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Caldas das Taipas vila, porque não cidade?

Carlos Marques
Opinião \ domingo, novembro 14, 2021
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Ninguém tem dúvidas que estão reunidas, de há muitos anos, todas as condições para termos tal título, que nos teria permitido ostentações perdidas, consentindo a futuras admissões.
  1. Quando Veiga Simão, Ministro da Educação Nacional ainda no Estado Novo, consegue convencer o Presidente do Conselho Marcelo Caetano na criação duma nova universidade a norte da do Porto, por Despacho governamental º 497/73 de 11 de Agosto, logo manda os serviços do ministério tratarem do estudo da melhor localização para o efeito. na vasta região do Alto e Baixo Minho.

 

Os trabalhos são confiados à empresa privada Profabril, S.A.R.L., e, esta depois do profundo estudo selecciona 24 sítios, dos quais apresentam 8 com os elhores indicador.

 

Depois de analisados os 2 primeiros pareceres já somente com estes 8 desses locais, 2 dos quais nas Taipas, a Comissão Instaladora da Universidade do Minho que tinha sido instalada em 14/02/1974 avança para o estudo do seu 3º Parecer, com base no relatório da Profabril agora apenas com duas das escolhas, as finalistas A-Taipas e a B-Quartel/Braga.

Depois de diversas análises prévias aprofundadas, requerido novos estudos, de visitas aos locais. A proposta A-Taipas é um terreno de 60 hectares; a 110-130 m de altitude; declive de apenas 3 a 6%; Terreno Circular com um raio de 500 m; Limitada pela Estrada Nacional 101 e pelo Rio que lhe confere um enquadramento paisagístico de grande interesse para o fim em vista, e, o protege daquele lado de insalubridades; Fica a 6 Km e Guimarães e a 14 de Braga; Dos 60 hectares apenas 0,33 h. têm ocupação urbana 1 aviário e 4 habitações; Facilidade no abastecimento de água 2 Km a montante em Santa Eufémia de Prazins.

Pela avaliação técnica da Profabril mensurada até ao máximo de 36 pontos pelos diversos factores a localização QUARTEL-BRAGA recebeu 25,5 pontos, e TAIPAS 34 pontos.

A Comissão Instaladora debruçando-se sobre os Dados e Pareceres Técnicos e as correspondentes Soluções que o Estudo fornecia, como manifestações públicas que recebiam a defender a concentrada solução unipolar como condição primária à sua indispensável eficiência, decidiu por unanimidade pela opção TAIPAS.

 

E, enviou a decisão ao Governo, a quem o avisa que lhe cabe em última instância como órgão executivo, analisados os estudos técnicos que concluíra pela opção TAIPAS, ponderar as condicionantes políticas e assumir a responsabilidade pela decisão a que não pode furtar-se. Ou em alternativa não governa.

 

Na tradição europeia, as universidades tomam o nome das cidades que a localizam, mas, perante as adversidades entre a de Guimarães e Braga, acabaram por vir a conferir o nome da região, de Universidade do Minho, ao invés dum campus único, a Universidade das TAIPAS, solução Unipolar, teria resolvido o problema da Bipolarização que acabou por ter a universidade nas duas cidades, por isso com dois custos permanentes, onerando gravemente o orçamento do Estado implicando a fixação de maiores impostos a todos os cidadãos. Imperou sem qualquer base técnica as cegas forças bairristas a concordar entusiasticamente com a partilha entre Braga e Guimarães.

 

 

Mancha Amarela e Mancha Preta, duas localização propostas em 1974 pela Profabril para instalação da Universidade do Minho, recaindo a escolha na mancha amarela, a das Taipas.

Mancha Amarela e Mancha Preta, duas localização propostas em 1974 pela Profabril para instalação da Universidade do Minho, recaindo a escolha na mancha amarela, a das Taipas.

 

 

Em 24/04/1997 o último Presidente da Câmara Municipal de Guimarães do Estado Novo, Bernardino Abreu disse a um jornal: “se não fosse o 25 de Abril, a Universidade não seria nem em Braga nem em Guimarães, mas sim nas TAIPAS, por determinação do governo de então, o de Marcelo Caetano e Veiga Simão.”

 

  1. Da mesma forma:Um dos 8 sítios finalistas do estudo da Profabril do ano de 1974 para a instalação da universidade, que podia ter levado o nome de Universidade das Taipas, recaia numa área também aqui da vila, na zona da Gandra.

 

Desde logo este terreno esperava pelo seu desígnio, e numa Resolução do Conselho de Ministros de 12/07/1991, criando a Associação para os Parques da Ciência e Tecnologia do Porto, acabando por contempla-lo para Parque da Ciência e Tecnologia das Taipas.

 

  1. Em 27/04/1994 a Associação Industrial do Minho pretendendo construir o Parque de Exposições do Ave em Caldas das Taipas, de modo a ficar equidistante entre Guimarães e Braga, pede à municipalidade de Guimaraes que lhe acautele aqui um terreno lembrando até que Braga já estaria na posse dum local onde tal caberia. Foi o que veio a acontecer, mais uma vez Braga levou a melhor.

