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Kurt Cobain e o Clube dos 27

Pedro Conde
Opinião \ terça-feira, fevereiro 20, 2024
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A música dos Nirvana é o retrato musical de uma época e de uma sociedade americana quebrada socialmente por uma revolução industrial demasiado rápida.

Kurt Cobain é uma das lendas da música moderna, do rock alternativo, e um dos meus Super heróis sendo para sempre uma das minhas maiores referências. Faz em 2024 trinta anos do seu falecimento trágico e prematuro. Recordo como se fosse hoje a notícia que Kurt Cobain tinha morrido, estava numa visita de estudo quando na rádio anunciaram a sua morte. A única música que conhecia dos Nirvana nessa altura, era “The man who sold the world”. Passado uns dias, vejo na RTP 2 um concerto que consegui gravar em VHS (que ainda guardo), do mesmo “MTV Unplugged” dos Nirvana, de onde pertence esse tema, versão da música original do David Bowie, e o meu mundo mudou. Vi essa K7 de Vídeo centenas de vezes, aprendi todas as músicas, todas as letras, e aquele disco tornou-se a minha bíblia. Passado uns tempos, e de uma forma natural, fui procurar os outros discos dos Nirvana, e bati de frente no Bleach, e no Nevermind e então o Grunge passou a ser o meu género de música favorito e a minha religião. O In Utero só ouvi mais tarde. Recordo ainda quando um dos meus grandes amigos de infância, o menino José Miguel, Miguelinho (aka FU), ganhou num programa de rádio uma coletânea completa dos Nirvana, e que foi aí que ouvi o disco ao vivo lançado postumamente From the Muddy Banks of the Wishkah e conheci a vertente mais destrutiva ao vivo desta banda.

A música dos Nirvana é o retrato musical de uma época e de uma sociedade americana quebrada socialmente por uma revolução industrial demasiado rápida. Jovens angustiados e alienados de uma realidade e de uma sociedade onde tiveram de crescer sozinhos, cheios de dúvidas, sem modelos, com muitas adições e traumas à mistura. Sonoridades e composições cruas e diretas, baixo, bateria e guitarras distorcidas, sem truques. Tudo rasgado pela voz e pelas letras escuras, mas geniais de Kurt Cobain. Ainda hoje passadas várias décadas, estes discos conseguem manter uma frescura muito rara. Marcaram sem dúvida a cena musical dos anos 90, mas não só. Ainda hoje os all stars gastos e as camisas largas de flanela continuam na moda! Sempre que ouço Foo Fighters e o Dave Grohl (baterista dos Nirvana e frontman dos Foo Fighters), penso e imagino o que seria o Kurt Cobain em 2024, e para onde teria seguido a sua música. Infelizmente as suas fragilidades terminaram precocemente com a sua vida e com as suas músicas, fazendo-o entrar para o malfadado, mas genial Clube dos 27.

Apesar desta grande perda na música, 1994 foi na mesma um ano extraordinário. Recordo que na Antena 3 passava a Switch On, dos Turbo Junkie (Projecto dos Irmãos Grace), ou o novíssimo Viagens desse novo artista, o tal de Pedro Abrunhosa e os Bandemónio.  No mesmo ano sai o Dookie dos Green Day, o Superunknown e a Black Hole Sun dos Soundgarden, o disco Dummy dos Portishead com o tema Roads, Jeff Buckley lançava o seu disco Grace, Offspring a Self esteem and last, but not least, os Beasty Boys lançam Comunication III e a Sabotage, bem, melhor parar, porque isto é o que me lembro, porque certamente haverá mais pérolas deste ano.

Para sugestão deste mês deixo ficar os Dead Poet Society, banda americana nascida em Boston já há cerca de 10 anos. Este quarteto formado po Jack Underkofler na voz e guitarra, Jack Collins na outra guitarra, Will Goodroad na bateria e Dylan Brenner no baixo entrou no meu radar pela data única que anunciaram para este ano em Portugal, em Lisboa no LAV (Lisboa ao vivo) próximo dia 16 de Fevereiro. Com disco novinho em folha “Fission”, e o seu aclamado disco “-!-” lançado em 2021 são detentores de uma sonoridade de rock pesada, que mistura riff’s de guitarra agressivos com melodias de voz que ficam no ouvido. Na Europa já passaram por Festivais como o Leeds ou Reading, e é ao vivo que eles mostram a fibra que são feitos. Por isso fica a sugestão para ouvir, e quem poder dia 16 de Fevereiro será a sua estreia em território nacional, e um concerto que vai valer a pena.