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“A desobediência civil”, de Henry David Thoreau

Alfredo Oliveira
Opinião \ sexta-feira, outubro 06, 2023
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Essa pintura serve para mostrar o descontentamento e uma certa impotência que se apoderou dos taipenses e de todos os que cruzam a vila das Taipas.

A pintura de um tracejado na estrada perto da Escola Secundária de Caldas das Taipas, por supostamente utentes dessa via, para os automobilistas poderem cruzar essa rua à esquerda (sem terem de ir à rotunda) levou-me a reler Henry David Thoreau e o seu ensaio político intitulado “A desobediência civil”.

Trata-se de um ensaio de 1849 e nele Thoreau mostrava a sua oposição à guerra entre os EUA e o México e à lei esclavagista. Nessa altura escrevia: “Há leis injustas: vamos limitar-nos a obedecer-lhes, ou esforçar-nos por alterá-las? E vamos obedecer-lhes até o conseguirmos, ou transgredimo-las desde já?”.

Thoreau levou à prática a sua teoria, pois foi preso por se recusar a pagar determinados impostos que ele, afirmava, eram canalizados para suportar a lei esclavagista e suportar uma guerra injusta.

A visão de Thoreau foi seguida, mais recentemente, por nomes como Gandhi e Martin Luther King.

Naturalmente, o leitor poderá questionar, mas o que têm a ver as lutas históricas acima referidas com a pintura de um tracejado? Poderíamos dizer que nada, mas (existe sempre um mas) essa pintura serve para mostrar o descontentamento e uma certa impotência que se apoderou dos taipenses e de todos os que cruzam a vila das Taipas. As pessoas têm manifestado a sua insatisfação por algumas medidas implementadas na requalificação do centro cívico. A Câmara vai referindo que está presa ao projeto de arquitetura. Os problemas vão-se arrastando e, com alguma surpresa, a insatisfação deixou de ficar na roda dos cafés e foi para o terreno.

Os cidadãos talvez tenham começado a levar a cabo uma “conduta consciente, voluntária, pública e pacífica, desenvolvida por um conjunto de pessoas e que tem por objetivo exprimir um protesto traduzido no não acatamento de atos jurídicos das autoridades públicas que as mesmas pessoas têm por ilegítimos”, como surge na definição de “desobediência civil” no site do Diário da República”.

 

O destaque desta edição vai para o arranque do ano letivo e, mais concretamente, para a “nova primavera na demografia escolar” que vivem os jardins de infância e o 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas das Taipas que apresentam mais de 100 alunos face ao ano letivo transato.