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Padre José Maria Felgueiras - “Mártir da Caridade e Santo para o povo"

Carlos Marques
Opinião \ terça-feira, dezembro 19, 2023
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O povo da vila espanhola de Jodar, na Andaluzia, terra natal do pequeno Lino Díaz, que o padre salvara da morte, presta ao santo missionário grandiosa homenagem, inaugurando uma rua em seu nome.

O topónimo tem origem numa decisão que a Junta de Freguesia de Caldelas reunida em 16 de Maio de 1981 a tornou pública em Edital assinado pelo seu presidente Francisco Martins Costa e Silva, o executivo autárquico por si presidido pede às associações e às pessoas singulares sedeados e residentes na freguesia a indicação de nomes para passarem a figurar na toponímia local conducente à discussão e votação para ratificação em sede de assembleia.

A proposta “Padre José Maria Felgueiras” foi apresentada pelo Padre Manuel Joaquim de Sousa em representação da Comissão Fabriqueira de Caldelas, que em sede da sessão de Assembleia de Freguesia ocorrida em 5 de Setembro de 1981 onde estavam presentes oito deputados, e através de voto secreto proposto pelo deputado Fernando Guerreiro, mereceu seis votos a Favor, um voto Contra e uma Abstenção. Estrando assim aprovado a Junta de Freguesia aloca o seu nome à artéria que vai do Largo António Gonçalves até à Rua do Monte das Cruzes, agora até à Avenida 25 de Abril.

O proponente defendeu a proposta fundamentando-se tendo descrito em 1 de Junho de 1981 que é filho da benfeitora “Casa da Seara", falecido com fama de santidade no Hospital de Palência-Espanha, vítima dum acidente ferroviário quando tentava salvar (o que conseguiu) o miúdo, aluno do colégio missionário. Homem, sacerdote e missionário que a todos cativava com o seu coração de oiro”.

Todos consideravam o Padre José Maria mártir com vida imaculada. Foi contemporâneo do padre Joaquim de Sousa, que teve em mãos um projeto de o santificar, tendo-lhe faltado a força suficiente para o canonizar, que, a acontecer seria muito importante para o nosso turismo religioso, agora tão em voga. Parece-me que os membros da Igreja Católica local devem ressurgir aquela intenção.

 

1956/10/04: Um comboio, posto em andamento inesperadamente, na estação de Paredes de Nava, está prestes a trucidar uma criança, aluno do seminário fundado pelo Padre José Maria, este não hesita um instante e lança-se em socorro do seu aluno, num acto da mais sublime abnegação. O pequeno Lino Diaz é salvo, mas o heróico missionário é vítima do seu espírito de sacrifício e de renúncia. O seu pupilo fica apenas com o braço esquerdo amputado, mas continua são e vivo. O Padre José Maria é esmagado e as rodas do comboio laceram o seu corpo.

- A sua agonia dura quase 2 meses, é terrivelmente dura e torturante, conservando-se sempre e consciência perfeita até ao fim.

- O próprio cirurgião que tão científica como zelosamente o trata, muitas e muitas vezes profere estas palavras “Este Padre é um santo que redime”.

- Apenas as 2 horas que precedem o seu último suspiro são calmas e silenciosas. Com as suas pernas amputadas e ainda em carne viva, com metade do corpo restante completamente desfeito e infectado, com o estômago, esófago, garganta e boca em chaga viva, sofre dores incalculáveis.

- Numa confidência íntima a um colega, diz: “Padre, jamais a presença de Deus me foi tão viva e clara. Como Deus é admirável! Nós, com tantos projectos e planos. E como Ele tudo derruba num momento para fazer as suas maravilhas!”

- A sua irmã Maria Alcide – que sempre se mantém junto do seu leito como desvelada enfermeira, confidencia: “Cidite, pede a Nosso Senhor que me deixe partir já para o Céu.” Tendo-lhe segredado: “Se eu morrer, não chores, que eu vou para o Céu.”

1956/11/26: O Padre José Maria porém, depois de sofrimentos atrozes morre com 45 anos de idade. Eram 15 horas duma segunda-feira.

- Neste dia, toda a cristandade fica de luto. A sua figura de santo, surge então aureolada pela luz divina. Nada custa a crer que se veja um dia, entronizado nos altares e tenham a satisfação de ajoelhar perante a sua bendita imagem.

- Logo após o seu passamento, se formula com unanimidade este conceito, por todos balbuciado: “Era um santo, era um santo…” Expressões proferidas pelos seus colegas no sacerdócio, pelos médicos que lhe assistiram, pelos seus companheiros, pelos mendigos que generosamente socorria. Estas palavras não são produto da comoção, mas o retrato vivo de uma presença tocada por luz sobrenatural. É perfeita a unanimidade de pensamento quanto à santidade do Padre Santo José Maria Felgueiras

- Na região de Jodar em Espanha, reza-se fervorosamente pela sua “causa”. O seu túmulo é centro de constantes romagens.

- Em torno da egrégia personalidade do Padre José Maria, há uma unanimidade de pensamento, de que era um santo. Deu-nos o grande exemplo da sua vida de sacrifício, de renúncia e de martírio.

- Serviu Portugal e serviu a Deus com a sua vida de abnegado e apostolado em Angola e na terra espanhola.

1957/12/27: O povo da vila espanhola de Jodar, da província de Jaén, na Andaluzia, terra natal do pequeno Lino Diaz, que o padre salvara da morte, presta ao santo missionário, grandiosa homenagem, Inaugura uma rua, no bairro novo de Nossa Senhora de Fátima, com uma inscrição que diz: Calle del Padre Felgueiras.

- No discurso do alcaide, depois de ler sentidas palavras religiosas, escutadas por grande multidão, informa a terminar que, pediu a seu tempo ao governo espanhol, o ingresso do Padre Felgueiras na Ordem Civil de Beneficiência”, confirmando que fora justamente concedida.

- Espanha portara-se, de modo cavalheiresco e nobre.

1958/03/19: Realiza-se uma Conferência no salão da F.N.A.T de Guimarães pelo Dr. Hugo de Almeida, sobre o saudoso Missionário Padre José Maria Felgueiras, acorre muita gente das Taipas.

1958/05-06: Publicação no Volume IX, Nºs 5 e 6; 2ª série da revista de portugalidade Gil Vicente

Do teor integral da conferência.

1958/04/10: Repetição da Conferência no salão dos Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas, que é seguida com o maior interesse.

1966: Publicação do II Boletim Cultural do Convivium Sá de Miranda, todo ele dedicado à figura de O Padre José Maria Felgueiras-Mártire da Caridade”

1967/09-10: Notícia no jornal interlocal “O Redil”, na coluna “TAIPAS” refere que o padre tinha falecido com odor de santidade. Depois de ter escrito que, uma pessoa tinha obtido uma graça muito especial pela protecção pedida a este sacerdote.

Na mesma coluna o jornal noticia que se prepara a trasladação do corpo do cemitério de Paredes de Nava-Espanha para o da vila das Taipas numa iniciativa dos companheiros do liceu.