Sem pressa quais obras de São Torcato
Diz o conhecimento popular que as obras do mosteiro de São Torcato se prolongaram por mais de um século para que o Santo, Torcato Felix, não fosse levado para a Sé de Braga, que teria sido um acordo feito entre o povo de São Torcato e o arcebispo de Braga.
Hoje nada disto parece ser verdade, mas assim me foi contada a história nos anos em que estudei na Escola básica batizada com o nome do Santo.
Também as obras em Guimarães parecem ser apadrinhadas pelo Santo, ou pelo menos a sua demora remete-nos para as centenárias obras.
Basta passar pelas Caldas das Taipas, por Aldão e Atães, assim foi em Pencelo, na Rua D. João I, na Rua Padre António Caldas e como ainda é em Serzedelo. Obras intermináveis, tempos inexplicáveis, transtornos aos munícipes, incalculáveis prejuízos para os comerciantes.
No caso das Caldas das Taipas, a “operação ao coração” da Vila, além de muito criticada pelos arranjos que parecem transtornar mais que ajudar na sua utilização, o prazo, o tal prazo de conclusão de obra, já há muito que foi ultrapassado e caminha a “passos largos” para os três anos. Lojas fechadas, comerciantes que ainda vão penando e sonhando com dias melhores, famílias que sofrem com as consequências destas obras.
Não digo que elas não devessem ser feitas, que não seja necessário, de vez em quando, renovar e reinventar os espaços da nossa cidade e vilas, mas esta lenta empreitada já ultrapassa o limite do razoável e, por este motivo, dizem alguns que a obra deve ser paga ao dia para justificar o lento desenvolver dos trabalhos ou até que as obras são todas adjudicadas às mesmas empresas e que, na impossibilidade de fazer tudo ao mesmo tempo, vão-se arrastando na conclusão.
E este não parece ser caso único, também a obra que decorreu em simultâneo na estrada que liga S. Lourenço de Selho a Pencelo e a rotunda que foi construída na ligação entre São Torcato e S. Lourenço de Selho teve o mesmo modus operandi, segundo os funcionários da empresa, ia-se fazendo de um lado e depois do outro.
Nós, o povo, nem sabemos no que acreditar, mas tudo parece muito estranho, muito difícil de perceber e aceitar, disso não tenho dúvidas.
Vem-me à memória a obra de acesso à Auto-Estrada no esperado “Nó de Silvares”, bandeira de campanha nas autárquicas de 2013 e 2017. Uma obra lenta e de grandes transtornos, que ficou pronta a inaugurar a um par de meses das autárquicas de 2021. E ainda a tinta não tinha secado e já se anunciava, com um grande “outdoor” na nova rotunda, que daquela obra nasceria outra para permitir um acesso direto a Silvares e com isso acabar com as ainda habituais filas que, com frequência, se estendem por mais de metade da via rápida.
Não sei se a via do Ave Park saíra ou não do papel, mas uma coisa podemos esperar. Anos de obras, transtornos às vidas dos munícipes e dos comerciantes e mais complicações numa já complicada N101.
Podem ter acabado as obras de São Torcato, mas, em Guimarães, teima-se em não deixar esquecer o motivo pelo qual elas ficaram famosas.