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A nossa banda musical

Carlos Marques
Opinião \ sexta-feira, janeiro 12, 2018
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O arcebispo de Braga, D. Gonçalo Pereira fugira para o Porto, onde fora pedir apoios. Regressado a Braga (...), no desfiladeiro da Falperra, a Banda Musical das Taipas trompeja o Hino do Arcebispo.

A obra literária “Estudos da velha história portuguesa” da autoria do historiador Frei Bernardo de Brito e publicada no ano de 1787, transcreve a investida promovida no ano de 1336 em Braga pelos caudilhos do reino da Galiza, os capitães D. Fernando Rodrigues de Castro e seu irmão D. João com muita gente de armas. O arcebispo de Braga, D. Gonçalo Pereira fugira para o Porto, onde fora pedir apoios. Regressado a Braga com uma guarnição de 1.400 homens, abrindo fogo sobre o inimigo, a partir da Senhora-a-Branca e do outro lado, no desfiladeiro da Falperra, a Banda Musical das Taipas trompeja o Hino do Arcebispo. Assim, provocam a retirada dos galegos, tendo o capitão D. João ficado ali morto.

A 22 de Julho de 1839, chega às Caldas de Santo António das Taipas para banhos e aqui estancia, o Conde das Antas, o qual vinha do Porto, aonde estava governador das armas, e veio por Braga, às Caldas das Taipas,  a recebê-lo esteve o Coronel do batalhão nº 18 e toda a officialidade, e também a Banda Musical da terra.

No dia 28 de Abril de 1862, o povo das Taipas corta o fio do telégrafo em três sítios diferentes, e impedem as comunicações. Os sinos tocam a reunir nas Caldas das Taipas, a Banda de Música toca o hino miguelista na povoação.  O povo vem de todas as aldeias rurais e reúne-se nas Caldas das Taipas. Centenas de homens armados com os instrumentos da faina dos campos, chuços, foiçes roçadoiras, varapaus e caçadeiras, invadem a sede do concelho, obrigam o sineiro da Igreja de São Pedro do Toural a tocar a rebate. Grita-se nas ruas contra o Escrivão e contra o Ministério do Marquês de Loulé. Davam vivas ao rei novo, o Rei D.Luís I. Assaltam a repartição da fazenda, destroem as meretrizes dos impostos, queimando-as no Largo de São Francisco. O chefe da fazenda foge para Braga. O povo em fúria captura o substituto do administrador do concelho. Arrombam a porta da Câmara e destroem os pesos e medidas, lançando a um poço os padrões do sistema métrico. Estavam contra o jugo pesados dos tributos, e a tabuada dos compadrios. À cabeça dos revoltosos, um comandante guerrilheiro, José Soares Leite, o Padre José da Lage, ou simplesmente o Padre José das Taipas.

No dia 9 de Julho de 1871 é eleito o deputado proposto pela opposição regeneradora. Alguns entusiastas Nas Caldas das Taipas, os influentes da assembleia, toda a noite, manifestaram o seu regozijo com a sua Banda de Música.

No dia 4 de Junho de 1877 chega a Guimarães o governador civil do districto, Marquez de Valada, progressista, acompanhando desde as Caldas das Taipas pelas autoridades e políticos progressistas, em 25 trens, dando-se bastante fogo, levando e tocando a Banda de Música.

A 1 de Maio de 1887, no romper da aurora, a Banda de Música percorre as ruas de Caldas das Taipas, nos festejos da inauguração da Companhia de Bombeiros Voluntários.

No dia 11 de Março de 1900 – A Banda Musical de Caldas das Taipas associa-se à grande apoteose do Dr. Martins Sarmento. A par de diversos festejos em Guimarães, comparecem e tocam as bandas de música: 1.ª de Villa Nova de Famalicão – 2.ª a do Tojão – 3.ª de Vizella – 4.ª a de Jugueiros Armil – 5.ª de Fafe “dos assassinados” – 6.ª das Taipas, a do Baptista – 7.ª de Vieira – 8.ª de São Jorge de Selho – 9.ª de Lanhoso – 10.ª Gulães – 11.ª do Alipio, de Fafe – 12.ª de Guimarães – 13.ª de Felgueiras – e a 14.ª do regimento de Infanteria, nº 20.

