“Mártir da Caridade e Santo para o povo – Exemplo muito fora do vulgar”
O topónimo tem origem numa decisão que a Junta de Freguesia de Caldelas reunida em 16 de Maio de 1981 a tornou pública em Edital assinado pelo seu presidente Francisco Martins Costa e Silva, o executivo autárquico por si presidido pede às associações e às pessoas singulares sedeados e residentes na freguesia a indicação de nomes para passarem a figurar na toponímia local conducente à discussão e votação para ratificação em sede de assembleia. A proposta “Padre José Maria Felgueiras” foi apresentada pelo Padre Manuel Joaquim de Sousa em representação da Comissão Fabriqueira de Caldelas, que em sede da sessão de Assembleia de Freguesia ocorrida em 5 de Setembro de 1981 onde estavam presentes oito deputados, e através de voto secreto proposto pelo deputado Fernando Guerreiro, mereceu seis votos a Favor, um voto Contra e uma Abstenção. Estrando assim aprovado a Junta de Freguesia aloca o seu nome à artéria que vai do Largo António Gonçalves até à Rua do Monte das Cruzes, agora até à Avenida 25 de Abril.
O proponente defendeu a proposta fundamentando-se tendo descrito em 1 de Junho de 1981 que é filho da benfeitora “Casa da Seara falecido com fama de santidade no Hospital de Palência-Espanha, vítima dum acidente ferroviário quando tentava salvar (o que conseguiu) o miúdo, aluno do colégio missionário. Homem, sacerdote e missionário que a todos cativava com o seu coração de oiro”
Padre José Maria Felgueiras à esquerda e ao meio um dos seus amigos das taipas, Manuel José Sousa do Talho.
Todos consideravam o Padre José Maria, mártir c com vida imaculada, foi contemporâneo do padre Joaquim de Sousa que teve em mãos um projecto de o santificar, tendo-lhe faltado a força suficiente para o canonizar, que, a acontecer seria muito importante para o nosso turismo religioso, agora tão em voga. Parece-me que os membros da igreja católica local devam ressurgir aquela intenção.
Ao que o padre Joaquim que foi quem me deu os sacramentos de baptismo, da 1ª comunhão, da comunhão solene, do crisma, e do casamento disse em 1981, agora acrescento em abono do putativo santo:
1911/03/06: Nasce em São Miguel das Caldas de Vizela. Porque ali viviam os seus pais, José Joaquim Baptista Felgueiras, com a profissão de notário e Maria de Araújo Pereira de Vasconcelos.
1913: Muito novo, com 2 anos de idade vem viver para a Casa da Seara em Caldas das Taipas, na companhia das tias paternas.
1917: Volta para casa dos seus pais em S. Miguel das Caldas.
1919/04: Vem definitivamente, para a Casa da Seara, por seu pai ter sido transferido como notário para as Taipas.
- Começa a ler todas as publicações que dizem respeito às Missões, principalmente uma revista editada pela Congregação do Espírito Santo, com seminários em Viana do Castelo e em Fraião/Braga, onde se preparam missionários para a província portuguesa de Angola e para o Congo belga.
1924: Matricula-se no 1º ano do Liceu de Guimarães, onde termina o 5º ano com 16 valores, a nota mais elevada do curso.
- Tem espírito estruturalmente cristão, dotado duma inteligência viva, penetrante, com grandes qualidades de apego aos estudos, é de longe, o melhor aluno do seu curso. A ele recorrem os menos estudiosos, que a todos atende com paciência evangélica.
1926: Pede conselho ao Padre Augusto da Cunha Guimarães, mais tarde Bispo de Angra do Heroísmo, e transmite-lhe, o desejo de se entregar à vida apostólica de evangelização dos negros do sertão africano.
- O padre não o aconselha no seu desejo. Lembra-lhe que a vida missionária é feita de renúncia, de desapego aos bens terrenos. Sabendo que José Maria, agora na qualidade de órfão de pai, tem a estrita obrigação de prestar amparo material à sua mãe e a suas irmãs. Acrescenta-lhe que pode ser um bom cristão e um óptimo servo de deus no exercício de uma profissão razoavelmente remunerada, como a de professor liceal.
1929: Matricula-se no 6º ano de Letras do Liceu de Braga, pois em Guimarães, só há até ao 5º ano
- Alegre e jovial, com todos convive fraternalmente. Exerce influência moralizadora e todos o respeitam com desvelada admiração. A supremacia provem do seu catolicismo.
- Rapaz sério e bondoso irradia uma secreta e forte simpatia. Os que se sentem mais sós, por feitio próprio ou desatenção dos outros, bem como aqueles que lutam com algumas dificuldades, são instintivamente atraídos por ele. E ele anima-os, acompanha-os, é seu verdadeiro amigo. Não se furta a canseiras, se eles precisam de alguma explicação; e dá-lhas regularmente.
- Está nestes 2 anos, transitoriamente como vigilante no Colégio dos Órfãos de São Caetano em Braga.
- Tem uma predilecção bem vincada pelas organizações juvenis.
- Colabora na obra do Escutismo.
1931: Matricula-se na Escola do Magistério Primário de Braga, mas não chega a frequentá-lo.
- Para dar plena realização à sua veemente aspiração de missionário. Sente o chamamento de Deus à vida sacerdotal, religiosa e missionária, largando o mundo com o 7º ano do Liceu, ingressa no Seminário da Congregação do Espírito Santo, em Viana do Castelo, no antigo Convento das Ursulinas.
- O seu espírito está plenamente amadurecido para a vida de espinhos e sacrifícios da vida missionária.
Ser missionário é o deseja que acalenta desde criança.
- Com alma de idealista, não pode confinar-se a tarefas mesquinhas e inglórias
- Com olhar de profundidade e de candura, por vezes iluminado e fulgurante, busca longínquos caminhos de luta e de heroísmo.
- Deixar a família e os amigos, integrar-se na selva remota e desconhecida, dedicar toda a sua vida a povos atrasados, fundar escolas, capelas e hospitais, ensinar-lhes as verdades de Deus, ampará-los nas suas desditas, socorrê-los nas suas enfermidades, curar-lhes as chagas, ajudá-los a matar a forme, é na verdade, uma missão difícil, espinhosa, mas a mais grandiosa e elevada que se pode exercer na terra, pois ela significa ser Jesus Cristo entre os humildes.
- Na sua veneranda mãe, encontra sempre estímulo e incitamento para a concretização do sonho que o embala.