A Glória Europeia do Hóquei em Patins Português
A final da Champions League de hóquei em patins 2024/25 foi muito mais do que um simples jogo, foi o palco da consagração de duas potências portuguesas e da celebração de uma modalidade que palpita com história, talento e paixão. No dia 11 de maio de 2025, no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, o Óquei Clube de Barcelos sagrou-se campeão europeu ao vencer o FC Porto nas grandes penalidades (2-0), após um empate 1-1 no tempo regulamentar e prolongamento.
O OC Barcelos, com um percurso de campeão, brilhou desde a fase de grupos. Terminou invicto no Grupo A, com 5 vitórias e 5 empates, somando 20 pontos. Destacou-se com uma vitória categórica por 4-1 frente ao FC Porto no Dragão Arena e um empate 1-1 na última jornada, assegurando o primeiro lugar. Nos quartos de final, enfrentou o poderoso Deportivo Liceo. Com uma exibição de luxo na Galiza (vitória por 4-0) e um empate 3-3 em casa, garantiu a passagem à Final Four com um agregado de 7-3. Na meia-final, ultrapassou o CE Noia por 3-1, com golos de Miguel Rocha (2) e Danilo Rampulla, carimbando com autoridade o bilhete para a final.
A garra dos dragões também deixou a sua marca. Terminou em 3.º lugar do Grupo A com 17 pontos, e mesmo após a pesada derrota frente ao OC Barcelos, garantiu presença nos quartos. Aí, enfrentou a UD Oliveirense, venceu por 4-2 na primeira mão e resistindo com uma derrota por 3-2 na segunda, avançando com um agregado de 6-5. Na meia-final, bateu o SL Benfica por 3-2, assegurando uma presença merecida na grande final.
Uma final épica, intensa e equilibrada, decidida nos detalhes. O FC Porto marcou primeiro, aos 17 minutos, por Carlo Di Benedetto, mas o OC Barcelos respondeu aos 28, com um golo de Miguel Rocha. O marcador não mais se alterou, nem no prolongamento.
A decisão foi então para os penáltis, onde brilhou o guarda-redes Conti Acevedo, ao defender todas as tentativas portistas. Pedro Silva e Luís Querido converteram para o OC Barcelos, selando a vitória por 2-0 nas grandes penalidades.
Este triunfo assinala o segundo título europeu da história do OC Barcelos, 34 anos depois da conquista de 1991 o que se revelou uma conquista com sabor a eternidade.
A vitória do OC Barcelos é mais uma prova do domínio português na modalidade: quatro das últimas cinco edições da Champions foram conquistadas por equipas nacionais.
Apesar do seu prestígio, o hóquei em patins enfrenta desafios profundos e vários obstáculos ao seu crescimento. A expansão internacional da modalidade está ainda limitada a poucos países (Portugal, Espanha, Itália, França, Argentina, Chile). A prática da modalidade requer uma Exigência técnica elevada. A sua a iniciação exige que o atleta desenvolva uma ligação íntima com os patins — uma barreira inicial difícil para muitos jovens. O facto de serem necessárias infraestruturas específicas como pavilhões com piso adequado e tabelas limita a expansão local e escolar. O Custo elevado de equipamentos (patins, sticks, joelheiras, caneleiras e luvas) tornam o acesso mais difícil para muitas famílias e clubes.
O hóquei em patins é um desporto com alma de gigante, cheio de arte e intensidade, onde o talento desliza com precisão e cada jogo conta uma história de superação. Portugal, com clubes como o OC Barcelos, FC Porto, Sporting e Benfica, mantém viva a chama de uma tradição gloriosa. Mas o futuro da modalidade dependerá da sua capacidade de se reinventar e expandir. É preciso apostar na visibilidade mediática, na massificação da prática e na internacionalização. O hóquei em patins tem tudo para encantar o mundo e só precisa que o mundo o veja. Quando isso acontecer, ninguém ficará indiferente ao som dos patins a cortar o silêncio e à beleza do jogo que nasce entre as tabelas.
ndr: artigo publicado originalmente na edição de junho do jornal Reflexo