Quando da inauguração da nova egreja, que ocorre em 15 de Abril de 1915, Ao acto presidiu o Arcebispo D. Manuel Vieira de Mattos. a inauguração do novo templo parochial mandado construir a expensas do benemérito Sr. Conde de Agrolongo. Foi annunciada por uma girandola de foguetes e por três bandas de música, destacando-se Banda de Caldas das Taipas.

Em 19 de Setembro de 1928, no campo do Clube de Caçadores, das Taipas dum torneio de tiro aos pombos. À noite, no Parque do Hotel das Termas, toca a Banda de Música das Taipas, e há fogo de artifício.

A 28 de Setembro de 1930, no Congresso de Antropologia na Citânia de Briteiros, com homenagem ao Dr. Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento, está presente a Banda Musical de Caldas das Taipas.

A 29 de Junho de 1947 nas Festas da Vila de Caldas das Taipas e Feiras Francas de São Pedro, que de ano para ano têm assumido maior importância. À tarde e à noite a Banda de Caldas das Taipas e a de Pevidém dão um concerto no jardim público.

No dia 2 de Julho de 1950, a Banda das Taipas presta justa e merecida homenagem a um homem que em vida lhe dispensou grande protecção e assinalados serviços, o Professor Manuel José Pereira, de saudosa memória, mandando celebrar uma missa em sufrágio da sua alma, e em seguida coloca na sala de ensaios uma sua fotografia que descerra, e ali fica em sinal de reconhecimento pelos benefícios recebidos. Aos actos, além das pessoas de família do extinto assistem todos os elementos de que a banda é constituída, e em grande número de pessoas, primando pela sua ausência muitos dos seus antigos alunos a quem ele abrira as primeiras clareiras da inteligência, o que é para lamentar. Usam da palavra alguns oradores, recordando a excessiva modéstia em que sempre procurou viver o homenageado, apesar ser alguém que desde novo marcara um lugar de merecido destaque na sociedade, criando em sua volta amigos sem conta, que muito o estimavam e admiravam as suas qualidades de carácter, de abnegação e civismo inconfundíveis. Entre os oradores alguém mais se achava na intenção de, usando da palavra, ali exalçar publicamente as virtudes do seu antigo e chorado professor; mas tomado de uma grande comoção que lhe deveria embargar a voz, desistira de o fazer. Saldou assim a Banda das Taipas a sua dívida de gratidão àquele que fôra seu amigo e desvelado protector, o que se regista com prazer, em flagrante contraste com uma outra agremiação cá do Burgo que, devendo-lhe ainda maiores e mais assinalados serviços – e quem sabe se a sua existência – não tenha, num momento de reflexão ou num rebate de consciência, mandando também colocar uma fotografia do saudoso Mestre, entre outras que na Sede se encontram sem maior direito. E isto, porque não são as grandes quantias, que representam os grandes actos de filantropia; mas sim as pequenas que são dadas em grande sacrifício!

A 16 de Julho de 1959, por Despacho Ministerial são aprovados os Estatutos da Banda Musical de Caldas das Taipas, No seu artigo 3º refere que a sociedade tem por fins:

1.º – Proporcionar o ensino musical dos seus associados;

2.º – Desenvolver e aperfeiçoar o sentimento artístico e a mentalidade do povo desta região, para o que promoverá concertos públicos e palestras adequadas;

3.º – Orientar e fiscalizar a Banda de Música, procurando o seu constante aperfeiçoamento e engrandecimento;

4.º – Constituir, logo que as condições financeiras o permitam, um centro de recreio para os seus associados, facultando-lhes a leitura de jornais e livros, jogos lícitos e quaisquer outros divertimentos;

5.º – Auxiliar todas as iniciativas que se relacionem com o progresso desta localidade.

A 10 de Novembro de 1959, a Inspecção do Ensino Particular ratifica os Estatutos da Banda Musical de Caldas das Taipas.

Em 31 de Outubro de 1968, é inaugurada a Escola Infantil numa casa na Rua António de Barros, com presença e interpretação musical da Banda de Caldas das Taipas e de Monsenhor Araújo Costa, que alberga desde já 35 crianças

Em 29 de Novembro de 1968, o Pároco da Freguesia de Caldelas, pede à Câmara um subsídio mensal para o incremento da escola de aprendizagem da Banda Musical de Caldas das Taipas.

No dia 31 de Março de 1971, é celebrada a escritura no 1º Cartório Notarial de Braga, da venda efectuada pelo Padre Abílio Novais Fernandes à Fábrica da Igreja de Caldelas, de um prédio urbano, rés-do-chão, amplo, sito na Rua de Santo António, pelo valor de 10.000$00, para ali funcionar a Banda Musical de Caldas das Taipas.

