferreira, especializada e com o pelouro do Turismo na CMG, filha do 1º Presidente que há 35 anos apresentou um plano como ele mesmo apelidou de louco, para o qual lhe sugiro que reverta uma das decisões pandémicas e volte a colocar a sede da cooperativa na Avenida da República, bem no centro da vila, comprando um dos edifícios lá à venda, nele reabrindo o Posto de Turismo conforme imagem e divulgue a vila de Caldas das Taipas pelas 4 cantos do mundo, chamando-o a visitar a Princesa de Guimarães como dizia a D. Dinora Costa representante da Enatur-Empresa Nacional e Turismo, EP e Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Taipas Turitermas na vila de Caldas das Taipas, que é Monumental, Termal, Turística e Capital Nacional da Cutelaria.
Caldas das Taipas, 31 de Maio de 2021