25 de Abril, eleições livres, quando o povo aprendeu a votar nas Taipas
Precisamente para escolher em cada distrito eleitoral os que melhor serviriam para debater na Assembleia da República, os textos da lei principal do nosso país, a Constituição.
Desde logo os eleitos só podiam ser pessoas integrantes de Partidos Políticos, como ainda hoje é para a Assembleia Legislativa, e a Lei eleitoral publicada em 15/11/1974 proibia a Candidatura de certos serventuários do Regime Anterior (1926 a 1974).
A liberdade apenas tinha acontecido 1 ano antes, não impedindo em tão pouco tempo, de surgirem 14 forças partidárias, das quais 10 se candidataram ao nosso distrito de Braga, com o processo constituído e legalizados, com militantes de base, donde escolheram para as listas os seus melhores.
Estávamos em pleno PREC Período Revolucionário em Curso, e o povo ávido de liberdade, manifestava-se na rua, nos cafés, nas fábricas, nas oficinas, nas escolas, em qualquer sítio onde se encontrava.
Os muros e as paredes, e, até as estradas eram pintadas com as mais variadas frases políticas, e as lapelas de cada um serviam para propagandear os partidos políticos que saíam da clandestinidade como o PCP, o MDP/CE e o MRPP. O suporte mais barato veio a ser o Autocolante para dar a conhecer um partido político, que se colocavam também nos carros e nos cadernos escolares. O autocolante servia também para cada partido divulgar as suas iniciativas, comícios, congressos, seus ídolos, lutas sindicais, comissões de trabalhadores, cooperativas, bem como suas células e grupos de base.
No tempo de uma liberdade acabada de inaugurar, construir uma democracia era tarefa complexa. Era difícil o entendimento global sobre as bases em que ela se devia fundar, e, havendo muito a fazer e muita pressa e o Autocolante revelou um papel essencial.
Foram muitas as sessões de esclarecimento e os Comícios que os políticos levavam a cabo em todas as freguesias.
Para, a 25 de Abril de 1975 termos escolhidos os deputados à Assembleia Constituinte, que viriam a ter os seguinte Resultados eleitorais no Concelho de Guimarães, então ainda com Vizela, foram:
27.962: PS-Partido Socialista;
18.144: PPD-Partido Popular Democrático;
9.899: CDS- Partido do Centro Democrático Social;
2.914: MDP-Movimento Democrático Português / CDE;
2.555: PCP-Partido Comunista Português;
765: FSP-Frente Socialista Popular;
626: MES-Movimento de Esquerda Socialista;
494: FEC-Frente Eleitoral de Comunistas (Marxistas-Leninistas);
480: PPM-Partido Popular Monárquico;
656: PUP-Partido de Unidade Popular.
De realçar que é das listas de Braga que sai um dos mais distintos constitucionalistas portugueses, Jorge Miranda eleito pelo PPD, que viria a colaborar na lei fundamental de mais 4 países.
Também daqui saiu o destacadíssimo político de âmbito nacional do CDS, o Adelino Amaro da Costa. Da mesma forma integraram figuras muito importantes no panorama político nacional como Armando Bacelar do PS, Carlos Costa do PCP e o vimaranense Joaquim Santos Simões pelo MPD/CDE.
O processo revolucionário lá continuava, e foi perdendo força quando a 25 de Abril de 1976 elegíamos os nossos representantes agora já para a Assembleia Legislativa, para passados apenas 2 meses termos sufragado o 1º Presidente da República a 27 de Junho de 1976 eleito pelo voto popular, e, não demoraram sequer 6 meses fomos novamente às urnas, a 12 de Dezembro de 1976 para escolhermos os nossos representantes locais, para a Junta e Assembleia de Freguesia, para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal.
De realçar que os poderes da Junta de Freguesia ficaram os mesmos das Juntas Paroquiais do anterior regime, ou seja, confinam-se à gestão do cemitério e dos caminhos vicinais, além da emissão de Declarações e Atestados.
A Lei das Finanças Locais publicada no ano de 1976 beneficiou e muito a Gestão dos Municípios alocando-lhes recursos financeiros muito significativos, deixando as Juntas de Freguesia pior que ao que estavam antes.
ndr: artigo publicado originalmente na edição de junho do jornal Reflexo