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O que hoje é verdade, amanhã é mentira

Amadeu Júnio
Opinião \ quinta-feira, novembro 17, 2022
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Na última reunião de câmara, o executivo socialista rejeitou a proposta da Coligação Juntos por Guimarães sobre a gratuidade dos transportes públicos até aos 25 anos e a partir dos 65 anos

Uma verdadeira contradição, uma vez que estas propostas se encontravam no seu programa eleitoral das últimas eleições.

Na reunião de câmara do passado dia 10 de novembro, a Coligação Juntos por Guimarães apresentou uma proposta que contemplava a gratuidade dos transportes públicos para os jovens até aos 25 anos e para os maiores de 65 anos. Esta proposta advém de um conjunto de propostas da coligação para a ação social, para a mobilidade do concelho bem como para a sustentabilidade ambiental que se pretende implementar em Guimarães.

A proposta acabou por ser reprovada pela maioria socialista, indo contra a proposta deliberada pelo Conselho Municipal da Educação, que pedia transportes “integralmente gratuitos para todos os jovens em idade escolar a residir ou estudar em Guimarães, independentemente dos seus circuitos escolares e domésticos ou da sua relação direta com o circuito escolar”.

Entre muitos argumentos esmiuçados, é de realçar a justificativa do executivo não ser a favor de dar tudo a todos por igual, afirmando que o fator rendimento tem de se ter em conta, quando se aborda questões como esta. Desta forma, está em curso mais um novo estudo de mobilidade, que segundo o executivo, trará respostas mais concretas sobre a questão da mobilidade gratuita.

Ora, o título inicial “o que hoje é verdade, amanhã é mentira” assenta que nem uma luva nesta narrativa socialista. O programa eleitoral do partido socialista das eleições de 2021, nas mais de 60 páginas que o constituem, menciona por duas ocasiões a gratuidade dos transportes para os jovens e para a população mais idosa (ver páginas 21 e 58 do programa eleitoral), sem nunca referir o fator rendimento como justificativa para a atribuição ou não da gratuidade.

Inexplicavelmente, o executivo vimaranense mudou de opinião. Há sensivelmente um ano atrás, em tempo de campanha e muitas promessas, era a favor de gratuidade dos transportes. Hoje já não o é. Possivelmente depois do novo estudo, já modificará a sua resposta e assim poderá ser a seu belo prazer, ser produtor da proposta, levando consigo a bandeira da gratuidade dos transportes em Guimarães. Esta é que a verdadeira explicação para o chumbo da proposta da Coligação.

Vejamos agora um exemplo concreto das lacunas dos transportes “apelidados” gratuitos para os jovens estudantes até aos 18 anos. Um jovem estudante nas condições anteriormente mencionadas, tem transporte gratuito no circuito casa-escola-casa. Ao fim de semana caso se queira deslocar através de transporte público já não pode fazer uso dessa gratuidade, uma vez que não ser irá deslocar para o estabelecimento de ensino. A proposta da Coligação iria colmatar esta lacuna, assim como iria estender para todos os jovens, sem exceção, até aos 25 anos a gratuidade dos transportes.

A medida da gratuidade dos transportes nas faixas etárias apresentadas na proposta, tem como objetivo promover a igualdade, a mobilidade em transportes públicos e a pegada ecológica. O executivo vimaranense negligencia para já esses fatores, usando como escudo o novo estudo e esperando por uma janela de oportunidade para fazer uso dessas causas como causas primordiais da sua governação.