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Espaços que marcaram as gentes de Guimarães, os moinhos do nosso concelho!

António Freitas
Opinião \ quinta-feira, novembro 02, 2023
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Em Guimarães o processo de identificação e inventariação do património material e imaterial foi já iniciado, com a criação da plataforma “Hereditas”, um bom exemplo de boas práticas a nível nacional.

Referimos na nossa anterior publicação que, no Concelho de Guimarães, mais precisamente no curso do Rio Febras, em Briteiros São Salvador, existem ainda hoje, várias ruínas de moinhos, que se destacam nas margens deste rio, transportando o nosso imaginário a um período inicial da industrialização no nosso concelho. Estas estruturas, não estão apenas presentes neste local, nem se podem reduzir simplesmente aos moinhos, existindo também outros elementos ligados à industrialização do concelho, que merecem a respetiva preservação.

Utilizados para a subsistência das famílias, o trabalho nesse período dividia-se entre a agricultura e as pequenas unidades produtivas domésticas, onde não raras vezes, os locais destinados à produção, integravam o interior da própria habitação familiar.

Perante este cenário, surge certamente a dúvida nos dias de hoje, de como, no entanto, se poderá preservar todo este património, fundamental para a perceção do período de industrialização no concelho. A resposta poderá, no entanto, ter várias hipóteses.

A inventariação, preservação e valorização dos engenhos hidráulicos, assim como de todos os outros elementos que ao património industrial dizem respeito, pertencem ao campo da designada arqueologia industrial, que desempenha um papel fundamental, na preservação da memória destes e de outros elementos, pertencentes à industrialização portuguesa. Assim sendo, o primeiro aspeto a ter-se em conta, para se garantir uma verdadeira proteção deste património, será a sua possível total identificação e catalogação, que eventualmente se possa traduzir numa classificação como um todo, como património de interesse municipal.

Em Guimarães, o processo de identificação e inventariação, do património material e imaterial, foi já iniciado, com a criação da plataforma “Hereditas”, um bom exemplo de boas práticas na cultura e património, que destaca o concelho a nível nacional e que poderia facilitar esta primeira fase.

Após isso, poder-se-iam então pensar nas formas mais viáveis, para que estas ruínas pudessem ser recuperadas, revertendo o seu estado de degradação e assim pudessem ser interpretadas, tendo em conta a sua envolvência, reconvertendo-se estes espaços numa nova atração turística sustentável, valorizando os territórios onde estão implantados. Neste trabalho seria fundamental a intervenção pública, na definição da forma e coordenação desse trabalho, em parceria com o setor privado, onde o objetivo fosse a musealização destes locais, criando-se espaços de cultura e lazer, que pudessem ser visitáveis.

Certamente que isto não seria um trabalho fácil, sendo talvez uma utopia, mas que sem dúvida era mais um bom exemplo, no que às boas práticas em relação ao património industrial diz respeito, que partiria do Concelho de Guimarães.