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Solidariedade

Paula Oliveira
Opinião \ sexta-feira, abril 22, 2022
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Aqui, em Guimarães, há um ataque de solidariedade que se expressa todos os dias.

No momento em que estávamos, ainda, a tentar sair de uma crise humanitária como a pandemia da Covid-19 eis que nos deparamos com uma guerra, “um massacre sem sentido, onde estragos e atrocidades se repetem todos os dias”, como afirmou o Papa Francisco, na alusão que fez ao conflito que se verifica na Ucrânia.

Nas horas de grande aperto, como já é costume, a solidariedade da nossa comunidade vem ao de cima. Assim foi no período mais conturbado de pandemia. O Banco Local de Voluntariado atingiu, de um dia para o outro, centenas de inscrições. Não importa a quem, nem como, mas vamos ajudar. Damos a mão ao nosso vizinho e entregamos bens para chegar a quem mais precisa. Este é o espírito que posso testemunhar na Rede de Solidariedade que, desde a primeira hora, uniu esforços e vontades para responder, desde Guimarães, às necessidades das vítimas que gritam por apoio na zona de guerra.

A guerra dura há quase três meses, e a Câmara Municipal de Guimarães procedeu à formalização de uma Rede Solidária, envolvendo a Cruz Vermelha Portuguesa, Juntas de Freguesia, Lions Clube de Guimarães, Ordem dos Advogados, Arciprestado de Guimarães e Vizela, tecido empresarial e um grupo de cidadãos ucranianos a residir em Guimarães, para dar resposta a um plano de ação que começou pela campanha de angariação de bens. As Juntas de Freguesia foram parceiras estratégicas no processo de recolha, contando ainda com a colaboração dos voluntários do Banco Local de Voluntariado.

As primeiras viaturas com bens humanitários a favor das pessoas vulneráveis no conflito da Ucrânia, partiram no dia 8 de março para a Polónia e trouxeram o primeiro grupo de refugiados para serem acolhidos em Guimarães. Entretanto reunimos cerca de 60 toneladas de bens, estendendo a onda de solidariedade por todo o território, bens que foram transportados para a Polónia e para a Roménia por 3 camiões.

Em articulação com a CIM do Ave, no dia 11 de março, saiu um autocarro para o transporte de quase seis dezenas de pessoas, que estavam já referenciadas numa das zonas de conflito. Mais recentemente, juntou-se a esta Rede de Solidariedade um grupo de empresários Vimaranenses, que criaram o movimento “Guimarães for Peace”, com o intuito claro de ajudar o povo ucraniano.

À data, estão acolhidas em Guimarães 181 pessoas refugiadas do conflito armado na Ucrânia, das quais 92 mulheres, 16 homens e 73 crianças. Foram alojadas em centros de acolhimento preparados especificamente para este efeito, mediante disponibilização de alojamentos por parte de variadas instituições locais e de cidadãos, e também em casa de amigos ou familiares. Através da Bolsa Local de Alojamento, estão a ser agrupadas pelo Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes todas as disponibilidades de alojamento, e a serem avaliadas as especificidades de cada oferta. Estão já registadas na base de dados cerca de 170 ofertas de alojamento.

Num trabalho de intensa articulação com várias entidades, as pessoas que se refugiam em Guimarães são referenciadas e, ainda antes da chegada, têm garantido acesso ao alojamento, acesso a médico ou psicólogo. Há sempre um abraço e um sorriso de conforto.

A pensar nas pessoas, a Câmara Municipal de Guimarães está ainda em articulação com as entidades de saúde no que se refere aos procedimentos de rastreio à chegada; com os Agrupamentos de Escolas para integração das crianças e articulação com as Entidades Governamentais com intervenção na matéria. Todos os dias surgem muitas perguntas, para as quais tentamos encontrar respostas.

Aqui, em Guimarães, há um ataque de solidariedade que se expressa todos os dias.

É com esta solidariedade que também transformamos vidas, na expetativa de um dia melhor que ontem...