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Um pouco de bairrismo não faz mal nenhum

Manuel Ribeiro
Opinião \ segunda-feira, setembro 17, 2018
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As terras, como as pessoas, têm de ter um projecto, têm de saber por onde vão, onde querem chegar. A Terra de Trajano Augusto – Caldas das Taipas – tem de perseguir uma ideia de centro urbano, um desígnio e, para isso, tem de assumir uma estratégia.

Sou radicalmente contra extremismos de qualquer espécie: políticos, culturais, desportivos, clubísticos, partidários, religiosos, raciais, étnicos. A diversidade, a heterogeneidade, a diferença deve ser um desígnio a cultivar, a transmitir aos mais jovens, a incentivar pois só assim se consegue a maior virtude que uma sociedade pode oferecer: a tolerância pelo outro diferente; só assim se pode constituir uma sociedade integrada na diferença e na multiculturalidade.

Apesar da defesa da tolerância enquanto valor fundamental da vida em sociedade, a existência de bairrismos, desde que não sejam contra ninguém ou contra lugares, na justa medida, não me ofendem a consciência, nem, creio sejam paradoxais.

As terras, como as pessoas, têm de ter um projecto, têm de saber por onde vão, onde querem chegar. A Terra de Trajano Augusto – Caldas das Taipas – tem de perseguir uma ideia de centro urbano, um desígnio e, para isso, tem de assumir uma estratégia.

Já sabemos, conhecimento que adquirimos em 30 anos de governação socialista: a Câmara não tem qualquer ideia para as Taipas.

A Câmara de Guimarães quer continuar a enganar o povo das Taipas com umas obras de fachada, engalanadas com inaugurações de tal modo propagandeadas que nada ficam a dever às velhas inaugurações do tempo de Salazar, tentadas perpetuar com placas ostentando escritos de duvidoso português.

Felizmente existe alguém que nasceu, cresceu e se impôs na vila e tem ideias, rumo e reinvindica estratégia para chegar lá onde o sonho quer. Estou a falar de alguém que constatou a passagem e a fixação dos romanos nas Taipas e reclama que esse tempo, pela sua valia cultural e de valorização para a terra, tem de ser explorado.

Os balneários termais romanos são uma realidade que ninguém contesta. Pena foi que a Câmara de Guimarães, também no século XIX, tenha construído os banhos velhos por cima de tão valiosos vestígios arqueológicos.

A investigação arqueológica, para aferir da extensão e ocupação que os romanos fizeram da localidade é um motivo sério, ponderoso, importante para ser deixado no livre arbítrio irreflectido da Câmara.

O facto de a ideia e proposta ter tido origem, como muitas outras de igual valia, no ilustre Taipense Carlos Marques, não deverá constituir óbice algum para ser afastada ou olvidada. Porque o município já nos habituou a realizar as propostas que não são suas e depois fazer uma adopção plena das mesmas obrigando a riscar os autores (pais) da ideia.

Quem quiser projectar o futuro de Caldas das Taipas tem de conhecer o seu passado e valorizá-lo, aproveitar, também os contributos dos taipenses.

E se objectivos de valor faltam, manifestamente, ao actual executivo e à Câmara de Guimarães para a sua vila mais urbana, aqui está um ponto de partida para que não digam que não há ideias de valor.

Os bairrismos têm isto: uma atenção mais cuidada do que vale e pode valer a nossa terra.