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Socialismo e desenvolvimento económico

Manuel Ribeiro
Opinião \ terça-feira, outubro 17, 2023
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Até ao ano 2000, Guimarães assumia a liderança na zona a norte da zona metropolitana do Porto, em empresas e empregos. Vinte anos depois do início do século, estamos atrás de Braga e de Famalicão.

Há quase 20 anos, o PSD colocou na discussão política concelhia o tema da responsabilidade do município pelo desenvolvimento económico e social do concelho. Era presidente da Câmara de Guimarães António Magalhães, que ainda “reinou” por mais dois mandatos e já emergia a competição entre concelhos no sentido de atrair empresas para os seus parques e zonas industriais.

António Magalhães, enquanto presidente da Câmara de Guimarães, afirmava que os municípios nada tinham a ver com desenvolvimento económico.

Por isso, não tomou qualquer iniciativa para atrair empresas e desenvolver o tecido industrial. Domingos Bragança continuou o legado negacionista.

Não compreenderam os tempos, a mudança e o devir, muito típico do Partido Socialista que governa à vista e para se manter no poder.

Um município que prossiga um tipo de política de desenvolvimento económico tem em vista fixar e aumentar os seus núcleos populacionais, aumentar o rendimento médio dos munícipes, crescer as zonas urbanas e afirmar-se como líder de uma região.

Até ao ano 2000, o concelho de Guimarães assumia a liderança na zona a norte da zona metropolitana do Porto, em empresas e empregos.

Vinte anos depois do início do século, estamos atrás de Braga e de Famalicão, com tendência para se acentuar a diferença contra Guimarães.

Braga ocupa o 21.º lugar do poder de compra per capita do país; Guimarães o 67.º.

O rendimento médio mensal de Braga é de € 1.145, 80; Famalicão: € 1.080,20; Guimarães, € 971,90.

Os vimaranenses são mais pobres que os bracarenses e famalicenses.

Para recuperarmos o atraso é necessário uma autentica política de desenvolvimento económico que o município pode encetar e prosseguir.

A questão que se impõe é saber o porquê, as causas do nosso atraso.

Desde logo a nossa deficiente rede viária, o que afasta as empresas. O PS nunca se preocupou por uma ligação à autoestrada que não fosse o nó de Silvares. O Nó das Taipas, que chegou a ser considerado, foi afastado pelo município quando quem deveria fazer as obras eram os concessionários. Um benefício aos concessionários que ainda hoje está por explicar.

Em Braga e Famalicão, o acesso à autoestrada é imediato. Em Guimarães, só agora, passados 20 anos, se fez a rotunda desnivelada para resolver um problema antigo.

A circulação dentro do concelho é uma desgraça completa. A ligação Taipas-Guimarães não precisa de apresentações; a ligação Guimarães-Moreira/Lordelo é outra desgraça. A ligação à parte poente do concelho esbarra por obras mal concebidas na rotunda de Silvares. A única ligação razoável é a que se liga à estrada de Fafe. Portanto, as ligações viárias dentro do concelho não cativam qualquer empresa que queira estar ligada ao mundo e o mundo ser o seu mercado.

E o que é preocupante é a falta de projectos credíveis – o projeto da via do AvePark não é credível – que ataque o problema a sério.

Outro problema identificado é a falta de terrenos que o município destine à construção industrial, terrenos com dimensões apropriadas para a implantação de grandes empresas.

Este problema de falta de terrenos com área adequada à instalação de grandes empresas é mais um tiro disparado pelo PS que mata as ambições concelhias de atrair investimento de empresas que produzem bens e serviços de valor acrescentado. Quem aprovou o PDM com esta deficiência, PS, tem de assumir o erro e a falta de visão estratégica.

Depois temos as taxas de construção mais caras que os vizinhos; a taxa da derrama mais alta; e um IMI – as construções industriais também pagam IMI – dissuasor.

A par disso tudo, não existe nos serviços da Câmara um departamento, um serviço especializado dotado de pessoas e organização para localizar, identificar, captar, orientar, propor, encaminhar, de modo a convencer as empresas que procurem locais para investir que Guimarães, o concelho, é uma opção de valor.

Num momento em que se avizinham tempos difíceis – impostos, taxas de juros, inflação e menor consumo –, é necessária uma intervenção do município no sentido de atenuar os danos e potenciar o carecido desenvolvimento económico para o concelho.

A intervenção do município exige medidas urgentes sob pena de não se encontrar quem se socorre.