A 29 de Fevereiro de 1972, o Presidente da Banda Musical, o Padre Manuel Joaquim de Sousa, requer à Junta de Turismo de Caldas das Taipas um subsídio de caracter permanente ou eventual, e obtém um apoio para esse verão de 2.500$00..

Em 27 de Outubro de 1972, a Junta de Turismo delibera um voto de sentimento pelo falecimento de José de Sousa, que durante muitos anos dirigiu com dedicação a Banda Musical de Caldas das Taipas.

A 24 de Julho de 1974, O regente da Banda Musical das Taipas, Ilídio Lopes Matos, pede à Junta de Turismo de Caldas das Taipas um apoio financeiro, oferecendo na época termal diversos concertos à vila.

Em 18 de Dezembro de 1974, por carta a Banda Musical de Caldas das Taipas, pede a cedência da dependência que era da extinta legião, na Vila de Caldas das Taipas, para ali instalar os serviços da sua actividade, referem que estão a utilizar uma sala de cimento sem sequer ter quaisquer instalações sanitárias.

Na sessão da Assembleia de freguesia de Caldelas, a 28 de Novembro de 1980, são propostas as percentagens sobre o total do orçamento a distribuir pelas instituições fosse o seguinte: BVT (5%); Banda Musical (2,5%), Clube de Caçadores (2,5%), CART (0,5%), Escuteiros (0,5%), Associação de Pais do Ciclo Preparatório (0,5%) e Escolas Primárias (0,5%).

Em sessão da Assembleia de Freguesia, realizada em 9 de Dezembro de 1997, o Presidente da Junta informa que ao longo dos 8 anos de mandato, foram atribuídas pela junta as seguinte verbas pelo meio associativo da freguesia,

10.000$00: Corpo Nacional de Escutas (354.000$00); Escola Primária nº 1 (953.763$00); Escola Preparatória (230.000$00); Clube Caçadores das Taipas (2.050.000$00); Associação dos Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas (1.043.000$00); CART (1.770.000$00); Escola Primária nº 2 (2.597.000$00); Jornal Reflexo (610.000$00); Clube Pesca Desportiva (100.000$00); Sport Clube Taipense (300.000$00); Banda Musical de Caldas das Taipas (100.000$00). O Clube de Ténis nunca recebeu qualquer subsídio.

Na sessão de 9 de Abril de 1999 a Assembleia de Freguesia, felicita a cantora lírica Elisabete Matos, pelo brilhante desempenho que teve nos E.U.A. Presta 1 minuto de silêncio em homenagem ao chefe Firmino, dos Bombeiros, pela forma digna e coerente na defesa da Instituição e do Corpo dos Bombeiros, que tão devotamente serviu ao longo de muitos anos. Fernando Lopes de Matos, lembra a imagem do Sr. Firmino da Silva Ribeiro, como membro da Banda de Música que serviu com zelo e dedicação.

Em sessão da Assembleia de Freguesia de 17 de Dezembro de 1999, os deputados alteram a Toponímia derivado da construção da variante, as Ruas Padre José Maria Felgueiras e Bento Salgado Ribeiro ficaram cortadas, é por isso necessário atribuir novos nomes: Rua Maria Alcide Felgueiras (Cidinha da Seara) – (parte norte da Rua Padre José Maria Felgueiras); Rua da Banda da Música de Caldas das Taipas (parte norte da Rua Bento Salgado Ribeiro); Travessa do Souto (à Rua que desemboca na Rua da Santa Marta e Travessa da Rua Padre Silva Gonçalves, em frente aos terrenos do Centro Social)

A  26 de Abril de 2002 é conferida por publicação em Diário da República, o título de Utilidade Pública à Banda Musical de Caldas das Taipas.

Em 26 de Outubro de 2002, É inaugurada a actual sede social da Banda Musical de Caldas das Taipas, sita na Praceta da Banda de Música da vila.

A 28 de Novembro de 2013 é celebrado o contrato de comodato de utilização do edifício do Jardim de Infância de Caldelas sito na Rua Professor Manuel José Pereira pela Banda Musical de Caldas das Taipas.

Carlos Marques, sócio da banda desde 19/05/2001, por proposta de Fernando Lopes Matos em virtude de o ter ajudado no processo de candidatura a Instituição de Utilidade Pública.