 

  1. Alicerçando esta localização criara-se a auto-estrada A11/IP9 Braga-Guimaraes que contemplava a colocação do Nó das Taipas, defendido no Salão Paroquial de Brito no dia 16/11/1999 e em carta que enviara ao Governo em 07/01/2000, de quem recebera resposta positiva, como o fizeram alguns políticos nacionais, mas que não viera a construir-se, pelos motivos que já demonstrados neste jornal.

 

  1. No Parque da Ciência e Tecnologia das Taipas acaba de ser concluída a construção pela Universidade do Minho do edifício “TERM RES-Hub-Infraestrutura em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, para Reforçar a Investigação, o Desenvolvimento Tecnológico e a Inovação, num investimento total de 10,8 milhões de Euros, apoiado financeiramente pela União Europeia através do Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional com 9,2 milhões de Euros e pelo Apoio Financeiro Público Nacional com 1,6 milhões de Euros, sob a alçada de Rui Reis, cientista e presidente da Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa.

 

O Grupo 3B’s, Biomateriais, Biomiméticos e Biodegradáveis foi fundado, em 1999, no edifício onde desenvolve a sua actividade no Parque da Ciência e Tecnologia das Taipas por Rui Reis.

É uma subunidade orgânica do I3Bs - Instituto de Investigação em Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos criado pela Universidade do Minho no ano de 2018, sendo este Instituto a primeira unidade orgânica de investigação numa instituição de ensino superior em Portugal.

Este Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, criado há 3 anos, com características únicas na Europa que permitirá ao Grupo 3B’s manter a liderança europeia e uma das posições mais fortes a nível mundial nesta área fortemente competitiva e de grande relevância para o futuro da medicina. Este edifício será a sede do The Discoveries - Centre for Regenerative and Precision Medicine. O The Discoveries Centre é um novo centro de excelência europeu com coordenação portuguesa, sendo liderado pelo Grupo 3B’s, através do seu director Rui L. Reis, numa parceria com o University College London e as universidades do Porto, Aveiro, Lisboa e Nova de Lisboa, prevendo-se que venha a ser uma flagship internacional da investigação científica portuguesa permitirá ao Grupo 3B’s manter a liderança europeia e uma das posições mais fortes a nível mundial nesta área fortemente competitiva e de grande relevância para o futuro da medicina.

 

Se o 1º edifício, há mais de 20 anos se chama, e ainda hoje se designa de de 3B´s, porque não há-se chamar-se, como se designa este de “I3B´s” Ou, querendo dar-lhe outro nome, porque não o “Instituto 3B´s”,“Discoveries”, ou “Instituto Veiga Simão”

Porque se há-de designar de Instituto Cidade de Guimarães, como o querem apelidar, se nem na cidade se situa? Se é tradição universitária apelidar os edifícios pelo nome da localidade onde se encontram, porque não baptiza-lo de “Instituto das Taipas”, integrado no polo que foi criado como Parque da Ciência e Tecnologia das Taipas? Sempre será melhor localizável e não deixará os visitantes à nora, outrossim trazendo-os à mãe. Da maneira que o próprio Rui Reis publicamente o faz sempre, como ainda este mês num grande documentário que passou no Jornal da Noite da RTP 1, dizendo que criou o 3B´s nas Caldas das s Taipas, sabendo que estava a falar para o mundo inteiro, acrescentou-lhe, perto de Guimarães. Quando por aqui anda, é vê-lo a comer no Restaurante Monte Rei cá da vila.

 

No final duma reunião do Conselho Consultivo para a Economia da CMG em que participei como convidado, dizia-me de modo privado Rui Reis, que, neste pormenor a Câmara Municipal de Guimarães é apenas madrinha, haveria que a influenciar para a escolha doutro nome ao afilhado, foi o que fiz directamente à CMG e numa reunião pública à Junta de Freguesia de Caldas das Taipas, ao que parece sem sucesso.

 

 

Parte final da decisão pela Comissão Instaladora da Universidade do Minho pela localização nas Taipas.

Parte final da decisão pela Comissão Instaladora da Universidade do Minho pela localização nas Taipas.

 

 

Conclusão: Quando do processo que liderei, o da criação do Brasão das Taipas em sede de Comissão da Toponímia e Heráldica, e depois em sessão de Assembleia de Freguesia no ano de 1993, questionavam os seus membros, dever-se requerer à Assembleia da República a nossa ascensão a cidade, motivo pelo qual o nosso listel não figurar “Vila das Taipas” como alguns pediam, mas somente “CALDAS DAS TAIPAS”, permitindo assim a manutenção futura do nome, alterando-se apenas de 4 para 5 torres, símbolo de cidade.

Estávamos em fim de mandato autárquico, e, decidiu-se que este assunto devesse merecer profunda reflexão por toda a comunidade taipense que não somente a classe politica. Nunca mais concorri a qualquer cargo autárquico, mas, ontem como hoje estou disposto a colaborar para a melhor solução.

Ninguém tem dúvidas que estão reunidas, de há muitos anos, todas as condições para termos tal título, que nos teria permitido ostentações perdidas, consentindo a futuras admissões.

Caldas das Taipas, que é capital nacional da cutelaria, 31 de Outubro de 2021.