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Um polidesportivo quase inútil, fonte de vaidade

Manuel Ribeiro
Opinião \ quinta-feira, maio 10, 2018
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Uma despesa desta grandeza não pode ter uma utilidade residual; o custo da construção, e as despesas de vigilância, limpeza e conservação exigem que o Polidesportivo seja requalificado de modo a ter uma utilização polivalente e que esteja realmente ao serviço das associações desportivas das Taipas.

Há, na alma portuguesa, um inevitável desvio vertiginoso para a vaidade e para a grandeza. Seria esta uma das causas para a decadência portuguesa e para a diferença de desenvolvimento entre Portugal e a Europa sugerido por Antero de Quental que viu na riqueza trazida pelos descobrimentos a causa do atraso da agricultura e da manufactura (indústria), - do trabalho – e responsável por uma sociedade de ócio e de gasto supérfluo.

Os municípios portugueses comungam e espelham bem a alma portuguesa na sua vertente vaidosa e ostentatória. O exemplo concreto desta ideia é o facto de municípios vizinhos terem, cada um, construído o seu pavilhão multiusos porque o vizinho tinha, desconsiderando a utilidade efectiva da construção e a viabilidade económico financeira mínima exigivel.

O Polidesportivo das Taipas é uma construção esteticamente agradável. Passado quase um ano desde sua inauguração, já se poderá fazer um balanço provisório da justificação da sua construção do ponto de vista, que é o que interessa, da sua contribuição para o desporto e para as associações desportivas taipenses: serve de muito pouco e para poucos.

O piso em betão pintado, duríssimo, não é adequado para a maior parte das modalidades. Se continuar assim dificilmente pode conservar o nome de Polidesportivo. Por isso, receio, confirmando as reservas logo ditasi, que a sua utilidade é e será diminuta.

Uma despesa desta grandeza não pode ter uma utilidade residual; o custo da construção, e as despesas de vigilância, limpeza e conservação exigem que o Polidesportivo seja requalificado de modo a ter uma utilização polivalente e que esteja realmente ao serviço das associações desportivas das Taipas.

Não é o que tem acontecido.

As incursões esporádicas que cessaram do CC Taipas por lá, vieram aclarar a utilidade efectiva para o Futebol e para o Futsal daquele espaço e principalmente daquele piso: de evitar.

E é neste quadro de vaidade, porque o Polidesportivo é lindo e está nas Taipas, e de inutilidade comprovada, que podemos temer por atrasos nos investimentos que importam para a Vila com a desculpa de que já se gastou muito no Polidesportivo.
A vaidade pode comprometer o desenvolvimento.