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Estranhas coincidências

Sara Martins
Opinião \ quinta-feira, fevereiro 08, 2018
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O apoio expresso de membros dos órgãos sociais de associações taipenses a listas candidatas é um sequestro político das associações.

Nas últimas eleições autárquicas assistimos ao apoio expresso de membros dos órgãos sociais de associações taipenses às listas candidatas. Alguns foram mesmo mais longe e pertenciam às listas como candidatos. Se tal facto não representa nenhuma ilegalidade, já ética e moralmente é uma opção muito questionável.

Os directores associativos são o rosto visível das associações, o seu apoio expresso a determinada candidatura reflete-se na associação colando-a invariavelmente a determinada cor política e viciando assim os princípios, e os estatutos, pelos quais se regem as associações. Atitudes como esta prejudicam a associação, limitando-a e afastando pessoas que não se identificam, ou não querem ser conotadas com esse partido. Este sequestro político das associações, principalmente numa vila como a nossa, onde o associativismo tem um peso enorme, é um bloqueio ao bom funcionamento da democracia e limita as liberdades quer individual, quer das instituições civis.

No passado dia 11 de Janeiro, e na sequência da reunião de Câmara para atribuição dos subsídios para o ano de 2018, ficamos a saber que o Clube de Ténis de Mesa, que não apoiou nenhuma candidatura, viu o seu subsídio descer de 1500€ para 500€. Por outro lado, o Clube de Ténis, que apoiou publicamente a lista do Partido Socialista, viu este ano, pela primeira vez, ser-lhe aprovado um subsídio de 1000€.

Coincidência? Talvez…

Já o CART, que também não apoiou nenhuma candidatura, viu o seu subsídio para formação baixar 2500 euros, mesmo tendo aumentando o número de atletas e tendo para já garantido a presença de três equipas nos campeonatos nacionais, podendo este número aumentar para cinco nos próximos dias.

Qualquer pessoa entende que os custos com deslocações aumentam consideravelmente quando o campeonato passa de âmbito regional para âmbito nacional, não sendo por isso compreensível este corte num subsídio que permanecia inalterado há vários anos. Por sua vez, o Clube Caçadores das Taipas (CCT), que tinha membros dos órgãos sociais na lista candidata do Partido Socialista à Junta de Freguesia, viu o seu subsídio crescer 2500€.

Uma rápida comparação entre os subsídios atribuídos em 2017 pela CMG às associações para formação e os subsídios atribuídos este ano, verificamos que 20 clubes mantiveram o mesmo apoio, 7 clubes viram o valor do apoio aumentar entre 20 a 50%, seis clubes tiveram a sorte de duplicar o apoio, e há mesmo clubes com aumentos na ordem dos 200%, 300% e até 400%. Apenas quatro clubes viram o apoio camarário diminuir, dois desses clubes são das Taipas: CART e Clube de Ténis de Mesa.

À luz do regulamento de atribuição de subsídios da Câmara Municipal de Guimarães, a análise ao subsídio atribuído ao CART não tem fundamento, tendo o CART mais atletas, mais modalidades, mais competições e mensalidades pagas pelos atletas mais baixas, que muitos dos clubes que recebem apoios superiores. Mas então o que aconteceu? Aconteceram as eleições, aconteceu que o CART não demonstrou apoio a nenhuma lista candidata e aconteceu que o novo vereador do desporto era o mandatário da candidatura socialista nas Taipas.

Mas, pode ser só coincidência….