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GNR e Ornatos Violeta

Pedro Conde
Opinião \ sexta-feira, outubro 04, 2024
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Vou falar-vos de como vi as bandas portuguesas a salvarem um festival, que poderia ter sido um desastre, mas que efetivamente até nem foi, estou a falar-vos de Vilar de Mouros.

Claramente existiu na edição deste ano um claro problema no cartaz. Houve o cancelamento dos Queens of the stone age, é certo, mas não me parece ter sido apenas isso, visto que foi um line-up pobre, sem grande conexão nem linha, que me pareceu, entrou numa espiral de desespero final, de contratação de tudo que estivesse disponível para tocar uns dias antes do evento.

Mas ao que interessa, vi um dia em que não existiu bilhete para entrar, três grandes concertos, primeiro, The Legendary Tigerman, que mostrou com mestria como o rock n roll está vivo e com muita saúde. É uma banda madura que soube juntar os poucos milhares para junto do palco. Um concerto flawless, com um som fantástico que adorei. De seguida, entraram os GNR, que mostraram como uma banda de culto deve ser. Apesar de Rui Reninho não estar na sua melhor forma vocal de sempre, complementa o seu espetáculo com classe e com a sua genialidade que nos faz esquecer que este senhor está quase na casa dos setenta anos, amadureceu como o vinho do porto e esta banda está melhor que nunca. Concerto fantástico que foi na minha opinião o momento alto da noite e um dos momentos altos de todo o Festival. De seguida, entraram os Amália Hoje, e sem dúvida Sónia Tavares, Fernando Ribeiro e Paulo Praça entregaram um concerto de altíssima qualidade, contudo, completamente deslocado do que o público necessita para um concerto num festival como Vilar de Mouros.

Apesar do seu esforço para obterem reação do público foi um concerto que não conseguiu manter a massa humana que os GNR conseguiram juntar com o seu desfilar de singles, e rapidamente alguns dos milhares dispersaram tendo muita gente ido embora durante o seu concerto. Claramente mais uma escolha falhada neste cartaz. Por último, chegaram ao palco os Delfins, e mais uma vez foi prata da casa nacional a conseguir segurar uma noite em que o público poucas vezes passou da reggie (portanto estaria a lotação a metade da sua capacidade, algures nos 12, 13 mil pessoas). Os Delfins reinventaram-se e trouxeram um concerto de celebração dos seus 40 anos de existência de um nível que julgo nunca terão tido em toda a sua carreira. Video mapping, designe de palco, som e luz, do nível de qualquer banda cabeça de cartaz internacional de topo. Souberam fechar a noite com um concerto onde desfilaram todas os seus hits, com um Miguel Angelo como maestro de um enorme espetáculo que foi este concerto dos Delfins.

Infelizmente, no final do concertos estariam muito menos de 10 mil pessoas o que é extremamente curto para este Vilar de Mouros. O festival este ano preparou-se para cumprir nas falhas do ano anterior, onde atingiu pela primeira vez a sua lotação máxima, muito mais organizado, com uma estrutura diferente, com um som fantástico, contudo, e como era de prever o público não aderiu. Notei, ainda mais isso, no terceiro dia do evento, em que quando cheguei ao recinto, no primeiro concerto, estariam umas 100 pessoas em frente ao palco. Ornatos Violeta tiveram metade do público do ano passado (apesar de terem melhorado a prestação já fantástica do ano seguinte), e Die Antword tocaram mais uma vez para uma plateia de poucos milhares. É algo que a organização se tem de debruçar para o próximo ano, por isso, 6/10 para o Festival, mas 10/10 para as prestações fantásticas das bandas nacionais.

Nota especial também para o Laurus Nobilis que tive também oportunidade de visitar este ano. Um festival de Metal de nível internacional, super bem organizado, feito por gente boa e voluntária, e, que apesar de não ser de um estilo de música que oiço com frequencia reconheço que tem muita força em portugal, com um público fiel. Nota 10/10 com concertos brutais de bandas vindas um pouco de toda a Europa. Muita força malta!!

E, foi assim, um verão cheio de bons concertos, sunsets, festas e romarias que ainda não chegou ao fim.