Desporto e Parkinson
A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se principalmente pela perda de controlo motor, tremores e rigidez muscular. Esse distúrbio do movimento foi descrito por James Parkinson e pode atingir cerca de 1 a 2 indivíduos a cada 1000 habitantes, com uma leve predominância no sexo masculino. Embora sua origem seja considerada idiopática, fatores ambientais e o estilo de vida podem influenciar sua evolução.
A principal causa da doença está na degeneração da substância negra, localizada no mesencéfalo e responsável pela regulação dos movimentos corporais. Nesse local, é produzida cerca de 80% da dopamina, um neurotransmissor essencial para o controlo motor, além de estar envolvido na regulação do humor, do stress e da ansiedade.
Os sintomas mais comuns do Parkinson incluem lentidão nos movimentos, rigidez muscular, tremores em repouso e instabilidade postural. Além disso, outros sinais frequentes podem surgir, como a redução da expressão facial, dificuldade em realizar atividades rítmicas repetitivas, marcha arrastada e problemas na articulação das palavras.
A prática regular de atividade física aparenta ser uma aliada valiosa no controlo da doença. Exercícios ajudam a melhorar a mobilidade, o equilíbrio e a coordenação, reduzindo significativamente o risco de quedas – um dos desafios mais preocupantes para os pacientes. Além disso, a atividade física estimula a libertação de neurotransmissores, incluindo a dopamina, cuja deficiência está diretamente relacionada aos sintomas motores da doença.
A caminhada, a natação e o ciclismo são altamente recomendados para indivíduos com Parkinson. A dança, em especial, tem se mostrado eficaz na melhora da coordenação motora e na redução da rigidez muscular. Programas de treino específicos para pacientes com Parkinson também têm ganhado destaque, pois contribuem para o fortalecimento muscular, a resistência e o desenvolvimento da autoconfiança e do bem-estar emocional.
Além dos benefícios físicos, o impacto positivo do exercício na saúde mental é inegável. O diagnóstico da doença pode levar a quadros de depressão e isolamento social, mas a prática de atividades físicas – especialmente em grupo – cria um ambiente de apoio e incentivo, minimizando o impacto emocional da condição.
Novas abordagens tendem a ser estudadas para potencializar os benefícios do desporto no tratamento da doença. Terapias aquáticas, por exemplo, mostram-se eficazes na reabilitação motora, pois a água reduz a sobrecarga nas articulações e permite maior liberdade de movimento. Da mesma forma, atividades como tai chi chuan, yoga e pilates, baseadas em movimentos suaves e controlados, demonstram melhorias significativas no equilíbrio e na mobilidade dos pacientes.
Diante de tantos benefícios, é essencial incentivar a inclusão do desporto na rotina das pessoas com Parkinson. O exercício não apenas contribui para retardar a progressão da doença, mas também melhora a qualidade de vida e promove maior independência dos pacientes. Por isso, é fundamental que profissionais de saúde e a sociedade como um todo apoiem e incentivem essa prática. As políticas públicas e iniciativas comunitárias devem ser fortalecidas para garantir o acesso a espaços adequados e programas especializados que ofereçam suporte contínuo aos indivíduos com Parkinson.
[Conteúdo publicado originalmente na edição de Março 2025 do jornal Reflexo]