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Sentir-se estúpido

Manuel Ribeiro
Opinião \ segunda-feira, novembro 28, 2022
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O povo usa a expressão “bater no ceguinho” para lhe dar suas significações: que se está a repetir a mesma coisa muitas vezes e que já não vale a pena porque não altera o resultado e só gera incómodo.

Apesar de ter presente essa expressão popular, não posso deixar de voltar ao assunto porque o que se está a ver ser feito na vila é mau demais para aceitar sem protesto e sem indignação.

Se a substituição, nos passeios centrais da vila, da calçada à portuguesa por paralelo de 3.ª qualidade já revolve as entranhas de quem não confunde obras com desenvolvimento, o que estão a fazer na parte central da vila é ainda mais revoltante.

À medida que as obras vão andando, dá para ver os atentados urbanísticos que arquitectos de “nomeada”, dizem ser da Universidade do Minho, invocando a reputação da universidade para tentar ocultar tanta falta de qualidade.

Então não era boa prática e ideia aproveitar os materiais já existentes e conferir-lhes outro uso no contexto da ideia projectada?

É recente, e veio a constatar-se que destruíram os muros em granito, dotados de “conversadeiras”, os bancos em granito, em toda extensão da Avenida da República e construíram, em substituição, muros de betão, para fazerem de suporte de terras que era uma das funções dos de granito destruídos.

Fomos endrominados por projecções elaboradas em computador por forma a mostrar-nos um projecto bonito. Até os transeuntes que inseriram lá no meio tinham bom aspecto.

Fomos embalados no tom das palavras “requalificação”, centro cívico, 5 milhões, 6 milhões, as obras mais caras de sempre efectuadas na Vila de Caldas das Taipas e, “mea culpa” também, esquecemo-nos de verificar, metro a metro, o que vão destruir, o que vão construir, que materiais, que cores, que utilidade, e por aí adiante…para, se assim fosse, como acho que deveria ser, protestar e recusar obras que substituem para pior o já edificado.

O Presidente da Junta farta-se de dizer que discutiu o projecto ao pormenor; pergunta-se: para isto que se vê?

Ah.. é do nosso povo; somos assim! Falam-nos que vai ficar melhor, mesmo que seja com o nosso dinheiro e que tenhamos a sensação de se está a gastar mal gasto, e nós vamos atrás, até porque é politicamente incorrecto estar contra as obras e o PS antecipa-se a dizer que o PSD é contra as obras e desenvolvimento das Taipas, mesmo que seja a defender o interesse público.

Cada vez estou mais convencido que uma grande fatia das vezes, o interesse público é obrigar os nossos representantes a estarem quietos para, pelo menos, não nos levaram por burros ou, pior, por estúpidos.

E é isto que eu sinto com as obras que se estão a fazer nas Taipas: sinto-me estúpido por ter sido enganado.

[ndr] Artigo originalmente publicado na edição de novembro do Jornal Reflexo.