Um concelho atrasado, uma terra adiada
Não raras vezes, aparecem-me trabalhadores humildes munindo o papel minúsculo da liquidação do IMI desabafando que, afinal, compraram uma casa mas, com o encargo do empréstimo bancário e do IMI, a casa não é deles.
O IMI é um imposto sobre o património imobiliário, o que quer dizer um imposto sobre a riqueza imobiliária. Na perspectiva de muitos, com a sua razão, o IMI é uma verdadeira expropriação da propriedade privada que dá muito dinheiro aos municípios.
Este intróito é o mote para dizer que se os municípios recebem milhões de IMI, a Câmara de Guimarães mais de 20 milhões por ano e por isso tem obrigações rigorosas de proporcionar aos seus munícipes qualidade de vida, principalmente, urbana.
E tal obrigação é que não está a ser cumprida.
E é desesperante quando nos apercebemos que a vila e o concelho estão pejadas de cartazes de grande porte anunciando uma realidade virtual para, muitas tentarem justificar o injustificável. E o custo elevado desses cartazes é pago por si, contribuinte, que além de pagar a casa também paga o imposto, todos os anos, por ter comprado a casa
E a sua qualidade de vida padece. Pois, têm sido denunciadas situações de aparecimento de construções em que não cria um único lugar de estacionamento na via pública - o que significa mais transito, menos estacionamento, mais engarrafamento.
A vila de Caldas das Taipas “festeja” todas as Segundas Feiras a Segunda “Feira Negra”, tal é o engarrafamento de transito que se estende em todas as direcções, reflectindo na perfeição o que será a vila, todos os dias, quando a requalificação do centro impuser restrições de circulação pelo centro.
Uma Câmara que anuncia muito mais do que o que faz; uma Câmara que é perita em gerir expectativas a longo prazo; uma Câmara que usa a propaganda como forma de (des)informação, se constasse no seu horizonte, já sabemos que a muito longo prazo como é seu timbre, resolver o “caos” de transito na Vila das Taipas e o “caos” na ligação a Guimarães, já o tinha feito, em grandes parangonas e em cartazes de 18 m2, com o fito de gastar o que lhe sobra na diferença entre a receita de IMI e a obra realizada.
E o concelho atrasa-se apesar de os engarrafamentos de transito parecerem crescimento;
E, preocupante, é não ver a Câmara anunciar projectos, nem que sejam falhados como o do nó de Silvares, para tentar resolver os problemas de mobilidade, de comunicação e de ligação.
Um concelho que se atrasa e atrasará mais com projectos falhados, até ao dia em que os vimaranenses, os taipenses, vitimas urbanísticas e financeiras da propaganda da Câmara e da Junta de Freguesia digam que querem uma outra governação que tarda: transcrevendo uns versos do episódio da Formosissima Maria, dos Lusiadas de Camões, em que a filha diz ao Pai, rei de Portugal, salvo erro D. Afonso IV: “acude e corre pai, porque se não corres pode ser que não aches quem socorres”.
É hora de acudir ao concelho de Guimarães; é hora de acudir às Taipas; é hora de socorrer as Taipas com uma mudança de liderança.