Caldas das Taipas abandona o seu “diamante” e deixa que Guimarães o ofereça
Com a inauguração da exposição de facas no museu das Belas Artes da cidade de Tandil na Argentina encerrou o “IV Encontro Mundial das capitais da cutelaria”, no discurso do Presidente da Câmara local este disse "é uma verdadeira honra receber em Tandil tantas pessoas de diferentes cantos do mundo, unidas na paixão comum dos talheres”
Esta exposição é constituída por peças, talheres de todo o mundo, onde as únicas representantes de Portugal foram fabricadas na primeira metade do século XX, e na lâmina tem gravado em baixo-relevo o nome da nossa terra que é Caldas das Taipas, fui eu que ofereci as 25 peças nacionais das 300 que constitui a exposição mundial que pode ser visitada em Tandil.
Este IV Encontro, bianual, que contou com diversas actividades foi organizado e decorreu na autarquia de Tandil, que é a capital argentina da cutelaria entre o dia 14 e 18 de Outubro deste ano. A Comissão Organizadora a seu tempo convidou as congéneres mundiais, designadamente a de Portugal que é Caldas das Taipas, única capital nacional da cutelaria devidamente certificada pelo estado português desde 5 de Maio de 2011, e fê-lo para a freguesia de Caldelas, Caldas das Taipas, e para o município de Guimarães.
Ambas faltaram ao convite, e, assim aproveitaram as localidades também fabricantes de cutelaria as vilas da Benedita e de Santa Catarina e os municípios que as integram, designadamente o de Alcobaça e de Caldas da Rainha, onde ambas juntas apenas fabricam 72% da produção de Caldas das Taipas. Nós no ano de 2023 produzimos e vendemos cutelaria no valor de 50,9 milhões de Euros, dos quais exportámos 30,9 milhões, pagámos em salários 13,3 milhões de Euros, e liquidámos ao Estado de IRC + Derrama (esta directamente para a Câmara de Guimarães) 2 milhões de Euros, sendo que vendemos para mais de 100 países e estamos à mesa nos melhores restaurantes e hotéis do mundo.
Não foi por falta de aviso que a Junta de Freguesia de Caldelas e a Câmara Municipal de Guimarães faltaram, designadamente o município a quem na pessoa do seu presidente, Domingos Bragança Salgado no dia 29 de Junho quando da inauguração do memorial ao Garfeiro em São Martinho de Sande lhe lembrava para não faltar ao “IV Encontro Mundial das Capitais da Cutelaria” que ele sabia estava convidado, e a seu pedido lhe lembrei por correio electrónico em 22 de Setembro com conhecimento ao senhor presidente da Junta de Freguesia de Caldelas que me dizia ir se a câmara o fosse também e conquanto a Câmara o convidasse.
Registo nº 482.547 de 07/04/2011 publicado no Boletim do Instituto Nacional da Propriedade Industrial em 05/05/2011
Certo é que daquela que é a Capital da Cutelaria, Caldas das Taipas ninguém foi ao Encontro e assim aproveitaram as outras 2 localidades menores de cutelaria, e lá estiveram o Vice-Presidente da Câmara Municipais de Caldas da Rainha, bem como os presidentes das Juntas de Freguesia da vila de Santa Catarina e da vila da Benedita.
Não fizeram justiça à história, às tradições, e desrespeitaram a memória dos antigos e dos actuais mais de mil operários, mestres e empresários da cutelaria. Não honraram o legado, o talher, designadamente a faca que é uma peça comum, mas muitas vezes uma obra de arte a que se dá muito valor pelo seu trabalho manual desenvolvido ao longo dos séculos, muitas vezes peças únicas que são fruto do trabalho e da criatividade dos artificies e obreiros da nossa terra que brevemente voltarei a expor.
Eu continuo a defender e a divulgar aos quatro cantos do mundo que a capital da cutelaria de Portugal é Caldas das Taipas, porque o é. Quer queira, quer não queira Guimarães, como facilmente se percebe não querer, e, assim entrega este “diamante” a outras localidades que o aproveitam.
Caldas das Taipas, 31 de Outubro de 2024, no último dia do mês que a CMG dedicou à discussão da Economia, e gastou muitas dezenas de milhares de euros a propagandeá-la, e nem uma única palavra para a capital da cutelaria que está no seu seio, por ser Caldas das Taipas.
[ndr: artigo originalmente publicado na edição de novembro do Jornal Reflexo]