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Um “Novo governo” com as práticas do costume

Amadeu Júnio
Opinião \ quinta-feira, abril 07, 2022
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Quando temos a oportunidade de iniciar uma nova fase política, eis que voltamos a cometer os erros do passado – apostar no compadrio político.

Passados exatamente 2 meses das eleições legislativas, o novo governo português tomou posse no passado dia 30 do mês de março.  Iniciou-se assim um novo ciclo político em Portugal. Ora se nos dois mandatos anteriores, o governo era suportado pelo apoio dos partidos de esquerda, este novo ciclo político será marcadamente diferente. A maioria socialista dá ao governo um maior conforto e estabilidade na governação do país, alterando, de forma significativa, a relação entre os diversos protagonistas da política portuguesa. No entanto, a responsabilidade do atual governo é agora maior, deixando de existir álibis sobre os acontecimentos negativos que marcam uma típica governação socialista. Há uma maioria clara que pode governar de acordo com as suas ideias e não tem desculpa se não o fizer.

Em relação à composição do executivo ficou patente que o governo é mais talhado para o combate político do que propriamente para combater os reais problemas da sociedade portuguesa. Quando analisámos mais concretamente os nomes, verificámos que a grande maioria dos elementos do executivo vêm da esfera do aparelho do estado ou do partido socialista, com uma vasta experiência na política. Muitos destes elementos começaram e continuam a fazer carreira no estado, não tendo qualquer tipo de experiência no setor privado.

 Uma outra nota a ter em conta é a falta de representatividade do país, continuando a ser dado foco excessivo à capital e deixando de lado as restantes áreas. A verdade é que este fenómeno já vem sendo debatido ao longo dos anos, mas nem assim é motivo de reparo para quem nos governa. É alarmante que em pleno 2022, continuemos a cometer erros do passado, desvalorizando a importância de os membros do governo conhecerem as reais necessidades das diferentes regiões do país. Portugal é muito mais que Lisboa!

No que se refere aos nomes que constituem o executivo, o nome de Fernando Medina é o mais surpreendente. Não questionando a suas competências técnicas e de trabalho, a sua credibilidade política foi posta em causa na Câmara de Lisboa. Para além da divulgação dos dados de ativistas russos, que resultou numa multa de mais de 1 milhão de euros, vieram ainda a público suspeitas de corrupção e abuso de poder relacionados com projetos e obras durante o seu mandato. Ora, após ter perdido a reeleição para Carlos Moedas, tem agora mais uma “prenda” dada por António Costa.  A nomeação de Ana Catarina Mendes, Duarte Cordeiro, Pedro Nuno Santos, Mariana Vieira da Silva e de José Luís Carneiro, todas elas figuras de peso do PS, só reforça o peso político do PS no aparelho do estado.

Desta forma, num período extramente importante para o desenvolvimento e progresso do nosso país, fruto das atuais circunstâncias, a aposta do primeiro-ministro é claramente no compadrio político, dando primazia ao combate político e à centralidade do país. Continuamos a cometer erros do passado e a marcar passo na evolução da qualidade de vida dos portugueses, sujeitando-nos a prosseguir na cauda da Europa.